Bispos, aranhas e ateístas
O bispo Carlos Azevedo, com avença num matutino lisboeta, é o mais devoto seguidor da actividade da Associação Ateísta Portuguesa (AAP) e um dos seus mais impiedosos carrascos. Infelizmente escreve num jornal que rejeita a resposta da AAP a cada pedra que o bispo atira, com a confiança de que a censura lhe protege a mão.
No seu artigo «Aranhas e ateístas», de 2 de Outubro, atacou mais uma vez a Associação Ateísta Portuguesa depois de informar os leitores de que uma aranha checa passeou pelo paramento de Bento XVI, quiçá à procura de emigrar de um país maioritariamente ateu para o Vaticano, habitat mais adequado à teia que lhe cabe construir.
O bispo Carlos Azevedo acusa a AAP de não querer desvios de atenção do Centenário da República com a visita papal. Ora, foi o bispo que agora acusa a AAP que se referiu, quando do desastrado anúncio, ao significado da visita no centenário da República.
À AAP, designada por «este grupito», na piedosa expressão episcopal é ainda atribuída a «figura intolerante, ridícula e marginal», adjectivos que os ateus seriam incapazes de usar para os bispos, mesmo para forma exótica como se vestem ou para os rituais que mantêm.
A República Checa não se libertou da opressão ateia, como afirma. Libertou-se de uma ditadura, à semelhança do que aconteceu com as de Pinochet, Franco ou Salazar a que nunca faltaram missas e água benta. E hoje, em democracia, é maioritariamente ateia, contrariamente ao que acontece com a Polónia que viveu uma ditadura semelhante.
Num ataque despudorado à República, diz o Sr. Bispo que o momento repressivo contra a Igreja católica começou há cem anos, esquecendo os ataques da sua Igreja à República e a conivência com a ditadura que a derrubou, essa sim, totalitária ao contrário do que o pio prelado afirma.
Finalmente, quando afirma que respeitar a maioria [alegada maioria católica] é prova de maturidade democrática, esquece que as maiorias não precisam de protecção e que prova de maturidade democrática é exactamente o contrário – respeitar as minorias. Mas de democracia não é obrigado a entender um teólogo.
Do artigo do bispo Carlos Azevedo fica a suspeita que sabe mais a aranha sobre o Papa do que o bispo sobre deus.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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