Grande Cisma do Ocidente, Cisma Papal ou Grande Cisma – II
Parte II
CISMA
ENTRE OS PAPAS DE ROMA E DE AVINHÃO
DE 1378 A 1418
Os concílios passaram a sobrepor-se aos papas.
O Cisma é resolvido com o Concílio de Constança, só em 1418.
Quando morreu Gregório XI eclodiram tumultos em Roma, por temor de nova eleição de um papa estrangeiro. Exigiram um papa romano ou, pelo menos italiano. A Itália estava em grande desordem e descontente por a maioria dos cardeais serem franceses ou seus aliados. Exigiam um papa italiano, como antes era tradição.
Quando morreu o papa, o conclave dos cardeais reuniu-se de imediato, para impedir a vinda dos cardeais que permaneciam em Avinhão.
Os magistrados da cidade, para tornar possível a reunião, ameaçaram os habitantes que praticavam a violência, expulsaram da cidade os nobres influentes e reforçaram a guarnição da cidade. Mas avisaram os cardeais que tinham de eleger um papa italiano, romano de preferência.
O povo ameaçava violentamente os cardeais quando se dirigiam ao conclave. Os amotinados tocavam os sinos da cidade (mesmo os do Vaticano) a apelar à revolta e atacavam o conclave tentando atravessar o tecto da sala da reunião com lanças e ameaçando queimar o edifício.
Como não existia um cardeal italiano elegível, os cardeais decidiram escolher rapidamente Bartolomeu Prignano, um funcionário experiente do papado, que não pertencia ao Sacro Colégio e imediatamente o cardeal Orsini (família patrícia romana de origem etrusca) foi à janela anunciar a escolha.
Quando viram o cardeal na janela a multidão aumentou o barulho de tal modo que todos julgaram ter ouvido “Ide à basílica de São Pedro!”
Todos pensaram que o cardeal de São Pedro tinha sido eleito, um italiano muito velho e doente. Um prelado francês, ao perceber-se do engano, gritou: “Bari! Bari!”.
Os romanos perceberam erradamente que o escolhido era o cardeal francês limusino Jean Bar, ficaram furiosos e invadiram o Vaticano.
Os cardeais, com medo de morrerem, sentaram o cardeal de S. Pedro no trono e vestiram-no de papa.
O velho era inválido, estava muito cansado, aterrorizado e exaltado. Cercado pela multidão, amaldiçoava todos os que se ajoelhavam para receber a sua bênção.
Levou tempo até que o povo se apercebesse que tinha sido enganado.
Foi depois eleito Bartolomeu Prignano, arcebispo de Bari, por ser napolitano, para equilibrar o peso dos cardeais franceses regressados de Avinhão e os desejos dos romanos de terem um papa romano. Reinou de 1378 a 1389,
Prignano foi muito maltratado pelos cardeais e esperou muito para ser empossado.
Na festa de coroação insultou e quis agredir um cardeal francês. Tentaram destitui-lo.
Adoptou o nome de Urbano VI.
Era prepotente, violento, de palavras grosseiras. Bêbado com mau génio. Comportou-se de forma muito autoritária. Atacou com violência os cardeais, acusando-os de avidez, de serem muito ricos e de costumes duvidosos.
Reprimiu violentamente os cardeais que o tinham elegido.
Os cardeais franceses, um número considerável da alta hierarquia católica, fugiram para Agnani, a pretexto do calor, por serem odiados pelo novo papa, destituíram Urbano VI e elegeram um novo papa, novamente francês, Clemente VII, um cruel militar, em Fond, perto de Nápoles, com o apoio tácito dos cardeais italianos. Tentou impor-se em Itália, mas não o conseguiu. Refugiou-se em Avinhão.
Urbano não se deu por vencido e convocou um novo Sacro Colégio só com cardeais italianos, a maioria nomeada por ele à pressa.
Passaram a existir dois colégios, o Cisma estava consumado. Roma reelegeu o papa Urbano VI, de origem italiana.
Desencadeou-se uma guerra com tropas, de 1378 a 1393, para eliminação física de um dos papas, que mais parecia as cruzadas.
Os países poderosos do norte da Europa apoiaram Urbano VI,
Inglaterra, os estados italianos, Flandres países nórdicos e principados alemães, juntamente com o imperador da Alemanha, Portugal, Hungria obedeciam ao de Roma. Portugal tomou partido por Urbano em 1385. Aragão e Navarra em 1390.
Clemente VII, papa de Avinhão, era apoiado pela França, Escócia, Castela, Navarra e parte dos principados alemães, Polónia, Sabóia, Hungria, os Estados Italianos dividiram-se. O seu sul era mais de Clemente. Como o reino de Nápoles também os outros estados italianos tiveram uma política oscilante. Castela apoiou-o em 1381.
A divisão vivia muito da rivalidade entre a Inglaterra e a França.
Clemente foi interceptado à saída de Roma e o seu exército destruído pelos italianos, a primeira vez que o conseguiram em muitos anos. Os italianos afirmavam ter libertado a Itália de bárbaros. Clemente fugiu para Avinhão com os seus cardeais.
A guerra não teve vencedor.
A França pagou a Avinhão as despesas da guerra e o mesmo fizeram os Estados Pontificais a Roma.
Urbano VI morreu depois de ter nomeado os novos cardeais que elegeram o novo papa Bonifácio IX
Consumou-se o grande Grande Cisma, em que o papa residia em Roma e o chamado antipapa em Avinhão, reclamando ambos para si o poder sobre a Igreja Católica.
Estabeleceu-se grande confusão com ambos os papas a nomearem o clero, a excomungarem os opositores, mesmo nos estados aderentes ao papa contrário. Não estava previsto esta situação nos regulamentos do papado, por isso ambos os papas tinham legitimidade.
Clemente VII, papa em Avinhão de 1378 a 1394. Era muito dado a prazeres carnais. Escolhia favoritas e amantes entre os parentes. Rodeava-se de pajens com casacos que tornavam visíveis as nádegas, apesar de, na altura, se usarem pelo joelho.
Legitimou três filhos bastardos do rei da Escócia para puderam fazer carreira dentro da igreja.
Em 1379 12 3 o reino de Portugal emite a declaração de neutralidade oficial perante o Grande Cisma do Ocidente.
Em 1378 12 18 o cardeal Pedro de Luna é nomeado Núncio de Clemente VII, papa de Avinhão, junto dos quatro reinos da Península.
O rei Fernando de Portugal adere em 1380 1 solene e oficialmente a Clemente VII, papa de Avinhão.
Clemente VII, papa de Avinhão, exerce efectiva autoridade sobre o reino de Portugal a partir de 1380 4 15.
O rei Fernando manda a Avinhão em 1380 3 uma embaixada, presidida por Martinho, prelado de Lisboa, para levar ao papa Clemente VII e declaração de obediência do reino.
Em 1385, o papa Urbano mandou torturar e executar até à morte cinco cardeais que acusou de conspiração, tendo assistido aos acontecimentos totalmente bêbado e a cambalear.
Portugal estava em guerra com Castela e simpatizava mais com Roma.
Em Lisboa permaneceram dois bispos, um de Avinhão e outro de Roma.
O primeiro foi assassinado em 1385 pelo arremesso do seu corpo de uma das torres da Sé de Lisboa.
O papa de Avinhão nomeia em 1387 12 18 o cardeal Pedro da Luna seu núncio nos quatro reinos da Península.
Papa Bonifácio IX de Roma de 1389 a 1404. Assassino. Vivia em Roma com a mulher do irmão como concubina. Para eliminar o escândalo foi nomeado cardeal e enviado como núncio para Bolonha, onde teve relações com centenas de mulheres, incluindo freiras.
Como papa praticava a simonia para encher os cofres. Cobrava indulgências pela canonização de santos e autenticação de relíquias, como o prepúcio de Cristo de que muito se falou na época.
Vendeu cargos papais pela melhor oferta.
Excomungou o seu rival Clemente VII.
Posteriormente surgiu outro antipapa em Pisa.
Na mesma época os turcos avançavam na conquista da Europa. Em 1389 submeteram a Sérvia, na batalha do Kosovo, e em 1396 conquistaram a Bulgária, sem qualquer reacção dos cristãos
Bento XIII de Avinhão, de 1394 a 1417. Foi papa com mais outros dois papas de Roma.
Permitiu casamentos com bebés e outras facilidades para as classes altas, o que lhe deu maior influência política.
A França, Carlos VI, enviou a Avinhão em 1395, ao papa Bento XIII, 3 parentes do rei para tentar acabar com o cisma. Enviou uma delegação da Universidade de Paris, mas fracassou.
O clero francês decidiu voltar a não obedecer ao papa de Avinhão em 1398, por instigação do rei.
O clero francês volta a oferecer obediência ao papa de Avinhão em 1403, por este fazer resistência ao rei e este impor uma tutela mais severa.
Depois, não aceitou e decisão do Concílio de Constança e foi destituído à força.