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Mês: Julho 2009

9 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Burka, véu e democracia

burca1João César das Neves (JCN) excede-se no zelo com que divulga o pensamento oficial da Igreja católica. Na habitual homilia de segunda-feira, no DN, referiu-se ao discurso que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pronunciou em 22 de Junho no Parlamento, facto inédito, em França, desde 1875.

JCN vituperou este excerto do discurso: “A burka não é um símbolo religioso, é um símbolo de servidão, é um símbolo de abaixamento. Quero dizer solenemente, ela não será bem-vinda no território da República.” O forte aplauso dos deputados franceses foi, segundo JCN, «da mais tacanha intolerância e incompreensão».

Convém esquecer a propensão beata de JCN e analisar o problema da burka ou, melhor ainda, a exibição ostensiva e provocatória de símbolos religiosos nos espaços públicos, sobretudo quando denunciam a submissão da mulher.

O Estado tem o direito de proibir em nome da liberdade e a obrigação de libertar através de uma proibição?

O problema divide as diversas famílias políticas, embora em França, apesar das graves cedências às religiões, feitas por Sarkozy, ao arrepio da Constituição, gere consenso a proibição da burka  e do véu com que os mulás incitam as jovens a provocar a laicidade do Estado, nas escolas públicas, e a dar notório testemunho da submissão ao homem.

Os aplausos dos deputados sublinharam as afirmações de Sarkozy quando declarou que «…a tolerância tem limites e há muita coisa que não devemos permitir: crime, abuso, injustiça. A discriminação das mulheres e, pior ainda, a sua servidão e abaixamento são evidentemente intoleráveis».

É a supremacia da cidadania sobre o comunitarismo, a exigência da igualdade de género contra a tradição religiosa, a primazia das leis da República sobre os versículos do Corão.

JCN avalia a dignidade da mulher e a decência feminina pela porção de corpo oculto. É o direito de homem pio, que vê a mulher pelos olhos misóginos de Paulo de Tarso, mas as sociedades democráticas devem defender a igualdade de género e abolir o estigma do pecado original.

A sanha contra a laicidade dos sectores mais extremistas da Igreja católica fê-los aliados do islamismo cuja demência mística e vocação para o martírio admiram. O proselitismo está na matriz das religiões e serve de detonador das guerras que fomentam. Unem-se contra a laicidade e aguardam para se digladiarem, depois.

Há quem não perceba que a teocracia é o antónimo da democracia. É pena e é perigoso. Se o respeito pelas tradições fosse a bitola civilizacional teríamos ainda as monarquias absolutas, o esclavagismo, a tortura e, quiçá, a antropofagia, além de outras numerosas iniquidades. A civilização a que chegámos retrocederia para uma qualquer forma de tribalismo. Regressaria a barbárie. E o clero encarregar-se-ia de submeter as nossas vidas à vontade divina.

8 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Hipocrisia como marketing

CIDADE DO VATICANO, Santa Sé (AFP) — O papa Bento XVI pediu nesta quarta-feira aos católicos que rezem para que os líderes do G8 reunidos em L’Aquila (centro da Itália) tomem decisões para a promoção de um verdadeiro desenvolvimento, “em especial dos pobres”.

8 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Vendas asseguradas

A editora do Vaticano, «Libreria Editrice Vaticana», preparou 500 mil cópias em edição económica e 30 mil em edição de luxo, em italiano, da nova encíclica de Bento XVI, «Caritas in Veritate» (A Caridade na verdade), divulgada esta Terça-feira, dia 7.

Comentário: O Papa a falar de verdade parece um muçulmano a exaltar o presunto.

7 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Vaticano cumpriu a ameaça

O Vaticano apresentou hoje a terceira encíclica de Bento XVI, de marcado caráter social, na qual afirma que a economia precisa de ética e que o mercado “não é o lugar de atropelo do forte sobre o fraco”. EFE

7 de Julho, 2009 Carlos Esperança

Crime religioso no Sul das Filipinas

lua-do-islamismo O ataque à bomba contra a catedral de uma cidade do Sul das Filipinas é mais uma manifestação de intolerância, proselitismo e violência religiosa.

A confirmar-se a autoria da guerrilha independentista islâmica – como é referido pela polícia – é a reincidência no nacionalismo vesgo e o espírito totalitário que são apanágio das religiões.

O Papa perguntou, quiçá de forma retórica: “quando é que os homens vão aprender que a vida é sagrada e que só pertence a Deus”? Não tendo a sua Igreja tradição exemplar na defesa da paz e do pluralismo dificilmente compreenderá que é exactamente o conceito de pertença que leva o deus de cada um a exigir que se tire a vida a quem insiste em ter um deus diferente.

Já no ano passado a Frente Moro de Libertação Islâmica, em reacção a uma decisão judicial, ocupou aldeias de maioria católica e provocou centenas de mortes. Este é o ódio sectário de quem não se satisfaz com o deus em que acredita e que exige a conversão alheia, numa raiva beata que alastra e corrói a paz.

Neste caso são as vítimas católicas que merecem a solidariedade dos países laicos e democráticos enquanto o fascismo islâmico é réu do proselitismo demente que embrutece os crentes com promessas de rios de mel doce e dezenas de virgens à espera no Paraíso.

Qualquer código penal devia prever como factor de agravamento de pena a motivação religiosa dos crimes. Para isso é preciso que a laicidade se aprofunde e a separação das Igrejas dê lugar a Estados laicos.