O servo de Deus monsenhor Escrivá de Balaguer, depois de percorrer os degraus de Venerável e Beato chegou a Santo em 6 de Outubro graças a dois milagres aprovados – o primeiro no campo da oncologia e o segundo do foro da dermatologia.
O apoio ao ditador Franco e a obsessão por dinheiro, poder e honrarias podem ter arredado o taumaturgo da bem-aventurança eterna mas não lhe tolheram a canonização.
O virtuoso bispo do Funchal, D. Teodoro de Faria e o impoluto ministro de Estado e da Defesa, Dr. Paulo Portas, destacaram-se entre os portugueses bem formados, convidados a deslocar-se a Roma para a cerimónia. Não terão deixado de rezar para que se esqueçam as ligações da Prelatura ao mundo da alta finança e os inúmeros escândalos financeiros em que se viu envolvida no passado ( Rumasa, Matesa, Banco Ambrosiano, etc.).
A tentativa de criar o governo teocrático universal sonhado por Paulo, a sua aliança com a Mafia internacional e a pseudo maçonaria financeira, ou o abuso indiscriminado do negócio milagreiro, documentados por Juan G. Atienza (Los Pecados de La Iglesia), são acusações para esquecer.
Aspectos negativos da personalidade de Escrivá, referidos pela colaboradora e secretária de muitos anos, Maria del Carmen Tapia, no livro “Uma vida na Opus Dei”, e as denúncias de Robert Hutchison em “O Mundo Secreto do Opus Dei” desvanecem-se com o tempo.
Regozijemo-nos, pois, por ter sido Monsenhor Escrivá “o justo entre os justos mais rapidamente elevado aos altares em toda a história da Igreja”, 17 anos exactos após a sua morte ( Ob. citada de J. Atienza, Pág. 342).
1750 sacerdotes e 80 mil fiéis – um exército de prosélitos sob a omnímoda autoridade de um prelado que dispõe de amplos recursos financeiros e sólidos apoios políticos em todo o mundo – não deixarão de proclamar a santidade do “Pai”.
Nós, se não pudermos beneficiar da graça divina por intercessão do novo santo, ao menos não desafiemos a ira da Prelatura.
Nos países onde vigoram as teocracias a vida é um detalhe banal perante os zeladores da vontade do deus autóctone. A tara não é exclusiva do islamismo onde a deriva fascista se acentua com a miséria e atraso a que a religião conduz os respectivos povos.
A violência xenófoba das teocracias do Médio Oriente recorda-nos a forma como foram tratados os mouros, em Portugal, nos reinados de D. Afonso Henriques a D. Afonso III, e os judeus até à sua quase extinção.
Cristãos, judeus, livres-pensadores e todos os que não acreditem em Alá e no seu único Profeta, não façam jejum no Ramadão, não rezem cinco orações diárias, não contribuam com as esmolas e, se puderem, não forem a Meca, terão sempre a vida em perigo, para além de terem de comer, beber e vestir-se de acordo com as indicações que o arcanjo Gabriel ditou, em árabe, ao condutor de camelos, entre Medina e Meca.
Não esqueçamos que a liberdade religiosa só foi aceite pela Igreja católica no início da década de sessenta do século passado, no Concílio Vaticano II, liberdade que o actual pontífice suporta com visível azedume e que começou, de facto, com a Paz de Vestfália, que pôs termo à Guerra dos Trinta Anos, em 1648.
Em Portugal, a blasfémia ainda hoje é punível, por lei, apesar de ninguém admitir que um conceito medieval, que permanece no Código Penal, se sobreponha à liberdade de expressão.
Tal não acontece no Paquistão onde Asia Bibi (na foto), foi impedida de tirar água de um poço por ser infiel, designação que os cristãos mais trogloditas também usam para os crentes das outras religiões.
Sendo Asia Bibi católica, condição que afirmou, logo foi vítima de agressões até acabar por ser condenada à morte por enforcamento, pena que a descrença em Maomé justifica em países onde a lei do deus deles se sobrepõe à liberdade religiosa que só a laicidade dos países civilizados defende.
A eventual execução da católica Asia Bibi não é apenas mais uma morte por sectarismo religioso, é a negação da liberdade, a manutenção da barbárie e a prova da incapacidade mundial para defender os direitos, liberdades e garantias que a Declaração Universal dos Direitos do Homem consagra.
A eventual execução de Asia Bibi é um crime que envergonha o mundo e pesará sobre todos nós.
Para a Glória de Cristo Rei, o Cardeal Cañizares é o novo Prefeito do Culto Divino.
Comentário de E- Pá: Este cardeal, fervoroso adepto das missas tridentinas, tem subido paulatinamente na escala hierárquica do sacro colégio cardinalício, parecendo destinado a “altos” voos…
A julgar pela imagem que ilustra o post, para além de gostar de oficiar pelos rituais arcaicos, adora pavonear-se pelos claustros e pelas naves…ao que parece tentando varrer o chão do lixo secular que cobre a Igreja católica.
De facto, a exuberância dos seus paramentos [a espampanante capa magna] confere-lhe o aspecto de um pavão, embora muito menos policromática.
O menino que enquadra a foto segurando a aba da capa [caudatário] deve, no actual momento da ICAR, ter um transcendental significado…
A ostentação de símbolos religiosos em prédios públicos no Brasil é um tema permanentemente polêmico. Se por um lado o estado é laico e deve preservar sua neutralidade no campo religioso, por outro lado não podemos dizer que uma cruz discreta seja realmente um incômodo.
Em Tatuí, interior do estado de São Paulo, uma ordem de serviço assinada pelo comandante do Corpo de Bombeiros, capitão José Natalino de Camargo, causa polêmica na cidade. Ele mandou retirar todos os crucifixos e imagens de santos católicos das unidades sob seu comando. Os 11 vereadores da Câmara local assinaram moção repudiando a medida tomada pelo militar. Camargo alegou que a exibição de símbolos católicos em repartições públicas causa “constrangimento” a pessoas que professam outra fé.
Para ele, imagens e crucifixos fazem “apologia” da religião católica e contribuem para a “manutenção da falsa crença de que aquela religião seria a única detentora da benesse estatal”. O capitão invocou ainda a Constituição Federal que, segundo ele, estabelece que o Estado brasileiro é laico e, portanto, a exibição dos símbolos seria ilegal e inconstitucional.
O que é notório na questão é a reação imediata dos “nobres” vereadores. Ora, com ou sem cruz, os bombeiros funcionarão do mesmo jeito. E, gostem eles ou não, o capitão tem autoridade para organizar suas unidades como bem entender. Curioso é ver todos os vereadores, pelo visto homens muito ocupados, assinarem uma moção de repúdio justamente depois de assistirmos uma das eleições mais hipocritamente religiosas de todos os tempos. Estariam os vereadores realmente preocupados com a questão religiosa? Quanto ao “ato arbitrário”, novamente, o capitão fez porque pode fazê-lo. Desde quando a decisão de um chefe virou “ato arbitrário”? Na tentativa de desqualificar o capitão, os vereadores escorregam na demagogia.
Se há conquista de que a Europa se possa orgulhar é a da liberdade religiosa, liberdade que inclui o direito de ter ou não ter religião e a de renegar ou combater qualquer crença pelos meios que pautam as democracias.
Esta conquista deve-se à repressão política sobre o clero e não à vontade das diversas religiões. O secularismo tornou obsoletos os livros ditos sagrados e fez da Declaração Universal dos Direitos do Homem a referência para a acção dos cidadãos que defendem o pluralismo e o livre-pensamento.
Apesar do carácter totalitário e do proselitismo das religiões do livro, hoje com peculiar agressividade do islamismo, apesar da marca xenófoba, racista, violenta, homofóbica e vingativa do deus do Antigo Testamento, onde os três monoteísmos se inspiram, a Europa garante aos crentes – como deve –, a liberdade das suas práticas religiosas.
Talvez tenha sido frouxa na pedagogia contra crenças que põem em perigo a civilização e na vigilância a que deve submeter as homilias que incitam ao ódio e à violência.
Quanto mais tarde os dirigentes políticos acordarem para a prevenção do ódio que lavra entre comunidades religiosas, usando o multiculturalismo como álibi para a passividade, mais difíceis se tornam a inclusão pacífica e a democracia.
Para além das crenças cujo limite deve ser encontrado no respeito pelas leis dos países democráticos, deparamo-nos com o financiamento do proselitismo religioso por países onde é imposta a vontade única do deus autóctone, interpretada pelo clero ou dignitários que detêm o poder.
A Arábia Saudita, onde a tortura, a mutilação, a lapidação, a humilhação da mulher e outras manifestações de barbárie são práticas correntes, para agradar ao profeta que se habituaram a respeitar, é hoje um país de onde saem enormes quantidades de dinheiro para subsidiar a fé e o terrorismo.
A Noruega, onde os investimentos de determinada dimensão têm de ser autorizados pelo Governo, acaba de dar à Europa uma lição exemplar, ao recusar dezenas de milhões de euros do Governo saudita e de doadores ricos para financiarem a construção de mesquitas, apesar de legalmente aceitável.
O ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês não se limitou a recusar a aprovação do financiamento e respondeu ao Centro Islâmico Tawfiiq que seria «paradoxal e contra natura aceitar o financiamento vindo de um país que não aceita a liberdade religiosa».
É este exemplo de dignidade e coerência que se exige de todos os países democráticos para com aqueles onde o estabelecimento de qualquer comunidade diferente da oficial é considerado crime. As ideologias que impedem a concorrência devem ser consideradas totalitárias e fascistas os países que as impõem.
Quando João Paulo II adjudicou um milagre para o seu antecessor Pio IX julguei que era um acto gratuito de quem tem a santidade como estado civil e profissão. Não me ocorreu que o anti-semitismo que levou a Igreja católica a matar judeus ao longo da História atingisse tal esplendor com Pio IX.
Pio IX não foi apenas o escriba de pérolas que envergonham uma pessoa de bem, v. g., a encíclica Quanta Cura e o Sillabus, o Papa que decretou a sua própria infalibilidade e que, com outro dogma, restituiu a virgindade a Maria. Este pontífice foi o pai do anti-semitismo moderno, sendo a mais retrógrada das personalidades do século XIX.
Em 1871 declarou que os Judeus, ao repudiarem o cristianismo, se haviam transformado em cães e que «temos hoje em Roma, infelizmente, demasiados desses cães. E ouvimo-los ladrar em todas as ruas, e andando por aí a incomodar as pessoas em toda a parte».
Este pontífice que perseguiu os judeus de forma tão apaixonada como os talibãs actuais, recusou-se a devolver aos pais uma criança judia raptada por um inquisidor… porque, entretanto, a tinha baptizado. A criança chamou-se Edgardo Mortara.
Como ateu não me permito chamar a Pio IX o que ele chamou aos judeus, mas entendo onde foram buscar o vocabulário os beatos que, intoxicados em hóstias, vêm aqui bolçar impropérios no Diário Ateísta, a fazer ameaças e a insultar o livre pensamento.
São dignos uns dos outros.
A guerra santa está declarada também no Brasil. Desta vez, três membros da igreja Deus é Amor estavam em um local conhecido como Morro de Sapucaia (Sapucaia do Sul – RS), fazendo orações, quando viram um grupo de cinco umbandistas acendendo velas. Dois evangélicos foram em direção ao grupo de umbanda para, segundo a polícia, repreendê-los.
Qual é o problema de acender velas, eu não sei. Mas os umbandistas não gostaram muito. Houve discussão, e um dos membros da igreja acabou sendo esfaqueado no pescoço e morreu no local. Um outro foi esfaqueado no abdômen, virilha e na perna. Ele foi submetido a uma cirurgia e está internado em um hospital da região.
Talvez isso tenha sido uma represália, ainda que tardia, do episódio ocorrido em 2008 na Rua Bento Lisboa, no Catete, Zona Sul do Rio de Janeiro. Na ocasião, diversos evangélicos entraram num centro espírita e destruíram diversas imagens de santos alegando que aquilo era coisa do demônio.
Para a Glória de Cristo Rei, o Cardeal Cañizares é o novo Prefeito do Culto Divino. Ele já foi notícia no Ultrapapista Atanasiano. Um grandiosíssimo defensor da Comunhão de Joelhos, das Mesas de Comunhão e da Missa Tridentina.
Cheio de esperança, desejamos de todo nosso coração crer que a “fumaça de satanás” esteja encontrando frontal resistência dentro da Cúria Romana e no Reinado de SS. Bento XVI. Segue a notícia e abaixo a Missa Tridentina que o Grande Cardeal Cañizares celebrou na Basílica Papal de São João de Latrão.
Nota: Embora com atraso, o DA manifesta a sua alegria pela promoção do eminente purpurado, distinguido pelos ateus espanhóis com o «Prémio Torquemada».
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.