O terrorista de Oslo (1)
Na segunda parte do livro, Breivik mostra-se um adepto da tese da «Eurábia», segundo a qual existe um plano para islamizar a Europa através da imigração, de taxas de natalidade elevadas e da pressão política. Cita abundantemente blogues como o Brussels Journal, o Jihad Watch e o Gates of Vienna, em particular o bloguista Fjordman e Bat Ye´or, a grande popularizadora dos conceitos de «Eurábia» e «dimitude» (a submissão voluntária ao Islão). Em 2006, escrevi sobre esta corrente de pensamento no Diário Ateísta e no Esquerda Republicana. À época, afirmei que «atribuir à Al-Qaeda capacidade militar para conquistar a Europa, ou olhar para os imigrantes muçulmanos como a vanguarda de uma invasão programada, ou falar da Europa como um protectorado islâmico, são delírios paranóides que relevam de preconceitos racistas, da angústia demográfica, de entusiasmo deslocado pelas aventuras militares dos EUA e de Israel, ou da obsessão identitária com a “civilização ocidental e cristã”». E acrescentei que «nos anos 20 e 30 do século passado, a extrema direita afirmou-se na Europa, manipulando [o] anti-semitismo (…) hoje, o mesmo sector político tem interesse em conjugar os sentimentos islamófobos, o apoio a guerras de conquista e o apelo identitário-conservador cristão».
A corrente de pensamento «civilizacionista» em que Anders Breivik se insere é também a de Melanie Phillips ou Bruce Bawer. Politicamente, Geert Wilders ou a English Defence League. Referências explicitadas por Anders Breivik no seu livro, embora lhes critique o «pacifismo». A passagem à violência não é óbvia. Aliás, Breivik distancia-se do nazismo e afirma-se «anti-jihadista», «anti-marxista» e até, a dado ponto, «anti-fascista». Prefere os «nacional-conservadores» alemães ao nazismo.
Na terceira parte do livro, Breivik anuncia que pertence, desde 2002, a uma organização de novos «Cruzados» (!), simultaneamente ordem militar e tribunal: os Cavaleiros Templários Justiceiros (!!). Ele próprio será apenas uma «célula» desta organização de «Resistência Europeia», liderada por um criminoso de guerra sérvio refugiado na Libéria (!!!).
(continua)