O Vaticano e o vendaval que o assola
O Vaticano tem uma queda especial para o disparate e tremendo horror à ciência. Nesse bairro de 44 hectares o tempo parou e, como sinal de pompa, mantiveram-se os adereços femininos.
Quem não distinga a água benta da outra nem enxergue numa rodela de pão ázimo o corpo e o sangue de Cristo, é difícil ver um papa com vestidinho de seda, a cabeça enfiada num camauro e as pernas guarnecidas por meias coloridas, sem um amplo sorriso.
Um ateu nada teria a observar sobre a forma garrida e exótica como se veste o regedor do bairro se ele não tivesse o hábito de pregar moral e aconselhar sobre a sexualidade. Quando um celibatário, inveterado, quer ser o guardião da moral e dos bons costumes tem de se comportar de forma exemplar e não admitir no seio da sua Igreja quem se comporta ao arrepio da moral que prega.
Não pode permitir que um bispo, mentindo, afirme que o preservativo propaga a sida, e ajude a morrer um continente infectado pelo terrível flagelo. Não pode ser tão insensível que se oponha à interrupção da gravidez de uma criança de 12 anos violada pelo amigo do pai e rosnar ameaças contra o planeamento familiar.
Não se podem fazer milagres ao domicílio e criar santos entre os que apoiaram os piores ditadores, caso de Espanha, para combater os adversários e, depois, esperar indulgência. A Igreja católica continua a viver na Idade Média, com milagres obrados por cadáveres com séculos de defunção e que alimentaram a superstição popular.
A tentação obscurantista, servida por um implacável conservadorismo, levou este Papa a reconduzir a sua Igreja ao Concílio de Trento. Reintegrou os bispos fascistas e anti-semitas de Lefebvre, apoiou-se no Opus Dei, escondeu desvios sexuais e crimes do seu clero, sem respeito pelas crianças que molestavam, e desenvolveu uma campanha contra a modernidade, a democracia e a liberdade.
Todos os ventos fustigam agora o jovem das juventudes nazis, os escândalos atingem as sotainas e já ninguém acredita na palavra da Igreja que ocultou os crimes ou nos bispos que transferiam padres pedófilos de terra em terra sabendo que iam continuar a molestar crianças.
E, na dureza das cabeças pias, continuam as confusões criadas nas manhãs submersas dos seminários. Insistem em confundir a homossexualidade com a pedofilia. O cardeal Tarcisio Bertone, número dois do Vaticano, estabeleceu uma relação entre pedofilia e homossexualidade, perante o desmentido da comunidade científica e da comunicação social.
Não apreendem. Estão hoje, como sempre, contra o mundo, agarrados a um deus cada vez mais obsoleto.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
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- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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