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Mês: Junho 2010

5 de Junho, 2010 Carlos Esperança

Cavaco e a alegada candidatura de direita

Só o rancor político de Santana, o desabafo beato do patriarca Policarpo e um golpe de mestre dos cavaquistas se podiam ter conjugado para inventarem a possibilidade de uma candidatura à direita de Cavaco.

Ninguém imagina à direita do candidato de Boliqueime espaço para uma agulha. Não está só encostado, está colado. Já coleccionou dois Papas, muitas missas e a presidência da comissão de honra da canonização de Nuno Álvares Pereira, comissão que aprovou simbolicamente o milagre da cura do olho esquerdo de D. Guilhermina de Jesus queimado com salpicos ferventes de óleo de fritar peixe.

O candidato Cavaco gravou para a posteridade o eco pontifício da repetição dos nomes dos netos, o espectáculo de toda a família a beijar o anel do regedor do Vaticano e a sua presença nos actos litúrgicos do peregrino Ratzinger.

Cavaco não é apenas um homem de direita, é um reaccionário que reage mal às decisões dos outros órgãos de soberania e que encontra sempre as palavras mais adequadas para dizer as coisas da forma mais errada, seja a pretensa justificação da infeliz golpada das escutas ou o álibi para promulgar a lei do casamento de pessoas do mesmo sexo.

À direita de Cavaco não existe nada. Nem um desejo mais veemente de substituir o PS pelo PSD ainda que com o enfado de não ser por quem preferia.

Depois de a esquerda, certa esquerda, ter ajudado a empurrar o eleitorado para a direita do PS só lhe interessa gerir os passos para continuar a ocupar o palácio de Belém donde sonha exercer o poder executivo por interposta pessoa do PSD.

Com este golpe, onde aproveitaram para enaltecer figuras tão medíocres como Bagão Félix ou Pires de Lima, os estrategos da direita fingiram que Cavaco seria um homem do centro. Bem jogado.

3 de Junho, 2010 Carlos Esperança

Para que serve uma primeira dama?

A existência de uma primeira-dama, numa República, é um anacronismo que diminui a indeclinável igualdade de género e um fenómeno que alimenta as revistas cor-de-rosa onde a ociosidade de princesa prevalece sobre a dignidade profissional da mulher. É um resquício monárquico preservado como adereço de presidentes e primeiros-ministros  em viagens de Estado ou como electrodoméstico para cuidar do marido  nas deslocações internas.

Seja como instrumento de propaganda, ou como hábito, é maior a humilhação do que a glória e o paradigma obsoleto destrói o exemplo de mulher moderna e emancipada de que precisam os povos habituados a hábitos patriarcais e tradições religiosas misóginas.

Mantém-se o espírito bíblico que subordina a mulher ao homem, não faltando mulheres cultas, inteligentes e bem preparadas para exercerem qualquer cargo com dignidade.

A eleição de uma mulher simbolizaria, no exercício da mais alta magistratura da nação, o carácter emblemático da igualdade de género, quando já ninguém duvida da qualidade com que as mulheres exercem cargos de topo na magistratura e na diplomacia, funções que a ditadura lhes negava.

A qualidade da democracia também se avalia pela igualdade entre homens e mulheres. A discriminação é intolerável e a existência de uma primeira-dama só contribui para a perpetuação de uma simbologia em que à mulher está reservado um papel subalterno.

Não importa que os EUA e o Reino Unido, ou mesmo a França, dêem maus exemplos. A emancipação feminina não se compadece com papéis que o progresso e a civilização tornaram anacrónicos.

3 de Junho, 2010 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa – Conferência

Ateísmo, Laicismo e Anti-clericalismo em Portugal

Dia 4 de Junho: Amadeu Carvalho Homem (professor catedrático U.C.)
Tema: Religião e República  – 18H30

Biblioteca-Museu República e Residência – Espaço Cidade Universitária

(Próximo da faculdade de Farmácia)

Rua Alberto de Sousa, 10 – A  (Zona B do Rego) – Lisboa

Metro: Cidade Universitária; Entrecampos

2 de Junho, 2010 Carlos Esperança

Factos & documentos

Quanta mistificação à volta do pensamento religioso de Einstein…

«… I read a great deal in the last days of your book, and thank you very much for sending it to me. What especially struck me about it was this. With regard to the factual attitude to life and to the human community we have a great deal in common.

… The word God is for me nothing more than the expression and product of human weaknesses, the Bible a collection of honorable, but still primitive legends which are nevertheless pretty childish. No interpretation no matter how subtle can (for me) change this. These subtilised interpretations are highly manifold according to their nature and have almost nothing to do with the original text. For me the Jewish religion like all other religions is an incarnation of the most childish superstitions. And the Jewish people to whom I gladly belong and with whose mentality I have a deep affinity have no different quality for me than all other people. As far as my experience goes, they are also no better than other human groups, although they are protected from the worst cancers by a lack of power. Otherwise I cannot see anything ‘chosen’ about them.

In general I find it painful that you claim a privileged position and try to defend it by two walls of pride, an external one as a man and an internal one as a Jew. As a man you claim, so to speak, a dispensation from causality otherwise accepted, as a Jew the privilege of monotheism. But a limited causality is no longer a causality at all, as our wonderful Spinoza recognized with all incision, probably as the first one. And the animistic interpretations of the religions of nature are in principle not annulled by monopolization. With such walls we can only attain a certain self-deception, but our moral efforts are not furthered by them. On the contrary.

Now that I have quite openly stated our differences in intellectual convictions it is still clear to me that we are quite close to each other in essential things, ie in our evaluations of human behaviour. What separates us are only intellectual ‘props’ and ‘rationalization’ in Freud’s language. Therefore I think that we would understand each other quite well if we talked about concrete things. With friendly thanks and best wishes

Yours, A. Einstein»

Nota: Não é hábito o Diário Ateísta recorrer a línguas estrangeiras mas aí fica, para que conste, o pensamento de Einstein frequentemente acusado de crente.

1 de Junho, 2010 Carlos Esperança

Há provas da eficácia?

PAPA PEDE ORAÇÕES PELA ÁSIA

O Serviço de Informação do Vaticano divulgou que nas intenções de oração do Papa Bento XVI para o mês de Junho estão o respeito à vida humana desde a concepção até a morte natural e o anúncio do Evangelho na Ásia.