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Mês: Julho 2010

20 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Mourinho e o bruxo queniano

O bruxo queniano Mzee Makthub, num excelente golpe publicitário que o fez saltar para a comunicação social internacional, afirmou que o treinador lhe tinha pedido ajuda para triunfar no Real Madrid.

Quem se distinguiu pelo seu trabalho e competência profissional e se tornou celebridade mundial, não pode dar importância a um bruxo. É bem pior processá-lo do que ignorá-lo, pior a emenda do que o soneto.

Mas admitamos que Mourinho é demasiado sensível ao obscurantismo e nutre particular aversão ao mundo esotérico de bruxos, quiromantes e outros primatas de virtude. Nesse caso é natural que processe o impostor para o desmascarar, para o expor ao ridículo dos simples que ele engana e dos crédulos a quem extorque o óbolo.

Mas surpreende que Mourinho, homem inteligente, não se limite a invocar a dignidade profissional posta em causa por uma improvável consulta a um bruxo e acrescente a fé católica como igualmente ferida.

O segundo argumento é claramente contraproducente. Santo Agostinho acreditava que as bruxas eram o produto das uniões proibidas entre sedutores demoníacos de mulheres, os íncubos, tal como a maioria das pessoas da antiguidade clássica ou da Idade Média. *

Nem o facto de as freiras verem, num estado de confusão, semelhanças entre o íncubo e o padre confessor ou o bispo e que ao acordarem se sentiam conspurcadas como se se tivessem misturado com um homem, como escreveu um cronista do século XV, nem isso, levava o Santo Doutor, a pôr em dúvida uma crença que foi comum à maioria das pessoas da antiguidade clássica ou da Idade Média.

Mourinho, para além de ter de provar em tribunal que não foi ao bruxo, o que é fácil, terá de demonstrar que é impossível a um bruxo ajudar um treinador não o sendo a D. Nuno curar o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, aos pastorinhos desentrevarem a D. Emília dos Santos, ou à Irmã Lúcia prever a agressão a um homem vestido de branco (ou com vestido branco) – João Paulo II.

Em milagres e premonições, os católicos deviam ser mais prudentes pois falta-lhes autoridade para descrer de bruxas (normalmente, uma especialidade atribuída pela Igreja a mulheres). Se não existissem não teriam sido queimadas pela Santa Inquisição.

* (Carl Sagan, no seu livro «Um mundo infestado de demónios», pág. 126)

19 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_19-07-2010

João César das Neves (JCN) tem pela Associação para o Planeamento Familiar (APF) o horror que Maomé nutre pelo toucinho e pelas aulas de educação sexual a aversão dos talibãs pelos infiéis. Não reconhece a acção meritória da APF na prevenção de gravidezes indesejadas e de doenças sexualmente transmissíveis.

Por muito que sofra JCN a reprodução humana faz-se pelo método tradicional e está de tal modo popularizado que não é fácil substituí-lo pela inseminação artificial, como se tornou prática corrente na veterinária.

Na sua homilia de hoje «Uma questão de educação», no DN, JCN apelida a APF de “guardiã nacional da ortodoxia erótica” e, mais uma vez se bate, por caminhos ínvios, contra a educação sexual nas escolas. Nem a tragédia da SIDA o demove dos seus conceitos fundamentalistas.

A defesa da família, como única entidade idónea para ministrar a educação sexual, é um álibi para a banir da escola. Para JCN a sexualidade é um erro da natureza que aliou o prazer à prossecução da espécie. O bem-aventurado considera que o pudor devia impor silêncio sobre tudo o que respeite à sexualidade, mas a prudência manda o contrário.

A estranha obsessão de JCN pelo sexo, mantida ao longo dos anos, expõe o militante ao ridículo. Para ele a moral sexual é a que os padres definem e o exemplo a seguir o que é praticado pelo Vaticano, por sinal o único Estado do mundo onde a reprodução é oficialmente proibida.

19 de Julho, 2010 Carlos Esperança

O Islão é demência adquirida

O Islão é uma cópia grosseira do cristianismo sem a influência da cultura helénica e do direito romano. É a crença inspirada no Corão, um livro medonho que a tradição atribui ao arcanjo Gabriel que o ditou em árabe a um pastor analfabeto e rico, entre Medina e Meca, ao longo de duas décadas.

Reflexo de sociedades tribais e de poder patriarcal, o islamismo exerce o poder, todo o poder, em numerosos países, sendo responsável pela violência que aí se pratica e pelos crimes que o clero exerce em nome de Deus, o beneficente, o misericordioso.

O mais implacável monoteísmo só exige crer em Deus, o beneficente, o misericordioso, rezar cinco orações diárias virado para Meca, dar esmolas, fazer jejum no mês do Ramadão e, se possível, ir em peregrinação a Meca, uma vez na vida. Com estes cinco pilares da fé qualquer crente tem um lugar garantido no Paraíso.

O fracasso da civilização árabe e a pobreza dos povos submetidos à violência de Deus, o beneficente, o misericordioso, tem exacerbado a fé e aumentado a influência religiosa. A sharia é o reflexo da tragédia dos povos vergados à vontade de Deus, o beneficente, o misericordioso, um arremedo de direito que condiciona todos os momentos e actos das vítimas da crença. Uma muçulmano não tem direito à apostasia, só à pena de morte por abandonar o beneficente, o misericordioso.

Nem todas as patifarias do direito islâmico, de natureza teocrática, resultam do Corão e dos seus versículos. Os interesses políticos podem tornar ainda mais cruel a vontade do Profeta que tem a particularidade de ser o último (o primeiro foi Adão) e de não poder haver outro, depois, nem qualquer possibilidade de Deus voltar a falar.

É com esta fé esquizofrénica que vários povos aplicam a sharia. A excisão do clítoris, a amputação de membros, a lapidação de mulheres, chicotadas públicas e outras torturas, são penas habituais onde a forca e a decapitação são as formas mais expeditas e menos cruéis de assassínio legal.

O Irão, a Mauritânia, o Sudão, o Iémen, a Arábia Saudita, a Nigéria e a Somália aplicam também a pena de morte à homossexualidade, abominação que os monoteísmos odeiam.

Nas madraças e mesquitas fanatizam-se crianças e instila-se o ódio à modernidade  e ao livre-pensamento e os europeus, que reprimiram o seu clero para poderem ser livres, são benevolentes com a barbárie sob a pretexto do multiculturalismo e o álibi da tradição. A Europa, secularizada, é vítima do proselitismo religioso de que não sabe defender-se, com uma esquerda demasiado cobarde e incapaz da lucidez para avaliar a malignidade intrínseca das religiões e uma direita xenófoba com a obsessão do mito da identidade nacional.

Espero que as associações ateístas que surgem entre europeus ex-muçulmanos possam ser a chave para a solução dos países infectados pala alienação islâmica. É com elas que devemos aprender a lidar com a intolerância e a combatê-la dentro dos limites do Estado de direito e no respeito pelas liberdades, direitos e garantias dos cidadãos.

18 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Triunfo do Direito Civil

Pedofilia: o Vaticano recorda a obrigação de se respeitar a lei civil

O Vaticano recordou neste sábado a obrigação que a Igreja católica tem de respeitar em todos os países em que está presente as leis civis locais sobre casos de pedofilia, além de obedecer as novas regras a respeito do assunto tornadas públicas há dois dias pela Santa Sé.

Comentário: O Vaticano, não sendo um Estado de Direito, acaba por ter de reconhecer a superioridade das democracias.

17 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Quem não excomungou o nazismo ou o fascismo…

… prevê excomunhão para punir ordenação de mulheres

O Vaticano publicou na última quinta-feira normas que estabelecem que a tentativa de ordenação de mulheres como sacerdotes da Igreja é um delito grave e que pode ser punido com a excomunhão dos envolvidos.

As regras fazem parte da primeira modificação em nove anos da legislação canónica relacionada aos delitos “cometidos contra a moral ou na celebração dos sacramentos”, feita após uma revisão do papa Bento 16.

17 de Julho, 2010 Carlos Esperança

A Igreja católica e o regresso a Trento

A ICAR nunca foi um instrumento do progresso, da tolerância ou da modernidade, no que, diga-se, esteve sempre acompanhada pela concorrência.

A própria Reforma decorreu mais das transformações económicas e sociais do que das malfeitorias de Roma, embora a venda de indulgências, a corrupção e a prepotência pudessem incomodar alguns espíritos com um módico de decência,

O anti-semitismo, atingindo as raias da paranóia no islamismo, atiçado pelo sionismo, sempre foi uma tara que a dissidência do judeu Paulo de Tarso legou aos seguidores de Roma. A ICAR foi esclavagista, usou a tortura, evangelizou e protegeu todos as tiranias com a excepção das que se lhe opunham.

É evidente que a loucura dos papas e bispos se podem compreender á luz do tempo e entre os mais perversos de cada época se retirarem a inspiração divina (seja lá isso o que for) de que se reclamam.

À semelhança do aiatola Khomeini, que em 1979 aproveitou a instabilidade política e o fanatismo para reislamizar os países envenenados pelo Corão, também os dois últimos pontífices, numa atitude mimética, pretenderam recristianizar a Europa e submetê-la à ditadura das sotainas.

Quando o Papa reclama a tradição para transformar os cidadãos em crentes e os livres-pensadores em réprobos, é a vocação totalitária que desponta e a incapacidade de se conformar com a modernidade. A obsessão de impor valores que as democracias foram enjeitando, num lento processo de secularização, é um objectivo que não recua perante práticas medievais, como o exorcismo e os milagres.

Bento 16 é o símbolo de um papa medieval que ainda sonha com exércitos para obrigar às conversões em massa. Não dispensa os recém-nascidos da água do baptismo nem as crianças do catecismo, à semelhança do que fazem os clérigos islâmicos nas mesquitas e madraças.

Perante os ventos reaccionários que sopram do Vaticano começam a surgir vozes no seio da ICAR que claramente se opõem. Valha-nos isso.

Este artigo de hoje, no DN, da autoria do padre Anselmo Borges, é um exemplo disso, denunciando o restauracionismo em curso na ICAR.

16 de Julho, 2010 Carlos Esperança

A ICAR continua misógina

Ordenamento de mulheres é crime a par da pedofilia para o Vaticano

Num único documento, ontem divulgado, o Vaticano reviu as regras da lei canónica para tornar mais fácil a punição dos padres que abusaram sexualmente de menores e colocou ao mesmo nível dos sacerdotes pedófilos a ordenação de mulheres como padres.

Comentário: O ordenamento de mulheres deve ser pior pois é mais raro. Só se conhece o da papisa Joana e sem certezas absolutas.

15 de Julho, 2010 Ricardo Alves

A fé e a burla

Na terça-feira, um homem de 42 anos entrou com uma empilhadora num templo da IURD, em Faro, destruindo parte da sala. O homem explicou agora que, por acreditar na promessa da igreja de que «Deus» pagaria em triplicado, deu 100 mil euros à igreja, soma que obteve vendendo a quase totalidade dos seus bens (só não vendeu a casa).

Prova de fé ou burla? Ou será que não há diferença entre as duas, em situações como esta?

Adenda: ver os vídeos no blogue Embusteiros; fotografias e a reacção da IURD no blogue de Edir Macedo.

15 de Julho, 2010 Carlos Esperança

Nem o sobrinho poupou…

A vítima do ex-bispo de bruges, que renunciou em Abril após admitir ter abusado de um menino “do seu entorno próximo” , é na verdade o próprio sobrinho do religioso, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal “New York Times”. O caso – que, pela primeira vez levou um bispo europeu a deixar o cargo por pedofilia – abriu as portas para centenas de denúncias envolvendo a Igreja Católica belga: em apenas dois meses, cerca de 500 denúncias, a maioria de homens, foram registradas.

O sobrinho, que hoje tem cerca de 40 anos, mas não teve sua identidade revelada, sofreu abusos do bispo, Roger Vangheluwe, dos 10 aos 18 anos. Durante 25 anos, a vítima reuniu documentos e entrevistas para provar suas alegações e tentou fazer com que a Igreja belga tomasse providências em relação às suas acusações, de acordo com um padre aposentado, Rik Devillé.