20 de Junho, 2009 Carlos Esperança
A bússola de Maomé avariou
Um bombista suicida matou-se ao fazer explodir uma bomba perto do mausoléu do ayatollah Ali Khamenei, em Teerão. Pelo menos oito pessoas ficaram feridas devido a essa explosão.
Um bombista suicida matou-se ao fazer explodir uma bomba perto do mausoléu do ayatollah Ali Khamenei, em Teerão. Pelo menos oito pessoas ficaram feridas devido a essa explosão.
Esta Quinta-feira, dia 18 de Junho de 2009, ocorreu uma reunião entre a Comissão Episcopal da Educação Cristã/Secretariado Nacional da Educação Cristã e o Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos.
(…)
Não esquecendo a forma como foi noticiada a canonização do Santo Condes-tável, ou o último acontecimento conhecido: a “moção de censura” dos membros do órgão máximo da Câmara Baixa de Espanha (PSOE, CiU, PNV e parte do PP) a pedir ao Papa explicações pelas suas declarações sobre a SIDA em recente viagem à África. Como se as palavras do Papa tivessem um valor coercitivo.
Dizia o E-Cristians: ”O Congresso dos Deputados não é ninguém para intrometer-se no âmbito das considerações morais que de uma posição religiosa se possam manifestar porque, ao actuar assim atenta contra o princípio constitucional de neutralidade do Estado”.
E se os belgas(que fizeram algo de semelhante) ouvirem esta teoria, até lhes fará bem.
Comentário: Na ausência de Deus têm de ser os homens a corrigir as tolices do Papa.
O papa Bento 16 disse nesta quinta-feira que os padres em todo o mundo devem permanecer fiéis a seus votos de castidade.
Em uma carta pública endereçada aos 400 mil clérigos da Igreja Católica, Bento 16 não chegou a mencionar explicitamente os escândalos de pedofilia envolvendo padres católicos em diversos países.
Comentário: Na idade dele deve ser fácil.
«A democracia exige que aqueles que são motivados pela religião traduzam as suas preocupações em valores universais em vez de particulares à sua fé. Exige que as suas propostas sejam discutidas e se sujeitem à razão. […N]uma democracia pluralista não temos alternativa.» Barack Obama (1)
Historicamente, o ateísmo enquadrou-se numa discussão sobre factos e conhecimento. Se existiam deuses e se podíamos saber como eram, se era verdade que tinham criado o universo e assim por diante. O crente, o agnóstico e o ateu distinguiam-se pela aceitação, indecisão ou rejeição destas proposições factuais. Mas hoje as prioridades devem ser outras. As questões acerca dos factos continuam pertinentes, até porque ainda há quem acredite que um deus fez um homem de barro, bafejou-lhe vida e todos descendemos dele e da sua costela. Mas além de discutir o que é ou não é, importa resolver divergências acerca do que deve ser. Nisto, hoje importa mais discutir os valores propostos que os factos supostos.
Nos últimos séculos, uma parte da religião tem tentado distanciar-se dos factos, empurrada pelo avanço da ciência. Agora, os crentes mais sofisticados consideram metafórico qualquer relato religioso susceptível de ser refutado. Alguns não largam a criação em seis dias, o Dilúvio e essas coisas, mas uma boa parte defende que a religião não descreve como as coisas são, nem como funcionam, mas apenas lhes dá sentido e governa a nossa forma de viver. Ou seja, que a religião é acerca de valores e não de factos. Por isso é que discutir a existência de Deus com um teólogo católico é como dar socos no nevoeiro. O esclarecimento é muito menor que o esforço. Deus é incompreensível, a fé é um mistério, Deus está na abertura do horizonte de possibilidades num universo inacabado, etc, e não se chega a lado nenhum.
A par desta transformação nas religiões, e não por coincidência, também muitas sociedades passaram a reconhecer a importância de valores outrora desprezados. A liberdade de opinião, crença e expressão; a liberdade de prática religiosa; os direitos das crianças; a democracia; a tolerância pelas outras culturas; a igualdade de direitos entre os sexos e assim por diante. E isto também contribuiu para tornar a divergência de valores entre ateus e crentes um problema mais relevante que quaisquer diferenças de opinião acerca de alegados factos. Pode ser interessante discutir se Jesus ressuscitou ou se a mãe dele era mesmo virgem. Mas é mais importante decidir se devemos punir quem diz mal de um ritual religioso ou se devemos negar uma fertilização in vitro a uma mulher só por ser solteira.
O deslocar deste conflito do campo dos factos para o campo dos valores teve consequências. Uma consequência menor é tornar o agnosticismo menos defensável e, na prática, mais raro. Se por um lado é aceitável ser agnóstico quanto a suposições factuais sobre a ressurreição de Jesus ou o umbigo de Adão, por outro é irresponsável abster-se de tomar posição quando estão em causa valores fundamentais da nossa sociedade. Por isso, em coisas como censurar caricaturas de Maomé ou dar direitos excepcionais a professores de religião, parece-me que os agnósticos acabam, na prática, por ser ateus. Escolhem como quem não tem deus.
Uma consequência mais importante é na ética da nossa sociedade. Neste nível a divisão entre fé e ateísmo é mais fundamental e tão radical que exclui a posição intermédia. As religiões consideram-nos seres morais, responsáveis por seguir e respeitar normas e valores que nos são dados por Alguém. Em contraste, para o ateísmo somos seres éticos, responsáveis não só por seguir normas morais mas, mais do que isso, por criar, criticar, melhorar e substituir essas normas conforme se revelarem inadequadas. Esta é, agora, a diferença mais importante entre crentes e ateus.
É a diferença entre quem questiona o fundamento das normas que o regem e quem espera que o filho de deus lhe diga que já pode comer carne de porco e que não precisa cortar o prepúcio. Entre quem se esforça por distinguir o bem e o mal e quem faz de conta que não comeu esse fruto. Entre quem se assume responsável pelos valores que defende e quem delega essa responsabilidade em seres hipotéticos ou nos seus representantes. Mais do que questões metafísicas da escolástica medieval, é esta diferença de atitude que separa o ateísmo da crença religiosa.
E isto vai ao fundamento do que é ser ateu. Do que é não ter deus. De entre as muitas formas de não ter deus, sobressai esta de assumir responsabilidade pelos nossos valores. Porque o papel principal das divindades é ser a suposta fonte de todos os valores e aliviar o crente desta responsabilidade. E hoje em dia isso é mais relevante que toda a mitologia de milagres e feitiçarias. Não quero dizer que se ignore disparates ou que se evite criticar erros factuais. Pelo contrário; sou sempre a favor disso. Mas proponho que o ateísmo tem de ser mais que discutir se os deuses existem ou não existem. Porque o fundamental para proteger e melhorar os valores da nossa sociedade é a capacidade de pôr os deuses de parte quando discutimos o que devemos fazer. A capacidade de ser ateu ou, pelo menos, de se portar como quem não tem deuses.
1- Barack Obama, 1-6-2006, Call to Renewal Keynote Address. Obrigado pelo email com o vídeo, que já não me lembrava deste discurso e veio mesmo a calhar para o post.
Também no Que Treta!
— A televisão estatal iraniana, contrariando uma interdição do Ministério do Interior, que proibiu os jornalistas de cobrirem “manifestações ilegais”, exibiu ontem imagens dos apoiantes de Mir-Hossein Mousavi em mais um protesto contra os resultados das presidenciais do dia 12.
Comentário: Nao é uma luta entre a democracia e a teocracia. É uma rivalidade entre os que se ajoelham virados para Meca.
Parece que o papa João Paulo II tinha uma amiga a quem escrevia cartas e isto (o facto dela ser da persuasão feminina) “pode atrasar a sua beatificação”. Um sonho. Matar espanhóis aos magotes (Nuno A. Pereira) ou apoiar um facínora e o fuzilamento sumário de milhares e milhares de inocentes (Escrivá) não faz mal. Mas escrever cartas a uma mulher é, aparentemente, um crime imperdoável!
Bento XVI defendeu esta Quarta-feira que os líderes políticos mundiais devem perceber a “importância das religiões dentro do tecido social de cada sociedade“.
Comentário: Os políticos esquecem-se das guerras religiosas a troco de votos. É um mau caminho.
VATICANO – O papa Bento XVI pediu aos bispos austríacos que sejam fiéis ao Concílio Vaticano 2º, ao magistério pós-conciliar e que se aprofundem na fé, informou a Santa Sé após o encontro de dois dias mantido pelo pontífice com prelados desse país.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.