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Mês: Novembro 2010

3 de Novembro, 2010 Ricardo Alves

As tácticas confusionistas de algum clero católico

Um indivíduo conhecido pelo cognome de «Frei Betto», sacerdote católico, afirmou que «[os torturadores] praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus». Para um católico, parece haver lógica nisto: quem pratica actos de tortura, mesmo que seja católico de crença, prática e (porque não?) sacerdócio,  passa, por esses actos, a ser «ateu militante». O que significaria que há muitos católicos praticantes, inclusivamente sacerdotes, que serão, no original pensar do senhor Carlos Alberto Libânio Cristo (é o verdadeiro nome da criatura) genuínos ateus, até militantes. Ou seja: os padres que abençoavam a tortura eram ateus; os que participaram na inquisição eram ateus; e se algum Papa ordenou um homicídio, era ateu (até militante). Chama-se a isto passar a batata quente, desejo de transferência da culpa, ou confundir o debate.

E como argumenta aqui o Daniel Sottomaior: poderíamos identificar a maldade com o cristianismo ou o islamismo, e dizer que quem mata ou tortura pratica cristianismo militante ou islamismo militante? Ou isso já seria preconceito?

Que dizer mais? Um padre não tem medo nem do ridículo nem da incoerência. Tal destemor é elevado a virtude na sua profissão. Como se vê.

2 de Novembro, 2010 João Vasco Gama

Elevada correlação entre religiosidade e desigualdade

Este artigo confirma aquilo que já tenho vindo a escrever – existe uma elevada correlação entre a religiosidade e a desigualdade social.

É importante começar a investigar a razão de ser desta correlação. Parece-me razoável assumir que existe causualidade em ambos os sentidos (mais desigualdade provoca maior religiosidade; maior religiosidade provoca maior desigualdade) e mesmo causas comuns a ambos os fenómenos (menor instrução, por exemplo), pelo que a correlação não é nada surpreendente.

Seria interessante investigar qual destas correntes causais é preponderante, se é que cada uma delas se verifica. O artigo apresenta justificações plausíveis para a forma como uma maior religiosidade pode levar a uma maior desigualdade.

2 de Novembro, 2010 João Vasco Gama

Mudanças sociais em Espanha

O perfil da sociedade espanhola está a sofrer alterações rápidas, nomeadamente no que diz respeito ao papel do catolicismo entre a juventude. Metade dos jovens entre 15 e 29 anos já não se considera católica, e especula-se que essa situação pode estender-se à sociedade no seu todo dentro de cerca de 20 anos. Note-se que, de acordo com os dados de 1990, cerca de 90% da população espanhola se declarava católica.

2 de Novembro, 2010 Ricardo Alves

Imorais sois vós, «haramitas» de uma figa

Um grupo islâmico afirma que é «haram» (quer dizer, islamicamente incorrecto) aceitar o dinheiro doado por Pamela Anderson para ajudar as vítimas do tsunami na Indonésia.

Porquê? Porque a famosa actriz ganhou o dinheiro posando nua para a Playboy. Realmente, é indecente. Que morram pessoas na Indonésia, que haja risco de cólera, que haja ONG´s que tentem minorar as privações, até parecer não ser haram, ou seja, imoral. Já que a Pamela tenha ganho o dinheiro posando nua, isso é inaceitável. O diácono Remédios está vivo e de boa saúde, e reside na Indonésia.

2 de Novembro, 2010 Ricardo Alves

Escândalo no Brasil: entidade incorpórea não foi mencionada

Dilma Roussef não agradeceu a «Deus» no seu discurso de vitória. Segundo o portal cristão creio.com, «Em seu primeiro discurso como presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), esqueceu de agradecer Deus por sua vitória. Durante a plenária que demorou 30 minutos (…) Rousseff parabenizou  aliados, teceu elogios ao presidente Luis Inácio Lula da Silva, a liberdade de imprensa, mas em momento algum agradeceu ao Pai por sua vitória».
Onde irá parar o Brasil e os brasileiros? Não apenas elegeram uma mulher para Presidente, como ela teve a atitude inaudita de não agradecer a entidades incorpóreas no seu discurso de vitória. Escândalo, escândalo, escândalo. E enfim, parabéns a tal presidenta e ao Brasil. (Descoberto via Ateus do Brasil.)

2 de Novembro, 2010 Carlos Esperança

O valor terapêutico da missa

Por

José Moreira

Há, em Portugal (e não só), uma tradição que, em pleno Séc. XXI começa a adquirir contornos de curiosa e… troglodita. Trata-se de, a propósito das efemérides das instituições, mandar rezar missa pelas almas dos respectivos funcionários. Os falecidos, evidentemente.

Desde logo, isso levanta diversas questões, que sei que não vou esgotar neste ‘post’. Nem isso eu pretendo.
Vamos ver:

Desde logo: os funcionários falecidos eram TODOS católicos? Não haveria, no meio deles, alguns islâmicos, mesmo que disfarçados para não serem discriminados? Não haveria hindus, judeus, budistas, por exemplo? Não haveria ateus? E aqui o caso assume alguma gravidade, porque, como é consabido, o ateu não tem alma. Podem correr e saltar; não tem, ponto final. E continuo à espera de alguém que consiga provar-me o contrário. Ninguém pode ter uma coisa que não existe, é das mais elementares leis da física. O que quer dizer que alguém (o padre) esteve a ganhar dinheiro por uma coisa que disse que fez, mas não fez: rezar por uma coisa que, na verdade, não existe. E ainda que existisse, duvido de que o ateu quisesse que lhe rezassem por ela. Pelo menos, sem autorização dele, ateu.

O “rezar missa pela alma” é uma afronta a Deus. Na verdade, toda a família católica que de tal se preza, manda rezar missa pelos respectivos defuntos ao fim de uma semana (missa do 7º dia) ao fim de 30 dias (missa do mês) e ao fim de um ano (missa do ano). Isto para já não falar na “missa de corpo presente”. Algumas vão ao ponto de mandar rezar missa pelo aniversário natalício, pelo aniversário do casamento, pelo aniversário do curso… O mandar rezar tantas missas, implica que não se confia no poder e misericórdia do Criador. Em primeiro lugar, porque Ele sabe perfeitamente que a alma precisa de ser salva, não é preciso ninguém lembrar-Lhe. Estão a passar-Lhe um atestado de incompetente, depois admirem-se se Ele ficar chateado. Mas, partindo do princípio de que o Criador está, em determinada altura distraído, pronto, vá lá, reze-se uma missa. Mas… todos os anos???? A não ser que as missas tenham um prazo de validade curto, o que não é despiciendo.

Outra questão, é que há instituições que mandam rezar missa pelos que morreram em serviço e pelos que morreram ao serviço. Ou seja, pelos que morreram por causa do serviço (em combate, por exemplo) e os que morreram enquanto estavam ao serviço (por exemplo a aguardar o despacho do director-geral com vista à reforma). Esquecem-se dos  que também morreram e já eram aposentados (é um direito que lhes assiste), o que é uma discriminação inqualificável. Felizmente que há grupos de aposentados vivos, que se reúnem e mandam rezar missa por TODOS os falecidos e fica o assunto resolvido. Embora com manifesta desvantagem para os aposentados falecidos, que sempre ficam com uma missa a menos…
Outro aspecto é: reza-se PORQUÊ? Ora, pela alma ou, mais exactamente, pela salvação da alma. Está bem. Mas… salvar a alma, DE QUÊ? É que, da forma como as coisas estão, não há salvação possível.
Eu explico.
Há uns anos, havia um lugar chamado Purgatório. Era para onde iam as almas que tinham de se purificar antes de ir para o Céu. E as pessoas rezavam para que as almas estivessem pouco tempo naquele local, ou para que Deus aliviasse as suas penas – metiam “cunhas”, portanto. João Paulo II declarou, “urbi et orbi”, que o Purgatório não existe. Aliás, nem o Inferno. Então, isso só significa que todas as almas vão para o Céu, direitinhas, já que não há mais para onde ir.

Só que Bento XVI resolveu “abrir”, novamente, o Inferno (que tinha sido declarado extinto pelo antecessor). Então, ficamos com Céu e Inferno. E, neste caso, a situação assume foros de burla (por onde anda a ASAE e/ou a PJ?). É que do Inferno ninguém se safa, por mais missas que se rezem; e quem está no Céu não precisa de missas para nada. Mas a Igreja continua a rezar (o que não é grave) e a cobrar (o que é gravíssimo) por autêntica “banha da cobra”.

Depois, levanta-se outra questão: Não consegui ver, em nenhuma das bíblias que tenho, qualquer referência a “missa”. Nem no Antigo Testamento nem no Novo. O que me leva a crer que as missas são invenção da Igreja tendo em vista o seu fabuloso negócio. Negócio de contornos bem obscuros, acrescento.

Com efeito. Vamos supor que dez famílias pretendem mandar rezar uma missa pelos respectivos defuntos. Vão ao padre, e encomendam. O padre recebe dinheiro das DEZ famílias, marca o dia e a hora da missa e celebra UMA missa, durante a qual vai lendo, num papel, os nomes dos falecidos. Cobrou DEZ, rezou UMA.

O mesmo para casamentos e baptizados. Podem ser dez crianças. O padre faz UM baptizado, e cobra DEZ. Embora eu compreenda que a actual crise deva ter inflacionado o preço da água-benta.

Por isso, aqui vai o meu conselho. As famílias que pretendam mandar rezar missa pelos falecidos, verifiquem, nos locais apropriados, quem morreu no mesmo dia. Reunam-se. Mandem celebrar UMA missa por alma de todos. Fica muito mais barato. Com o dinheiro que sobra podem, perfeitamente, depois da missa, ir comer um bom “cozido à portuguesa”.

Vejamos o que diz o blogue “www.gotquestions.org” acerca do assunto: Para os crentes, o estado pós-morte é estar “ausente do corpo e habitando com o Senhor” (II Coríntios 5:6-8; Filipenses 1:23). Note que não diz “ausente do corpo, no purgatório com fogo purificador”. Não, por causa da perfeição, completude e suficiência do sacrifício de Jesus, nós estamos imediatamente na presença do Senhor após a morte, completamente purificados, livres do pecado, glorificados, perfeitos e finalmente santificados.
Está na Bíblia. Dizer missa, para quê?

Com esta Igreja, não vamos a lado nenhum. Rezem-lhe pela alma.

PS: ultimamente, usa-se o eufemismo de “missa em memória”. EM