31 de Janeiro, 2010 Carlos Esperança
31 de Janeiro – Centenário da República
No início das comemorações do centenário da República é justo recordar o maior vulto político do período histórico de 5 de Outubro de 1910 a 28 de Maio de 1926.
Afonso Costa foi o grande legislador e ideólogo da República. Defensor da laicidade e progressista, teve contra si os reaccionários de sempre, particularmente virulentos na época. Perseguido por todos os ditadores, João Franco e Sidónio Pais, encontrou no 28 de Maio quem de forma persistente e implacável o denegrisse e odiasse, quer durante o exílio em Paris, quer depois da morte.
Orador brilhante, governante probo e perspicaz, deve-se-lhe a Lei da Separação entre a Igreja e o Estado, a primeira Lei do Divórcio e notável legislação no âmbito da família (protecção de filhos ilegítimos, das mães solteiras, etc.).
Como ministro da Justiça, das Finanças e chefe do Executivo, Afonso Costa foi sempre um político de rara envergadura, competência e honestidade.
Hoje, 31 de Janeiro, 119 anos depois da fracassada revolta do Porto, que foi o embrião da República, começam as comemorações do centenário da República.
O ódio que ainda hoje lhe devotam os meios clericais mostra como a Igreja se adapta mal à separação do Estado. De pouco vale a tentativa actual de disfarçar o acrisolado amor à ditadura e ao ditador Salazar referindo vozes isoladas, nessa altura condenadas pela própria Igreja, recordando os raros clérigos honrados. Mesmo esses, só apareceram depois de 30 anos de conúbio e de silêncio cúmplice com os crimes do salazarismo
Nesta segunda República, iniciada em 25 de Abril de 1974, lembrar o maior de todos os republicanos – Afonso Costa – é pagar uma dívida de gratidão e denunciar os que nunca aceitaram a laicidade e a República.