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Da Eurábia com amor

Foi assim que um comentador deste blog se despediu, há uns dias, no final de um comentário.

Confesso que fiquei a pensar no assunto.

A Eurábia é simultaneamente, uma ideologia e um sintoma; é uma atitude colectiva, própria dos povos que se submeteram – por medo e por interesses económicos – aos ditames do totalitarismo islâmico, que engloba, a um tempo, organizações internacionais (como a Organização da Conferência Islâmica, a Liga Islâmica Mundial, a Liga dos Estados Árabes, etc.), estados islâmicos e movimentos fundamentalistas com projectos de conquista planetária.

Um dos troféus mais ardentemente cobiçados por este totalitarismo verde, fruto do fracasso do islamismo moderado preconizado pelos estados petro-islâmicos do Golfo nos anos 60, é a velha Europa, antiga potência colonial, hoje demográfica e psicologicamente enfraquecida, encontra-se sobre tudo dependente dos hidrocarbonetos do mundo islâmico.

A islamização da Europa é também vista e sentida por muitos fiéis sinceros de Maomé como uma oportunidade única de os europeus descristianizados, «imorais» e desprovidos de coluna vertebral espiritual, caírem em si e retomarem o caminho da redenção. Uma ideia aliás cara ao filósofo françês René Guénon (1886-1951) que, tendo-se convertido ao Islão, via na islamização futura da civilização a que pertencia, a única maneira de ela se reconciliar coma sua própria tradição e de esconjurar o materialismo do Ocidente moderno.

Os grandes pólos da nova conquista islâmica (Arábia Saudita, Paquistão, Irão, Turquia reislamizada, Fraternidade Muçulmana, etc.) compreenderam claramente que chegou o momento de penetrar no Velho Continente.

A Eurábia é um conceito inseparável de outro paradigma: A “diminitude”. Designação formada a partir da expressão árabe “ahl al dhimma” (que designa Gentes do Pacto ou Gentes da Protecção), que rege o estatuto de sujeição e de inferioridade dos não muçulmanos em terras do Islão (Dar al Islam) e designa, por extensão, a atitude mais geral que consiste na submissão voluntária ou na cedência às reivindicações, às ameaças e aos apetites de conquista dos diversos pólos do islamismo mundial.

Fruto da “diminitude” voluntária, a Eurábia caracteriza, pois, a atitude e opções geopolíticas dos intelectuais e dos decisores ocidentais, em particular dos dirigentes europeus, que, por medo do inimigo totalitário de amanhã, o islamismo e o terceiro-mundismo revanchista, mas também pelos compromissos político-económicos que assumiram com os países islâmicos fornecedores de petróleo e de mão de obra, dedicam-se desde há vários anos a precaver a Europa de potenciais conflitos por meio de uma política de auto-submissão e de capitulação “ex-ante” relativamente ao mundo árabe islâmico.

Será no futuro a Europa “Dar al-islam”? – literalmente , “lugar do Islão”. Território no interior do qual a soberania e o poder político são directamente exercidos por muçulmanos. No dar al-islam, pode ser tolerada a existência de minorias religiosas não pagãs, desde que elas se submetam por completo ao poder temporal do Islão e paguem tributo. Para onde caminha o Velho Continente?

*del Valle, Alexandre. A islamização da Europa. 

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