Loading

Mês: Junho 2011

24 de Junho, 2011 Abraão Loureiro

Porque Deus nos Abandonou

Agora entendo o motivo do abandono, é que ele anda ocupado a fazer outro mundo novo porque este já deu o que tinha a dar. Chegou à conclusão de que o que fez aqui no planeta Terra não foi bem feito e agora, com a experiência adquirida, está a fazer a nova obra com as respectivas correções. Ora vejamos:

A 750 anos-luz da Terra está a nascer uma estrela que dispara milhares de litros de água por segundo para o espaço. Envolta em gases e pó, a proto-estrela, que não tem mais do que cem mil anos, encontra-se na constelação Perseus e é da mesma classe do nosso Sol, o que sugere que este tenha tido um comportamento parecido durante a sua formação.

Continue lendo aqui

22 de Junho, 2011 Ludwig Krippahl

Interrogar-se.

Parece que a história do rabino, o advogado e o cão (1), afinal, é treta (2). O que até vem a calhar. O Alfredo Dinis disse que «gostava de ver o espírito crítico dos não crentes aplicar-se também às suas próprias ideias»(1). Aqui tem. Julguei que fosse verdade – estava na BBC e tudo (3) – mas não era. Enganei-me, e admito-o. Mas quando o Alfredo diz que «Na Igreja Católica não se considera uma virtude que alguém tenha fé sem que se interrogue sobre aquilo em que acredita», está a falar de um “interrogar-se” muito desenxabido. Porque só vale a pena interrogarmo-nos acerca da verdade de qualquer alegação se estivermos dispostos a mudar de ideias quando as evidências a revelam infundada. Caso contrário, é só interrogação a fingir. E isso, tanto quanto sei, é tradição da Igreja Católica desencorajar.

A interrogação também só vale pelas perguntas que fizermos. Por exemplo, se um rabino disser que o cão tem a alma do advogado, importa perguntar “como raio sabe ele?” Quem deixar escapar essa pergunta de pouco lhe servirá perguntar se é sincero, se falou alto ou se outros acreditaram no que ele disse. E se disse ou não disse nem sequer é o mais fundamental. Temos relatos segundo os quais Maomé disse ter falado com Alá e os apóstolos alegaram ter conhecido o criador do universo encarnado em Jesus. Talvez estes relatos sejam verídicos e essas pessoas tenham mesmo afirmado o que lhes atribuem. Ou talvez sejam tão treta como a história do rabino e do cão. Mas, se tivermos o pensamento crítico que o Alfredo pede, vemos que não faz muita diferença. Porque mesmo que tenham dito tais coisas não tinham forma de saber se era verdade ou não. Como é que Maomé sabia que era Allah que lhe falava? Como é que os apóstolos determinaram que o filho do carpinteiro tinha mesmo criado o universo? Ninguém que pense criticamente pode aceitar o testemunho – e muito menos a autoridade – de alguém que não tem como saber se o que diz é verdade.

Finalmente, o Alfredo disse também que «Infalibilidade por infalibilidade prefiro a do Papa à de Dawkins, Hitchens, Harris… » Pois eu prefiro nenhuma. Acreditar numa autoridade infalível não é compatível com a interrogação ou com o pensamento crítico. Se admito que posso errar, e de pouco vale interrogar-me se descartar essa possibilidade, tenho de admitir que posso errar quando julgo alguém infalível. E se posso estar enganado acerca disto não posso considerar infalível o que essa autoridade me disser. Afinal, podemos estar ambos enganados. Portanto, para o Alfredo Dinis poder considerar o Papa infalível é preciso que o Alfredo Dinis se considere também ele próprio infalível, pelo menos nisto. Este é outro caminho por onde a fé o leva mas por onde eu não o consigo acompanhar.

1- Treta da semana: justiça divina.
2- Harry’s Place, The Dog That Didn’t Die
3- BBC, Jerusalem rabbis ‘condemn dog to death by stoning’

Em simultâneo no Que Treta!

22 de Junho, 2011 João Vasco Gama

Razões para não acreditar

Alguns deístas apresentam Deus como uma abstracção infalsificável.
No que diz respeito a tal abstracção, tenho boas razões para nela não acreditar, com esta exposta por Bertrand Russel:

«Da minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um pote de chá de porcelana girando em torno do Sol numa órbita elíptica, e ninguém seria capaz de refutar minha asserção, sendo que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos.
Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com toda a razão pensariam que estou a dizer tolices.
»

Não obstante, no que diz respeito a várias religiões teístas, em particular o cristianismo, tenho razões muito mais fortes não acreditar nas alegações feitas – a sua própria inconsistência interna, a incoerência entre as várias alegações associadas a cada uma destas religiões.

O video que se segue explica de forma muito clara e competente algumas das principais.
Tive muito prazer em vê-lo e quero por isso partilha-lo com todos:

Texto também publicado no Esquerda Republicana.

19 de Junho, 2011 Ludwig Krippahl

Treta da semana: justiça divina.

Há 20 anos, em Israel, um advogado descrente insultou um tribunal rabínico. Como castigo, foi amaldiçoado para que o seu espírito reencarnasse num cão. Há umas semanas, um cão entrou num tribunal na zona ultra-ortodoxa de Mea Shearim, em Jerusalém. Assustou algumas pessoas e não queria sair, pelo que um dos juízes, rabino, concluiu que seria a reencarnação do tal advogado. Só podia. Então sentenciou o cão a ser apedrejado até à morte, exortando as crianças do bairro a executar a sentença. Mas, ao que parece, o cão conseguiu fugir (1).

Além da demonstrar a ineficácia da justiça divina, este episódio mostra também, de forma sucinta, três aspectos preocupantes da religião. O primeiro é esta atitude de tomar como certa uma especulação infundada. Este rabino não tem forma nenhuma de saber se o cão tem mesmo a alma daquele advogado. Não consegue distinguir esta hipótese de alternativas como ter a alma de outro advogado, de um vendedor de gelados, de cão ou nem sequer ter alma alguma. O segundo é esta fé em hipóteses infundadas justificar actos cruéis, injustos, imorais ou simplesmente estúpidos. Uma vez estabelecido, pela “razão” da fé, que o cão tinha a alma do tal advogado, então toca a apedrejar o animal. Finalmente, infectar as crianças antes que ganhem resistência contra estas parvoíces.

A defesa costumeira é que estes exemplos são extremos, anormais, e que a Religião Verdadeira™ não comete tais erros. É falso. Milhares de milhões de religiosos vivem convencidos de coisas destas. Almas, reencarnação, a inspiração divina de profetas e líderes religiosos ou até o número exacto de pessoas que coexistem na mesma substância do criador do universo. Tudo isto é tão infundado como o diagnóstico do rabino. Milhares de milhões de religiosos usam as suas fezadas para justificar comportamentos imorais, tais como impedir o uso de profilácticos que podem salvar milhões de vidas, discriminar as mulheres, ingerir-se na vida íntima dos outros ou reprimir, por vezes com violência, opiniões divergentes das suas. E todas as religiões se esforçam por impingir aos filhos os disparates dos pais.

A fé de cada um é consigo, mas as religiões são um mal a evitar. A falsa autoridade de quem se diz perito em coisas que ninguém pode saber é, logo à partida, desonesta. O rabino não sabe que o cão tem a alma do advogado, o padre não sabe que a contracepção é pecado e o teólogo não sabe que o seu deus criou o universo. Todos estes mentem ao dizer que sabem quando apenas especulam. E esta aldrabice serve, inevitavelmente, para obter poder e privilégios à custa dos outros.

O problema não é a crença em deuses mas sim nas tretas de quem diz saber como eles são.

1- BBC, Jerusalem rabbis ‘condemn dog to death by stoning’, e Ynet news, Dog sentenced to death by stoning

Em simultâneo no Que Treta!

18 de Junho, 2011 Abraão Loureiro

Colégio das Onze Mil Virgens

Onze Mil Virgens aqui? Catolicismo venceu o Islamismo.
Colégio das Onze Mil Virgens ou de Jesus – Estabelecido em 1542 pela Companhia de Jesus (frades Jesuítas). Foi o primeiro Colégio Jesuíta em todo o Mundo e o maior de Coimbra. A sua igreja passou à categoria de Sé Catedral (Sé Nova) de Coimbra em 1772, e o seu edifício, com a reforma pombalina da Universidade, foi adaptado entre 1773 e 1775 para albergar o Museu de História Natural (Museu Zoológico), que lá se mantém ainda hoje.

Se aos custos actuais uma obra destas custaria uma alta fortuna, imagine-se no século XV.
Afinal os frades até que viviam muito bem neste resort religioso.

(Imagem e informação extraída do álbum de fotos antigas de Bea Contente online)