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A Europa durante muito tempo considerou que estava de fora, ou à margem, da “onda terrorista” actual. Digo actual porque a Europa desde há muitos anos que lida com actos de violência, seja de natureza étnica ou separatistas [País Basco] ou étnico-religiosos [Irlanda do Norte, ex-Jugoslávia, etc.].
Como denominador comum para a maioria destas graves convulsões político-sociais que afectam profundamente a segurança dos cidadãos está: o nacionalismo. O ideário nacionalista cresce à sombra do desaparecimento de modelos imperiais, sejam universais, majestáticos ou regionais.
Há dois mil anos um afável judeu, filho de relações pouco claras entre a mulher de um carpinteiro e uma pomba vadia, dedicou-se à pregação e aos milagres, ramos em voga onde poucos atingiam o estrelato.
Na Galileia e à beira do lago Tiberíades, Jesus e os ajudantes, que o marketing designou por apóstolos, faziam milagres para a assistência. Jesus curava leprosos, estropiados e cegos, fazia da água vinho e multiplicava peixes através de um truque que evitava a clonagem. Terminou a carreira no ramo da ressurreição com o cadáver de Lázaro, que fedia. Estava no apogeu quando o mataram uns romanos selvagens mas foi posto a correr um boato que o deu ressuscitado e em viagem para o Paraíso, primeiro sem o santo Prepúcio, de que apareceriam três, e, depois, declarados falsos porque para o Céu não se vai sem tudo no sítio.
Do apego aos milagres ficou o hábito para os seguidores da seita mas nunca mais houve milagres em directo nem com tanta projecção mediática. Nunca mais as redes vazias dos pescadores se encheram de peixes a um gesto do milagreiro nem os espíritos malignos foram exorcizados através de uma manada de porcos que se afogou no Mar Morto.
Os milagres que, nos dois últimos pontificados, entraram na fase industrial, são todos na área da medicina e, mesmo aí, não há conhecimento de uma prótese ter sido substituída por um membro verdadeiro nem do euromilhões sair por obra de uma novena.
Na roleta dos milagres obrados, calhou agora a vez a uma religiosa lisboeta Mãe Clara, que viveu no século XIX e vai ser beatificada no próximo ano. A bem-aventurada tinha prestígio de santa mas nunca tinha obrado um milagre.
Eis o prodígio que obrou a Irmã Maria Clara do Menino Jesus, milagre que Bento XVI já reconheceu, com a infalibilidade que é apanágio pontifício desde pio IX:
«O milagre atribuído a Mãe Clara, como é conhecida, ocorreu em Baiona, Espanha, em 1998, quando Giorgina Troncoso Monteagudo foi ao seu túmulo pedir a cura de uma doença cutânea que a fez andar “34 anos com o braço preso ao peito” e obrigou a várias cirurgias. A cura terá acontecido a 12 de Novembro de 2003».
Quem sabe se a D. Giorgina não teria evitado 34 anos de sofrimento se tivesse ido mais cedo ao cemitério? Os ateus roem-se de inveja por não saberem diagnosticar um milagre nem descobrirem as campas que obram prodígios.
O deus do papa é muito misericordioso e não ia deixar mal colocada a Irmã Maria Clara que também acreditava no deus do papa e dos cardeais que confirmaram o milagre.
O Vaticano advertiu neste sábado contra a credibilidade das informações reveladas pelo site WikiLeaks, após o jornal inglês The Guardian publicar um documento diplomático americano questionando sua atitude em casos de pedofilia.
Segundo esta nota da embaixada americana em Roma, o Vaticano teria se recusado a cooperar em uma investigação irlandesa sobre abusos sexuais de crianças cometidos por membros do clero em Dublin, alegando que o pedido irlandês não respeitou o procedimento oficial.
EUA vêem o Vaticano como um poder fechado, provinciano e antiquado.
As mensagens diplomáticas revelam as críticas da embaixada pelos “fracassos de comunicação” e ataques ao secretario de Estado, Bertone e ao porta-voz do Papa.
Embrenhar-se nas várias centenas de mensagens enviadas à Wikileaks, oriundas da Embaixada dos EUA junto da Santa Sé, equivale a assistir ao fascinante encontro cara a cara entre dois impérios.
O choque cultural entre um país presidencialista, moderno, democrático, expansivo e republicano, e um sistema de poder monárquico, milenário, anquilosado e hermético, não impede a América de compreender a importância de ter o Vaticano como aliado.
Fonte: El País
Há quem suporte a missa semanal, até a diária, sabendo que o espectáculo se repete e só mudam as rendas dos vestidinhos eclesiásticos e a cor dos enfeites, conforme a época e o cânone litúrgico. Até os cenários se mantêm, excepto quando alguma mosca poisa onde não deve ou uma aranha tece a teia num espaço longe da fé e dos crentes.
Para um ateu é como assistir ao mesmo filme todos os dias, com o desconsolo de saber o enredo de cor e não poder dizer piadas. Os crentes da vida eterna vêem no sacrifício a apólice que lhes garante o espaço onde julgam que há virgens lúbricas à espera de bem-aventurados para orgias loucas e rios de mel sem medo da diabetes da alma, deus a dizer piadas ao filho e anjos a tocar harpa no baile das almas sem corpo.
Os santos andam ali em perpétua pasmaceira, privados de canastro e de entendimento, sem saberem que fizeram milagres depois da ida para o Paraíso. Os anjos voam em bandos enquanto os da primeira hierarquia jogam aos dados com o Espírito Santo.
No Paraíso dos judeus Jeová canta em aramaico para os que deixaram as trancinhas e o resto a apodrecer debaixo do cipreste, enquanto Maomé aluga camelos para o oásis das virgens com a recomendação aos ex-suicidas de seguirem o leito do rio de mel doce.
No Paraíso cristão onde Jesus, o que fazia milagres à beira do Lago Tiberíades e passou o Mar Morto a pé antes de ter furados os pés, o único deus verdadeiro fica à direita de quem vem do Purgatório e à esquerda dos que saem do Inferno, canonizados depois de uma excomunhão.
O que não entendo é esta sedução dos crentes pelo Diário Ateísta. Aqui não encontram quem os siga nas novenas, quem viaje de joelhos ou se ponha de rastos perante o deus que lhes venderam na pia baptismal.
Não nos encontraremos no vale de Josafá onde é exíguo o espaço para os que acreditam na ressurreição da carne, na vida eterna e no julgamento de um deus que, se existisse, estaria a contas com a justiça pelas asneiras que dizem que disse e pelas crueldades que são atribuídas ao seu divino mau feitio.
Quando o ciclo biológico se tiver cumprido só nos distingue a água benta com que os créus se borrifam e os óleos com que se besuntam enquanto os ateus partem mais asseados.
Diretora de ONG diz que Sakineh esteve em liberdade e foi presa novamente no Irã
BERLIM – Após a Press TV do Irão desmentir a informação de que Sakineh Mohammadi Ashtiani foi solta , a directora da ONG alemã que divulgou a notícia disse nesta sexta-feira que a iraniana passou três dias em liberdade e voltou para a prisão.
Segundo Mina Ahadi, do Comité Internacional Contra a Pena de Morte e o Apedrejamento, há uma disputa interna no governo iraniano sobre o caso da mulher que fez o país se tornar alvo de pressão internacional.
Ninguém acreditará que os órgãos de comunicação social ou as missas onde os padres juram a virgindade de Maria e a inviolabilidade dos Papas, que não são tão invioláveis como dizem, deixariam os ateus exercer o contraditório, ao contrário do que acontece no Diário Ateísta?
Eu seria incapaz de ir à missa para chamar burro ao padre, demente à catequista, senil ao Papa e aldrabões aos fiéis que rezam pela conversão do mundo, esfolam os joelhos e se persignam. Mas todos esses epítetos são usados contra mim por crentes a quem nunca maltratei e a quem nunca atingi a honra das suas excelsas mãezinhas, no DA.
Se não gostam do DA e do que aqui se escreve por que motivo vêm cumprir penitências inúteis e tentar conversões improváveis a um sítio onde deus não passa, onde a virgem o não é, nem santíssima, e o Papa não passa de gerente da multinacional da fé católica?
Os mais crédulos devotos crêem no processo alquímico que altera propriedades físicas a rodelas de pão ázimo, transformando-as em corpo e sangue que as análises laboratoriais não confirmam, no valor da castidade e na omnipotência de um deus que não faz prova de vida nem é capaz de dar educação cívica aos devotos. Que tropismo os impele para este espaço onde deus merece menos consideração do que qualquer pessoa, onde a virgem, sem diagnóstico diferencial, não passa de mulher vulgar que terá dado à luz o fundador da seita?
Podem ir rezar aos santos, alguns pouco recomendáveis, viajar de joelhos até Fátima, banharem-se em água benta e lerem os livros sagrados, para deixarem de acreditar no carácter divino dos versículos que alimentam os parasitas da fé.
Se persistirem no masoquismo de aqui voltarem, ao silêncio do vosso deus juntarei o meu, à irrelevância dos santos, anjos, bispos, profetas e anacoretas objectarei com as dúvidas de um ateu mantendo a educação que os talibãs não conseguem.
Quanto a deus, que goze a sua divina irrelevância e as merecidas férias de quem nunca fez o que quer que fosse nem sequer teve existência.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.