O Insulto
A «Agência Ecclesia» noticia que o Papa Bento XVI visitou este Domingo a Sinagoga de Roma, e defendeu que «o Vaticano ajudou os judeus, muitas vezes de forma “escondida e discreta”, durante a II Guerra Mundial».
E pronto: numa única e singela frase este Papa imbecil insultou a memória e vilipendiou a coragem, a honra e a dignidade de milhares de pessoas – sim, muitas delas católicas – que durante a noite nazi e o pesadelo do Holocausto ajudaram tantos e tantos judeus, se virmos bem todas elas bem conscientes de que o faziam frequentemente com o risco das suas próprias vidas.
Na sua cegueira fanática de limpar a imagem de Pio XII, o Papa de Hitler, com o óbvio fito de o canonizar mal lhe arranje uma curazinha milagrosa a uma maleita qualquer, Ratzinger tem o autêntico desplante de fazer de conta que não sabe que a política oficial do Vaticano foi tudo menos ajudar os judeus.
Muito pelo contrário, é perfeitamente conhecida a ajuda dada aos nazis fugitivos no final da Guerra – de Eichmann aos mais sanguinários comandantes de campos de extermínio – a quem foram concedidos passaportes diplomáticos do Vaticano que lhes possibilitaram a fuga para países da América do Sul.
Não sem antes Pio XII ter tido o cuidado de celebrar uma Concordata com a Alemanha de Hitler, como sempre procurou fazer com todos os ditadores, o Vaticano ia mantendo um silêncio confrangedor tanto à «Noite de Cristal» como às atrocidades nazis que o mundo ia conhecendo com o desenrolar da Guerra.
E se em 1939 o Vaticano concedeu vistos a cerca de 3.000 judeus que pretendiam fugir da Alemanha, só o fez depois de ter obtido garantias de que todos eles se tinham convertido ao catolicismo e já tinham sido convenientemente baptizados!
Pois bem:
Se Bento XVI sabe tudo isso muito bem, quando tem a autêntica lata de vir afirmar que «o Vaticano ajudou os judeus» isso só demonstra que este Papa não é sério e é de uma desonestidade intelectual a toda a prova.
Só resta saber quem é que ainda se revê nesta tão curiosa espécie de «líder espiritual»…