Comi que nem um abade
Por
Abraão Loureiro
Quer isto dizer que nas abadias se comia do melhor e com fartura. Quando em criança lia histórias (ou mesmo a nossa história), via gravuras, fotos de conventos e nem pensava na grandiosidade das super habitações. Fazia-me crer que os religiosos viviam miseravelmente naquelas acanhadas celas com uma caminha modesta e dali só saíam para rezar na igreja, comer na cantina e meditar nos jardins interiores. Para mim isto era uma penitenciária. Coitadinhos que eram autênticos condenados. A idade passou e olhando com olhos de adulto informado digo abertamente, afinal de contas aqueles monumentos representam o que havia de melhor em hotelaria capazes de fazer inveja aos modernos “resorts” (pois além da enorme variedade de serviços, são locais onde os hóspedes usufruem do sistema “all-inclusive”), que é caracterizado pelo facto dos serviços estarem todos incluídos na diária paga pelo hóspede. É verdade, sabemos das fortunas doadas por grandes figuras que se recolheram ao hotel para não se chatearem mais com a vida.
Cá fora, a população miserável sem eira nem beira e quando tinha beira era feita de palha. A fome era o caminho para todas as loucuras desde a subjugação total ao alistamento como mercenário para servir nas hordas dos senhores das guerras.
Hoje não duvidamos que os ditos jardins interiores deram lugar a grandes meditações e inspirações, senão, vejamos: Foi daí que saiu toda a boa gastronomia pela qual hoje temos orgulho e tanto evento se realiza para a sua divulgação.
Pobre povo que construiu estes gigantes de pedra em nome de deus para nada receber em troca. Como seria possível criar tanta iguaria sem a matéria-prima abundante? O povinho nem sabia o que era o açúcar e a carne conhecia quando caçava furtivamente.
Em que ficamos? Vivia-se mal ou bem nessa época?
No vídeo podemos ver na fórmula 2 em 1, a imponência dos edifícios e as delícias da boca.
E aqui podemos ver o nosso pio presidente gracejando sobre a ASAE, reparem que a esposa ficou “encavacada” com a gracinha do Cavaco.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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