“E não separe o Homem…”
Fazendo “zapping” pela TV, deparei-me com o programa da manhã da TVI. Debatia-se o problema da violência doméstica e, a certa altura, o psicólogo Quintino Aires aponta, sem apelo nem agravo, o dedo à Igreja Católica, acusando-a de ser fortemente responsável por muitos dos casos de violência doméstica. Apontou um exemplo concreto de uma senhora: Tendo-se divorciado do marido, devido a frequentes maus-tratos, mas não perdendo de vista a sua formação católica, foi confessar tamanho “pecado”. Quando o padre confessor lhe fez a pergunta sacramental acerca do arrependimento, a confessanda declarou, naturalmente, que não estava arrependida. Facto que lhe valeu não não só não ter sido absolvida como, também, o afastamento da igreja.
Recordo-me de ter visto e ouvido, também na TV e há tempos, o testemunho de uma outra senhora que, sendo alvo das sucessivas agressões do companheiro, se foi aconselhar com o padre. Este, como sapiente conselho, recomendou-lhe “humildade” para com o companheiro. Provavelmente, não lhe chegou a língua para dizer “humilhação”. Ou não sabe a diferença (que é muita) entre as duas palavras.
O Dr. Quintino Aires foi, apesar de tudo, bastante meigo para com a Igreja Católica. Porque a chantagem começa logo no acto do casamento. Quando o padre os declara marido e mulher (nunca mulher e marido…) trata logo de acrescentar: “E não separe o Homem aquilo que Deus uniu”. Não se pode ser mais fraudulento! Para “unir”, é Deus; para “separar”, é o Homem. Deus manipulado à vontade e conveniência da Igreja. Aliás, o que se pode esperar de um deus inventado? E o que pergunto, é: o deus que “uniu” já não pode separar? Porquê? Não tem poder para isso? Ou não quer? Ou é a ICAR que não quer? O cônjuge violentado terá de sofrer “até que a morte os separe”? Porque é assim a vontade de Deus? Ou é assim a vontade da Igreja Católica?
Em simultâneo no À Moda do Porto