15 de Junho, 2010 Carlos Esperança
Barcelona e a burqa
Barcelona proíbe o acesso às instalações municipais com a burqa
Tarragona segue o exemplo.
Barcelona proíbe o acesso às instalações municipais com a burqa
Tarragona segue o exemplo.
Na sequência do meu post de ontem aqui transcrevo o início de um artigo do DN de hoje:
Espanha prepara-se para banir crucifixos em público
Funerais de Estado religiosos vão também deixar de existir. Ainda assim, nova lei não refere separação total entre Estado e Igreja
O Governo espanhol está a preparar uma reformulação da Lei da Liberdade Religiosa que, se for aprovada, vai proibir a exibição de crucifixos em edifícios públicos.
IOR, – Instituto das Obras Religiosas -, é apenas uma das instituições financeiras mais importantes do Vaticano. Os mais altos dignitários da política, privilegiam o IOR nas suas relações bancárias. A seu tempo, pessoas como Giulio Andreotti e outras personalidades bastante próximas dele, como Bisignani e os seus amigos ou o cardeal Angelini, também escolhiam o banco do Papa para as operações ilegais camufladas.
Os maiorais da Democrazia Cristiana naqueles anos, faziam fila à porta do IOR. Uns para reciclar dinheiro de subornos, outros pelas compensações da Máfia, outros ainda, como Gianni Prandini, de Bréscia, o poderoso ministro dos Trabalhos Públicos no sexto e sétimo governo de Andreotti, para colocar em segurança as suas consideráveis poupanças.
No IOR, o antigo ministro sentia-se em casa. Nos anos noventa, perante a suspeita, e debaixo do ataque dos jornalistas, o antigo ministro volta-se para o IOR para aí guardar o seu dinheiro. Uma escolha previdente, dadas as investigações que o envolvem pouco tempo depois e que farão ruir a Primeira República por entre julgamentos, prisões e apreensão de bens.
Passados 15 anos, em 2005, Prandini regressa ao IOR para tomar posse dos seus bens, mas o dinheiro, entretanto, tinha desaparecido. O antigo ministro exibe toda a sua fúria, mas do dinheiro nada se sabe. Recorre assim às entidades oficiais e denuncia o Banco do Vaticano.
No auto de citação, Prandini afirma que o então vice-director Scaletti teria sido fiador ao confiar formalmente as suas poupanças a um sacerdote bastante conhecido, Corrado Balducci, exorcista que ficou conhecido na televisão como «demonólogo», autor de livros sobre Satanismo e Ovniologia.
Balducci, na qualidade de sacerdote e, portanto, elegível para cliente do IOR, assumiu a função de testa-de-ferro. Abre duas contas no IOR, uma em liras e outra em moeda estrangeira, para proteger o tesouro, bastante considerável, do antigo ministro. Na primeira são creditados 3 biliões, na segunda 1,6 milhões de dólares. Mas, quando Prandini bate à porta do exorcista, em 2005, para recuperar a quantia, esbarra contra uma surpresa demoníaca. O dinheiro desaparecera.
A verdade é que Prandini ainda hoje pede 5 biliões a Scaletti e ao Banco do Vaticano, não sabendo para quem se há-de virar para encontrar o tesouro. A verdade é que Balducci morreu a 20 de Setembro de 2008, aos 85 anos, levando os segredos com ele para o túmulo. Uma magia baixa que ameaça deixar Prandini sem um tostão.
A história tragicómica de Prandini torna explícita a multiplicidade de testas-de-ferro e feiticeiros das magias financeiras que gravita em torno do Banco de Sua Santidade.
*Adaptado de, Gianluigi Nuzzi, Vaticano S.A.
Segundo El País está em curso uma nova lei sobre a liberdade religiosa que garante a neutralidade dos poderes públicos perante as diversas crenças e aprofunda a laicidade do Estado.
De acordo com o projecto, o Estado organizará exclusivamente funerais civis e as cerimónias religiosas só terão lugar a pedido das famílias dos defuntos, de acordo com a crença de cada um.
O que parece um elementar direito dos cidadãos, em democracia, e uma manifestação de respeito por todas as crenças, provoca azedume na Igreja católica com séculos de privilégios e um passado pouco recomendável desde os Reis Católicos até hoje.
Nos países onde a liberdade religiosa existe (não confundir com os que impõem uma fé) não se invoca tolerância, exige-se liberdade. A religião é um direito individual que cabe ao Estado defender sem abdicar da mais estrita neutralidade.
O mundo tem vindo a tornar-se mais perigoso com a onda de proselitismo islâmico, que alastrou após a vitória do Ayatollah Komeiny no Irão, em 1979, com a contaminação do catolicismo romano, sob a égide dos dois últimos pontífices, os desvarios sionistas e o radicalismo do protestantismo evangélico ou do cristianismo ortodoxo.
Por todo o mundo o obscurantismo renasce com a cumplicidade do clero e dos governos que trocam a honra por votos e a segurança por orações.
O exemplo da laicidade, em Espanha, é um bom sintoma da tomada de consciência dos perigos que a politização da fé representa para a paz e a democracia.
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, acompanhará “com grande interesse” a estreia da Itália na Copa do Mundo de 2010, na próxima segunda-feira, na Cidade do Cabo, contra o Paraguai.
Nota: Outras selecções levam um bruxo.
Freiras são presas por plantar maconha no quintal de convento
Irmãs foram levadas para delegacia depois de discutirem com policiais.
Elas alegaram que plantação alimentava animais.
O Papa pediu hoje perdão às vítimas de abuso sexual infantil cometido por padres, naquele que é o primeiro pedido de indulgência explícito de Bento XVI depois de ter sido recentemente tornados públicos casos de abusos de menores por elementos da Igreja Católica.
Imagine, caro leitor, que um pobre diabo, sem emprego nem casa, sem pão e sem futuro, combinava explorar a superstição popular com um dos muitos doentes a quem o médico coloca no processo «doença incurável», para lhes serem pagos os transportes do local de residência até ao hospital.
Imagine que o doente «incurável», depois de curado, se metia na Igreja a agradecer à avó do primeiro, defunta há muitos anos e devota em vida, por tê-lo curado, alegando que lhe beijou a foto a preto e branco e que rezou duas ave-marias enquanto lhe pedia a cura.
Imagine que era numa dessas aldeias onde a luz chegou há pouco e a fé se instalou há muito, que sendo grande o analfabetismo não lhe faltou o padre, que não tinha telefone mas lhe sobravam devotas e que a população se transferia para casa da miraculada (os milagres são mais frequentes em mulheres) armada de terços e sôfrega de ave-marias.
Quando começassem a ficar as primeiras peças de ouro e as velas a enegrecer o tecto da casa, não faltariam devotos vindos de longe nem o padre a sugerir que a Igreja não se pronunciava. A paróquia seria referida pelo bispo com ar de quem punha em dúvida o prodígio para mais tarde poder dizer que não foi a Igreja que impôs o milagre mas o milagre que se impôs à Igreja.
Se, então, os brincos, cordões de ouro e outras jóias ou euros dos crédulos começassem a ser distribuídos entre os dois conluiados, a miraculada e o que teve a ideia, a Igreja logo denunciaria a tramóia e ameaçaria os crentes com as perpétuas penas do Inferno se persistissem no culto. Se, pelo contrário, a paróquia conseguisse arrecadar o pecúlio, não faltariam vozes que apregoassem o milagre e nunca mais escasseariam flores na campa da defunta avó nem mimos e promessas do Paraíso na casa da miraculada.
Só o desgraçado da ideia teria de ir tentar outro expediente.
Um milagre reconhecido pela Igreja é uma fonte de rendimento, caso contrário é um assunto de polícia.
Durante a Missa, Bento XVI proclamará o santo Cura de Ars como patrono de todos os sacerdotes do mundo – actualmente, S. João Maria Vianney é patrono dos párocos.
Comentário: A exoneração de S. João Maria Vianney terá sido por incompetência?
Parece que é a nossa vocação mórbida que conduz à celebração da morte em vez da exaltação da vida e à perpetuação das piores memórias da ditadura para alimentar rituais que a higiene democrática já devia ter banido.
Exumam-se os hábitos e tiques do salazarismo para ornamentar com veneras os peitos disponíveis das celebridades autóctones, algumas só conhecidas da família, dos amigos, do partido e dos negócios.
Vestem um fato de cerimónia, põem um ar grave e lá esperam que o nome seja citado para oferecerem o pescoço ao nastro, o peito à venera e as costas aos abraços.
É assim todos os anos e não se nota a ausência do Tomás. Faltam apenas as viúvas, os órfãos e os estropiados que davam à cerimónia o ar lúgubre da tragédia que teima em perseguir-nos e do ritual que não há coragem para mudar.
Mantém-se o presidente e os carregadores que transportam as medalhas, os figurantes e figurões que desfilam no ecrã das televisões, as vaidades reprimidas e as cumplicidades.
O 10 de Junho é a repetição da liturgia do Império a que faltam, agora, as colónias e os mutilados, as mães dos filhos mortos, as criancinhas a quem mataram o pai e os Pides que nunca foram julgados.
É o palco de vanglórias para mostrar à Pátria o presidente escolhido e os figurantes que ele aceitou distinguir. Tudo se pauta pelo mau gosto e por uma liturgia gasta, numa cumplicidade entre a vaidade dos que foram agraciados e a conveniência política de quem os distingue.
Faltam, por pudor, a missa e o cardeal, a caldeirinha da água benta e o hissope, orações e padres. Mas não faltarão ave-marias e genuflexões, quem se persigne e quem vá ao beija-mão.
Para quem fez a guerra colonial e não perdeu a sensibilidade, é com um misto de revolta e de vergonha que vê o nome de Camões associado à palhaçada que a ditadura montava para legitimar a guerra ignóbil em que destruiu uma geração, com o cardeal a dizer uma missa por alma dos que mataram.
Eu saí da guerra colonial, dos quatro anos e quatro dias de tropa, mas nunca saíram de mim os 26 meses de Moçambique, o Moura que lá ficou no rio Zambeze e o Dias cujo calor do corpo esmagado ainda sinto a sangrar-me nos braços a fazer-me sangrar por dentro.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.