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Mês: Janeiro 2010

7 de Janeiro, 2010 Ricardo Alves

Hitchens em Portugal

Boas notícias: o escritor Christopher Hitchens, conhecido pelo seu ateísmo militante há décadas (recordar os livros «desmascarando» a «Madre Teresa de Calcutá»), e mais recentemente pelo celebrado «Deus não é grande – Como a religião envenena tudo», estará em Portugal para uma conferência sobre ateísmo na Casa Pessoa (Lisboa).

Marquem nas agendas: Casa Pessoa (Campo de Ourique, Lisboa) no dia 18 de Fevereiro às 18h30m. Título da conferência: «A urgência do ateísmo». Tradução simultânea e entrada livre.

(Agradecimento à Palmira.)

6 de Janeiro, 2010 Carlos Esperança

Comentário do leitor Catellius

Falando em Staline, enquanto Pio XI referiu-se a Mussolini como “Enviado da Providência”, por ocasião da assinatura do Tratado de Latrão, catorze anos depois o patriarca ortodoxo russo galardoou Staline com o mesmo epíteto. Em 1943 Staline autorizou a eleição de um novo patriarca. A vaga estava desocupada desde a morte do patriarca Thikón, ainda na época de Lenine.

Stalin achava que seria melhor uma única e grande igreja ligada ao partido comunista do que vários grupos religiosos dispersos. O novo patriarca chamou Staline “sábio líder eleito e famoso pela Providência divina para dirigir a mãe terra pelo caminho da prosperidade e da glória”.

Staline, embora ateu, disse, em retribuição: “nossa Santa Igreja tem nele um fiel protetor”. Pio XI recebeu do Duce o Vaticano. O novo patriarca ortodoxo recebeu de Staline, o grande facínora (o ex-seminarista que trocou de deus e declarava-se ateu), a antiga embaixada alemã, um portentoso prédio de linhas clássicas.

Interessante…

A igreja russa sofreu perseguições? Obviamente, mas soube se adaptar ao regime soviético, o que prova que a questão nunca foi entre ateus e cristãos mas entre comunistas e sacerdotes.

5 de Janeiro, 2010 Ludwig Krippahl

Equívocos, parte 2.

Como prometeu, o Alfredo começou a enunciar os equívocos que ele diz ser do ateísmo. Que são equívocos concordo, pelo que estamos parcialmente de acordo. Um, que ele chama «Equívoco geral», é o ateísmo «estar estruturalmente impedido de conseguir os seus objectivos: erradicar a religião.»(1) Diz o Alfredo que isto é porque se o ateísmo critica a religião de forma inteligente só a fortalece e, caso contrário, não a afecta. É claro que isto assume que o deus do Alfredo existe. Porque se não existe, então uma critica inteligente pode revelar que o rei vai nu e acabar com a festa.

Mas o equívoco do Alfredo é julgar que o ateísmo só faz sentido se conseguir erradicar a religião. O ateísmo, pelo menos no meu caso, é apenas uma expressão visível de duas conclusões. Primeira, que os deuses são mais uma de muitas fantasias humanas. E, segunda, que mesmo que houvesse deuses eu continuava responsável pelos meus valores e não era correcto simplesmente fiar-me num livro ou sacerdote. É por isso que não uso deuses para me guiar. É por isso que sou ateu.

No entanto, admito que era bom que a religião desaparecesse. Era bom que, crentes ou descrentes, todos vivessem essas opções como algo pessoal sem ir na conversa dos que dizem estar mais perto dos deuses. Era bom que ninguém se deixasse enganar pelas patranhas da infalibilidade ou da revelação divina calhar só a alguns. Infelizmente, é um desejo pouco realista. Continuará a haver Papas, sacerdotes e Alexandras Solnado porque haverá sempre pessoas a julgar que uns, abençoados, sabem alguma coisa acerca dos deuses.

Outro equívoco é confundir questões acerca dos factos com as definições dos termos. Escreve o Alfredo que «Não há nenhuma prova científica de que a vida humana começa no ‘momento’ da concepção». Mas este problema é apenas a definição do termo “vida humana”. Se for a vida de organismos da nossa espécie, então começou há cerca de 200 mil anos e perpetuou-se, ininterrupta, desde então. Se refere a parte do ciclo de vida correspondente a um organismo da nossa espécie, então a concepção marca o início dessa fase. E se queremos referir a auto-consciência humana, o viver como sentir que se existe, então o início da “vida humana” será talvez perto dos dois anos de idade. Se definirmos o termo com rigor a questão torna-se perfeitamente científica. Só não o é enquanto não soubermos o que queremos dizer.

Mas o equívoco principal do Alfredo é julgar que as provas mais evidentes não podem ser científicas. «Muitas das crenças humanas nas quais se fundamenta a vida das pessoas comuns baseiam-se no testemunho e no crédito que elas se atribuem umas às outras. Não são o resultado positivo de qualquer teste científico a que essas crenças são submetidas. […] Não tenho nenhuma prova científica de que a minha mãe me amou desde que fui concebido no seu seio.»

A ciência não se faz só com tubos de ensaio. É o conhecimento que temos da realidade e a forma como o obtemos. A hipótese “esta mulher ama o seu filho” é tão científica como qualquer outra porque é tão passível como qualquer outra de se submeter ao teste das evidências. Basta pensar numa mulher que queima o seu filho com pontas de cigarro e o abandona num caixote do lixo. Se a tese do Alfredo estivesse correcta nada poderíamos dizer acerca do amor desta mãe pelo seu filho. Mas podemos. É uma hipótese testável, que carece de fundamento empírico e que pode ser refutada pelas evidências.

O ponto principal do Alfredo é este: «Continuarão a perguntar como sabemos cientificamente que os primeiros cristãos não se enganaram a respeito de Cristo. Como se eu devesse fornecer uma prova científica do amor que me têm os meus pais.» O que eu pergunto não é como sabem “cientificamente”. É como sabem, ponto. O advérbio é redundante.

O Alfredo engana-se quando diz que a crença no seu deus está além da ciência porque, sendo uma relação de amor e confiança, não está sujeita a evidências empíricas. Se uma mulher sofre agressões do marido durante anos e continua a dizer que ele a ama e que merece a sua confiança podemos afirmar com fundamento objectivo que ela está enganada. Se os pais criam os filhos com afecto e cuidado, ou se os abandonam com indiferença, ou se os torturam cruelmente temos evidências diferentes que justificam conclusões diferentes acerca do seu amor pelos filhos. O que se infere destas relações depende de evidências empíricas.

Todos os nossos relacionamentos, e em especial os de amor e confiança, têm um fundamento empírico. O amor e a confiança crescem prova a prova, teste a teste. E se nem nos nossos pais ou cônjuges devemos confiar cegamente, insensíveis às provas ou à sua ausência, muito menos devemos fazê-lo com um deus invisível e um livro de histórias antigas.

Em simultâneo no Que Treta!. Parte 1 aqui.

1- Alfredo Dinís, 3-1-10, Grandes equívocos do ateísmo contemporâneo

5 de Janeiro, 2010 Carlos Esperança

Momento zen de segunda_04_01_2009

JCN -João César das Neves (JCN) é o almocreve da fé, alucinado por jejuns e genuflexões, que espera a bem-aventurança eterna com as enormidades que debita em linha com os bispos e outros avençados do divino.

Na homilia de hoje, no DN, JCN mostra pelo sexo aquela aversão que Maomé dedicou à carne de porco e pelo casamento homossexual a raiva que um talibã nutre por um infiel.

O recurso à demagogia é a encantadora postura de quem viaja de joelhos e passeia de rastos atrás das sotainas. Dizer que o Governo foi empossado para resolver problemas do País e não para legalizar o casamento gay é afirmar que a melhoria da situação legal de uma minoria impede a governação.

JCN baba-se de raiva: « O Executivo que foi homicida na liberalização do aborto e irresponsável na facilitação do divórcio é agora apenas patético insistindo na lei [casamento gay] perante a desgraça dos desempregados, descalabro financeiro, apatia geral», como se a ausência da lei criasse empregos e equilibrasse o Orçamento. Um sapateiro percebe que não há relação entre uma coisa e outra mas a cegueira de um talibã romano impede um economista de ver.

O devoto JCN é o porta-voz do catolicismo mais retrógrado, o defensor da família que o Papa, os bispos, os padres e outros inaptos para o matrimónio, decretam como correcta. Não se casam mas dizem como devem os outros casar-se. JCN é o mensageiro do clero para as questões da sexualidade. Até sabe que o deus do Papa fica muito zangado com a lei que aprova os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, um deus que está com os olhos postos em S. Bento e mete cunhas a Belém.

JCN acha que há uma máquina de propaganda, com décadas de existência, pata preparar as «tolices» que fazem ranger os dentes nas sacristias e provocam azia em Roma. Ele é contra as «doses maciças de violência, sexo e adrenalina» como se o sexo não fosse um óptimo antídoto contra a violência e uma forma saudável de baixar a adrenalina.

Na sua misoginia, no desprezo a que vota a mulher que o seu deus coloca em posição subalterna ao homem, escreve: «Hoje se um homem abandonar a família para fugir com a mulher de outro é mera expressão de sensibilidade, manifestação legítima do direito ao amor». Este bem-aventurado jamais imaginaria o contrário, «…uma mulher a fugir com o homem de outra…» porque cabe ao homem decidir, porque o deus dele fez a mulher de uma costela de Adão, como disse o Papa num acesso criacionista, esquecido de Darwin, da evolução e da verdade.

JCN, depois de execrar os «jacobinos, nazis, estalinistas e tantos outros», esquecendo as guerras religiosas, a Inquisição, as cruzadas, o Opus Dei, a Al-Qaeda e o Vaticano, acaba com uma mensagem de esperança: «Todos estes graves disparates sociais acabarão por desaparecer», convencido de que o deus dele tal como o dos suicidas islâmicos está de serviço para lhes fazer a vontade.

4 de Janeiro, 2010 Ricardo Alves

«Deus» é uma questão estética?

O Alfredo Dinis, como anunciara, resolveu dedicar-se aos «Grandes equívocos do ateísmo contemporâneo». O que é de saudar.

Comete um equívoco de base quando caracteriza a posição ateísta de uma forma em que muitos de nós não se revêem:

  • «Se uma afirmação é digna de crédito, então ela pode ser formulada como uma hipótese empiricamente testável pela metodologia científica. A existência de Deus não é formulável como uma hipótese empiricamente testável pela metodologia científica. Logo, a afirmação da existência de Deus não é digna de crédito».

O ateu que há em mim não se revê em nenhuma das duas premissas, embora concorde com a conclusão.

Mas a segunda premissa é a que me interessa mais refutar (embora seja totalmente ignorada no texto que refiro).

Anti-premissa#2: a existência de deuses é formulável como uma hipótese empiricamente testável pela metodologia científica. É necessário é saber de que deuses estamos a falar. Porque os cristãos (e outros) supostamente acreditam num «Deus» interventor no nosso mundo, e portanto passível de ser observado pela ciência, como «um campo gravitacional ou uma galáxia». Exemplos: um «Deus» que opera uma ressurreição; um «Deus» que faz parar a Terra; um «Deus» que criou o universo; um «Deus» que criou a espécie humana (tendo ou não criado o universo). Se em cada um destes exemplos «Deus» é uma entidade auto-consciente e interventora no universo em que existimos, as acções referidas são comprovadamente falsas porque impossíveis. Refutar as acções não é refutar a entidade em si, claro: pode existir sem actuar. Mas, nesse caso, não teria relação com o «Deus» dos mitos judeo-cristãos.

O que nos leva à primeira premissa.

Anti-premissa#1: há afirmações dignas de crédito que não podem, por enquanto ou talvez não, ser formuladas como hipóteses empiricamente testáveis. Aqui, é necessário saber muito bem de que afirmações estamos a falar. O Alfredo passa boa parte do seu texto a argumentar que há experiências fora do âmbito da ciência. Por exemplo, experiências estéticas (a arte…) ou afectivas (o amor filial) e… o «testemunho» dos primeiros cristãos. Devo confessar que não estou convencido de que a ciência não possa, um dia, explicar porque preferimos certos padrões estéticos ou cromáticos a outros, ou porque nos sentimos mais atraídos por umas pessoas e não por outras. A ciência já explicou muita coisa que parecia incompreensível ou fora do seu âmbito. Até explica como é possível que algumas pessoas delirem e vejam pessoas que não existem, ou «testemunhem» fenómenos impossíveis.

E sim, é verdade que nos conduzimos, em grande parte das nossas decisões diárias, por decisões emocionais que nada têm de científico. Tomar uma limonada em vez de uma sumo de laranja. Ou ler isto e não aquilo. Mas também é verdade que tentamos tomar decisões baseados em expectativas realistas, e não em impossibilidades. E, se em muitos aspectos da nossa vida confiamos nas informações e conselhos de outros, geralmente perdemos a confiança nesses outros quando descobrimos que fomos enganados, deliberadamente ou não.

Concluindo com o «testemunho» dos cristãos: um facto cientificamente refutável, se for transmitido por pessoas bem intencionadas durante milénios, não se torna mais credível (mas retira credibilidade a quem o repete). E mesmo que todos os cristãos da História tivessem sido pessoas bondosas (e não foram, embora isso agora não venha ao caso), a «ressurreição» não se torna mais possível.

4 de Janeiro, 2010 Luís Grave Rodrigues

Blasfémia!

 

E se alguém pensava que o fanatismo que a religião traz às pessoas não nos aquece nem nos arrefece aqui nesta boa e velha Europa, precisamente porque o fanatismo é qualquer coisa distante e exclusiva dos países islâmicos e dos pacóvios evangélicos dos recônditos interiores americanos, a resposta aí está:
– Neste início de ano 2010 assistimos à entrada em vigor na Irlanda de uma lei miserável e imbecil que criminaliza a blasfémia.

Assim como uma espécie de justificação desta aberração cretina e anacrónica – e até perigosa – o ministro da justiça irlandês veio dizer que esta nova lei se justifica porque criminaliza a blasfémia proferida não só contra o cristianismo mas também… contra todas as religiões!

Como se não bastasse, a lei define como blasfemas quaisquer declarações consideradas abusivas ou insultuosas em relação a matérias consideradas sagradas por qualquer religião e que causem revolta a um número substancial de fiéis dessa religião.

É absolutamente típico das «pessoas de fé» considerarem-se muito ofendidas contra qualquer afirmação que contrarie ou ponha em causa os dogmas e as idiotices da sua religião. Decerto porque, lá no fundo, são os primeiros a reconhecer que qualquer religião é, antes de mais, profundamente ridícula.

É por isso que estes piedosos fiéis são sempre os primeiros a tentar limitar as liberdades e os direitos fundamentais dos outros, seja de quem professa outra religião, seja de quem não professa religião nenhuma.

Mas a resposta não se fez esperar: o «Atheist Ireland», um grupo que se reclama ser representante dos ateus irlandeses, já reagiu contra esta lei e fez publicar no seu website diversas «citações anti-religiosas» de ateus famosos, de Richard Dawkins a Björk, passando por Frank Zappa e que podem ser lidas AQUI.

Por mim, continuarei a blasfemar por aqui sempre que isso me der na real gana.
Porque, como diz Thomas Jefferson,
«O ridículo é a única arma que pode ser usada contra proposições ininteligíveis».

4 de Janeiro, 2010 Carlos Esperança

CARTA ABERTA AO CARDEAL-PATRIARCA

Por

M. Gaspar Martins – PORTO

A sua mensagem de Natal enferma de carência da bondade cristã devida a todos os seres humanos tenham ou não religião. Não venho tratar de fé, questão impossível de debate por antagónica da razão. Ocorre-me sempre a minha frustração, há uns anos, quando tentei demover um amigo de não desbaratar o salário no Casino.

Respondeu-me que acordara com uma fezada no 27. Infelizmente, ganhou apenas problemas familiares e no emprego. Não venho também questionar a existência de Deus. A sua negação é impossível quando essa idealização existe na cabeça de milhares de milhões em todo o mundo. Questiono, sim, a sua afirmação de que “Deus existe e continua a amar a humanidade (…)” Que amor é esse? Com os poderes que lhe são atribuídos, como consente que a cada quatro segundos morra no mundo uma criança à fome? Ou que os homens resolvam os seus problemas pela violência? Ou que cataclismos e epidemias destruam os bens e a vida de pessoas simples? Claro que a resposta é a da não autoria divina nestes casos. Deus só quer o bem – dir-me-á. O que logo me suscita o caso do cirurgião numa intervenção delicada. Se tem êxito, foi milagre; se deu para torto, é uma besta.

Este tipo de contabilidade leonina em que tudo o que é bom tem crédito divino, mas o mal é debitado a outros, faz parte daquela propaganda dos anúncios dos jornais e dos papeis colocados nos limpa-vidros dos carros com garantias dos auto-intitulados astrólogos/médiuns de resultados imediatos. Só contabilizam para si os sucessos. Os incontáveis casos de insucesso são simplesmente omitidos. Mas, se tudo o que acontece é por vontade divina, então só se pode concluir que Deus é uma criação humana. Pois que, com poderes ilimitados, não criaria seres para serem sofredores. Seria não um deus, mas um narcisista, caprichoso, déspota, com birras e maus humores alternados com bonomia e compreensão. Comportar-se-ia exactamente como um humano que tivesses tais poderes.

As religiões poderiam ter um papel de aproximação de toda a gente em todo o mundo. Infelizmente tal não acontece. Pelo contrário, são origem de muitas infâmias, atrocidades, genocídios e nem é preciso percorrer a História. Basta-nos hoje a situação na Palestina, nos Balcãs, no Sri Lanka, no Tibete. Tudo porque cada uma se acha dona da Verdade Suprema. Depois, quer impô-la a todos.

Se em vez de tratarem da “salvação eterna” se dedicassem a denunciar e penalizar as desigualdades e as injustiças chocantes no mundo, condenando os sistemas que as originam e exigindo paradigmas económicos e sociais com verdadeira igualdade, cumpririam o papel com que se apresentam.

Em vez disso, promovem acções anunciadas contra a pobreza quando, de facto, a alimentam. Porque aliviam a consciência de alguns bem instalados através da esmola, quando uma vida com dignidade é direito de todos e o Homem evoluiu tanto tecnologicamente que hoje é possível alimentar e garantir essa vida digna a todos.
Porém, as religiões, se nascem com esse propósito, acabam sempre tomadas pelos poderosos e passam logo para “a salvação eterna”. Acabam todas a apregoar o mesmo deus TOD: temor, obediência e… o dízimo.
Com os meus melhores cumprimentos e desejo de um futuro melhor para toda a Humanidade.

Nota: Este texto foi oportunamente enviado para o “Público”, “JN” e “Notícias Magazine” que, até à data, não o publicaram.

3 de Janeiro, 2010 Carlos Esperança

O Medo

Por

A H P

Em homenagem a Kurt Westergaard, dinamarquês autor das caricaturas de Maomé (o que prova que nem tudo “está podre no reino da Dinamarca”) e ao nosso Administrador Carlos Esperança (pelo seu post “Os trogloditas de Maomé”), gostaria de citar aqui dois textos (separados no tempo por mais de 50 anos, mas ainda – infelizmente – ambos actuais):

1- Do artigo de Miguel Sousa Tavares no último “Expresso” : “Em breve, viajar será um pesadelo e a bordo de um avião estaremos todos como prisioneiros. Prisioneiros de Osama bin Laden, o homem da década – aquele que, infelizmente para o mal, mais mudou a nossa vida. Do fundo da sua gruta (…) derrotou o Ocidente com a mais eficaz das armas: a do medo.”

2- De “O POEMA POUCO ORIGINAL DO MEDO” publicado por Alexandre O´Neill em 1951:

“(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)

O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos

Sim
a ratos”

E concluo eu: é preciso que todos não tenhamos medo. Vale mais morrer em pé do que viver ajoelhados ou acocorados, “como ratos, sim, ratos”.

2 de Janeiro, 2010 Ricardo Alves

A milícia de Maomé ainda não desistiu

Lembram-se de Kurt Westergaard? Se o nome não vos diz nada, vejam a imagem.

Esse mesmo. O autor do mais conhecido dos cartunes que, em 2005, puseram a parte islâmica do globo a espumar de raiva.
Na noite de sexta-feira, um islamista de 27 anos entrou-lhe em casa, armado com uma faca e um machado. Aparentemente, a intenção era matar o pacato ancião, que é culpado do horrendo crime de satirizar Maomé. O suspeito, que foi detido pela polícia, pertence a uma milícia islamista da Somália.
Passaram mais de quatro anos desde a publicação dos cartunes. Eles não desistiram. Kurt também não. E por isso devemos apoiá-lo.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]