5 de Fevereiro, 2010 Carlos Esperança
Paradoxos
Quando Zapatero lê a Bíblia nos EUA temos de admitir que o Papa Bento 16 possa explicar o Kama Sutra à Conferência Episcopal Espanhola.
Quando Zapatero lê a Bíblia nos EUA temos de admitir que o Papa Bento 16 possa explicar o Kama Sutra à Conferência Episcopal Espanhola.
Neil Beagley tinha 16 anos de idade quando morreu, em Junho de 2008.
Sofria de complicações de um bloqueio congénito do tracto urinário, que inundou o seu organismo com ureia, o que lhe causou uma paragem renal, um ataque cardíaco e finalmente a morte.
Acontece que a vida de Neil Beagley poderia ter sido salva se os seus pais não se tivessem recusado a procurar tratamento médico.
De facto, Jeff e Marci Beagley, do estado norte-americano do Oregon, estão agora a ser julgados por homicídio por negligência, acusados de terem ignorado os sucessivos avisos de que o seu filho corria risco de vida e necessitava de cuidados médicos urgentes, antes tendo preferido “tratá-lo” com orações.
E a coisa parece ser de família, pois no mesmo ano a sua neta Raylene Worthington, de 15 meses de idade, morreu de pneumonia e infecção sanguínea que os seus pais resolveram igualmente tratar com orações.
Jeff and Marci Beagley são membros da «Igreja dos Seguidores de Cristo», que se tem celebrizado por rejeitarem a medicina e os cuidados médicos em favor das orações e da cura pela fé.
Na defesa que apresentaram em Tribunal, alegaram que o filho já tinha completado os 16 anos de idade e que, por isso, já tinha todo o direito de se recusar a receber os cuidados médicos de que necessitava e que tinha sido ele próprio a escolher livremente a cura pela fé e pela oração.
É confrangedor este argumento, tantas vezes repetido, de que é a própria vítima da irracionalidade da fé quem se submete de livre vontade à indignidade que essa mesma fé tantas vezes significa.
E é triste a quantidade de pessoas que ainda submetem não só as suas vidas como principalmente as vidas dos seus filhos à irracionalidade da fé e das religiões, e as submetem desde crianças à mais ignóbil lavagem ao cérebro e as condicionam na sua mais básica liberdade de determinação.
Roma está, desgraçadamente, perto do Vaticano. Os acordos de Latrão, celebrados com Mussolini ,deram ao Papa dinheiro, poder e influência e a concordata impôs o ensino da religião católica nas escolas do Estado. O papa considerou o ditador fascista Benito Mussolini enviado da Providência, mas as vicissitudes da história ou a falta de jeito do defunto ditador para obrar milagres têm impedido a sua canonização.
Porém, o tratado de Latrão, celebrado entre o enviado da Providência e o seu assumido representante legal, jamais foi revogado. As paredes das escolas e repartições públicas ainda exibem crucifixos sem respeito pela diversidade cultural e liberdade religiosa.
Um juiz – Luigi Tosti (na foto) – recusou-se a fazer julgamentos numa sala que exibia um crucifixo. Em 2003 quis retirar o símbolo católico e foi impedido pelos seus superiores. Como livre-pensador pretendeu que os Cristos dependurados nas cruzes fossem exonerados dos tribunais italianos.
A Asociación Civil 20 de Setiembre – Librepensamiento – Tolerancia – Humanismo – acaba de informar que o referido juiz italiano Luigi Tosti foi afastado das suas funções. A Europa, cuja liberdade foi conquistada na luta das suas elites contra a toda poderosa Igreja católica, assiste impassível a este atropelo que põe em causa a liberdade religiosa e a laicidade do Estado.
No bairro de 44 hectares, um papa reaccionário baba-se de gozo, em silêncio, numa atitude igual à do fascismo islâmico onde a religião é um dever público e não um direito privado.
A Europa não pode ficar refém do incenso e da água benta.
O corpo de Santo António será exposto ao público entre 15 e 20 de Fevereiro, por ocasião do retorno da sua urna ao espaço original, a Capela da Arca, que foi restaurada entre 2008 e 2009.
Convido os leitores do Diário Ateísta a visitarem a “Asociación Civil 20 de Setiembre por el Librepensamiento, la Tolerancia y el Humanismo“.
«É uma página negra para a laicidade»
O JUIZ ITALIANO LUIGI TOSTI AFASTADO DAS SUAS FUNÇÕES
Impedem-no de exercer por não acatar uma circular de Mussolini
Por
As religiões baseiam-se num pensamento ilusório que falseia a origem do universo e do próprio homem cuja validade é apenas justificada pela fé.
Combina um máximo de subserviência com um máximo de idealismo do conhecimento que apenas admite o eu como realidade (solipsismo).
Inventa-se ver e não se procura ver.
Perguntas:
Se o criador inventou a realidade naturalmente e sem esforço, por que razão havemos de o louvar servilmente por isso?
O universo e certas paisagens terrenas inóspitas demonstram que o criador foi deliberadamente indiferente e hostil ao homem e a toda a vida!
Se um deus pode curar um cego num milagre, por que razão não optou por erradicar a cegueira?
Que sentido tem o criador, depois de expulsar os demónios, tê-los feito entrar numa vara de porcos? Só porque estes animais serem desprezíveis aos olhos dos homens da época em que foi contada a parábola?
As rezas são contínuas e, muitas vezes realizadas para debelar catástrofes impressionantes, mas nunca se vêm resultados?
A cura das consequências de um pingo de óleo fervente num olho duma cozinheira, em casa de um padre, é suficiente para catapultar um nobre militar medievo a santo centenas de anos depois de ter morrido (Nuno Álvares Pereira)?
Há quem afirme que a religião pode não ser verdadeira, mas que isso não importa porque é eficaz a dar consolo a muitos…
Se a conversão às religiões foi desde sempre efectuada pela força do poder de Estado e dos seus exércitos, agora que temos mais liberdade e as nossas vidas não estão em perigo, por que razões devemos aderir aos rituais?
O 18º Dia mundial do doente será assinalado com a celebração da Eucaristia, na Capelinha das Aparições. Em 2010 comemora-se as bodas de prata da Pastoral da Saúde.
O Papa denunciou hoje que também existe entre os homens de fé o desejo de fazer carreira e a ambição de poder, assegurando que a Igreja ‘sofre’ por estas pessoas ‘trabalharem para si e não para a comunidade’.
Por
A polémica sobre o “véu islâmico” varre a França há vários anos. Ela é, acima de tudo, fruto do secularismo que está entranhado no povo gaulês e de um indefinido sentimento de islamofobia, cujas raízes se entroncam no fatídico 11 de Setembro de 2001.
Citando um político conservador, Jacques Chirac, então ( em 2004) Presidente da República francesa, uma das essências da República é a laicidade. Disse sobre este problema: “a separação entre Estado e religião, é a pedra fundamental da República, o conjunto de nossos valores comuns de respeito, tolerância e diálogo”.
Com certeza que sim!
É, todavia, discriminatório restringir este problema aos diferentes tipos de véus ou vestimentas islâmicas. A laicidade deve tocar a todos. Nomeadamente, por serem mais expressivas demograficamente, aos cristãos e aos judeus.
Não se percebe a razão da proibição do véu islâmico se, ao mesmo tempo, não interditarmos – para nos circunscrevermos às religiões mais conhecidas – o uso de quipás (aquele solidéu que cobre o apex da cabeça dos judeus), nem a permanência de crucifixos pendurados em espaços públicos, nomeadamente em escolas.
Como, também, não se compreende a discriminação dos feriados religiosos que, habitualmente, na Europa, contemplam, selectivamente, a religião cristã. Porque não são feriados, por exemplo, o Yom Kippur (judaico) e Aïd-el-Kebir (muçulmano)?
Na verdade, a comunidade islâmica em França é enorme. Cerca de 5 milhões.
Mas a polémica não se restringe ao uso de símbolos religiosos. Sarkozy incorporou neste campo, já minado pela discórdia, o problema da identidade francesa..
Este novo item introduzido na discussão levou, por exemplo, a que tenha sido recomendado a recusa do direito de residência e cidadania a pessoas que apresentem sinais visíveis de práticas religiosas radicais.
É, neste convergência entre o uso de símbolos e a questão da identidade nacional francesa que a comunidade islâmica se sente particularmente atingida e vislumbra um incontornável traço de segregação.
Na verdade, sendo difícil definir o que são “práticas religiosas radicais” (o facto de os muçulmanos rezarem 5 x dia, será radicalismo?) as propostas de Sarkozy são, no concreto, um sério obstáculo a integração dos muçulmanos na sociedade francesa.
Na realidade, os problemas há muito tempo que se adivinhavam. O ministério empossado e escolhido por Nicolas Sarkozy conta com a participação de Eric Besson (por coincidência um homem oriundo da área socialista) que assumiu o cargo num “novo” ministério, com múltiplas competências: para a Imigração, Integração, Identidade Nacional e Desenvolvimento Cooperativo.
Esta designação contem a marca de água dos valores retrógrados da Direita (não obrigatoriamente republicanos como os de Chirac) e é reveladora de objectivos submersos que não andarão longe da pura xenofobia.
Como diz o povo: Nem tudo o que luz é ouro…!
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.