20 de Outubro, 2010 Carlos Esperança
O Papa não tem preço mas custa caro
A câmara de Coimbra subsidiou os U2 com 200 mil euros e, apesar da qualidade da banda e do número e qualidade dos músicos, penso que não cabe às autarquias subsidiar espectáculos que não se enquadrem no plano de desenvolvimento cultural do concelho.
Mas quando se subsidia uma missa e um palco para um espectáculo pio em que a única atracção é um artista que vem fazer propaganda da sua Igreja, é o Estado laico que fica em causa e o pudor republicano que é atingido.
Foi essa vergonha e esse esbulho aos dinheiros de todos os munícipes que fizeram as Câmaras do Porto e de Lisboa. A do Porto, conhecida pela piedade do edil, nem percebe o abuso que cometeu. Mas a de Lisboa, com a conivência do patriarca Policarpo, foi igualmente perdulária na recepção de B-16.
«A Câmara de Lisboa gastou afinal 228 mil euros com a visita do Papa Bento XVI, em Maio passado, apesar de todas as declarações do presidente da autarquia e de responsáveis da Igreja sempre terem ido no sentido de não haver dinheiros públicos envolvidos na missa campal do Terreiro do Paço». Ficou cara a missa.
A crise é o grande detonador da fé e o melhor instrumento para pôr de joelhos um povo.