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Mês: Maio 2009

6 de Maio, 2009 Ludwig Krippahl

Transubstanciação

Segundo a doutrina católica, «a consequência da Transubstanciação, como a conversão da substância total, é a transição de toda a substância do pão e do vinho no Corpo e Sangue de Cristo»(1). Esta conversão é apenas da substância. «[D]o conceito de Transubstanciação está excluída qualquer forma de conversão meramente acidental, seja puramente natural (e.g. a metamorfose dos insectos) ou sobrenatural (e.g. a Transfiguração de Cristo no Monte Tabor). Finalmente, a Transubstanciação difere de todas as outras conversões substanciais nisto, que só a substância é convertida noutra — os acidentes ficam mesma — como seria se a madeira milagrosamente se convertesse em ferro, a substância do ferro permanecendo escondida sob a aparência externa da madeira.»

Estes termos referem-se à distinção aristotélica entre substância, aquilo que uma coisa é, e os seus acidentes, o que a coisa tem. Um cão é cão (substância) e tem pêlo, patas e dentes (acidentes). Assim “explicam” que a transubstanciação preserva todos os acidentes da hóstia, a sua composição química, forma, peso, aspecto e, felizmente, sabor, mas transforma a sua substância na substância de Jesus.

Uma coisa tão maravilhosa não podia ficar só no âmbito da religião. Em 1973, Michael Craig-Martin criou uma escultura transubstanciada, “Um Carvalho”, que podem ver na imagem abaixo.

Carvalho

É maravilhoso como Michael Craig-Martin conseguiu transformar de forma tão radical a substância completa do copo de água, que agora é um magnífico carvalho, deixando intactas todas as características acidentais de forma, tamanho, peso, composição química, cor, aspecto e, presume-se, sabor. A imagem liga à página de onde a tirei, e onde podem encontrar a explicação mais detalhada (em Inglês). Deixo só aqui uma citação:

«P: Mas este carvalho só existe na mente.
R: Não. O carvalho está fisicamente presente, mas na forma de um copo de água. Tal como o copo de água era um copo específico, assim também este carvalho é um carvalho específico. Concebê-lo como a categoria “carvalhos” ou imaginar um carvalho é não compreender nem experienciar aquilo que aparenta ser um copo de água como sendo um carvalho. Tal como é imperceptível também é inconcebível.»

Mistério da transubstanciação.

Têm-me dito que eu ridicularizo a religião católica. Agradeço o elogio, mas o mérito é todo dos teólogos que se esforçaram durante séculos para engendrar estas coisas. Sem esse esforço criativo ridicularizar o catolicismo seria tão fútil como ridicularizar a mecânica quântica ou o cálculo diferencial. Termino com esta citação que me parece dispensar quaisquer comentários que a ridicularizem.

«Whereas in mere changes one of the two extremes may be expressed negatively, as, e.g., in the change of day and night, conversion requires two positive extremes, which are related to each other as thing to thing, and must have, besides, such an intimate connection with each other, that the last extreme (terminus ad quem) begins to be only as the first (terminus a quo) ceases to be, as, e.g., in the conversion of water into wine at Cana.»(1)

Também no Que Treta!

1- Catholic Encyclopedia, Transubstantiation

6 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Itália – Berlussconi à beira do divórcio… com a ICAR

O suporte da estrutura eclesiástica a Berlusconi foi uma constante que atravessou escândalos judiciais, casos de corrupção e manifestações xenófobas mas há limites que os padres não suportam – as relações adúlteras quando passam ao conhecimento público.

6 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Pior é a Igreja contaminar o mundo

Papa ordena 19 sacerdotes e adverte: «mundo» contamina a Igreja

A dor do apóstolo, «ver que Deus não é conhecido»

RE: Só é conhecido o que existe. O resto é inventado.

CIDADE DO VATICANO, domingo, 3 de maio de 2009 (ZENIT.org).- Ao ordenar dezenove sacerdotes neste domingo, Bento XVI constatou que «o mundo», entendido no sentido evangélico, também contamina a Igreja.

5 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Israel e Vaticano

(…)
O Vaticano há muito que pede soberania sobre cinco locais, incluindo a Igreja da Anunciação em Nazaré, o Cenáculo em Jerusalém (o local da última ceia) ou a Igreja da Multiplicação no Lago Tiberíades.

Comentário: O Vaticano julga-se o representante legítimo e exclusivo do cristianismo. É o que dá ser a única religião verdadeira!

4 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Nascem santos como cogumelos

Cidade do Vaticano, 30 abr (RV) – O prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Dom Angelo Amato, revelou que a causa de beatificação de João Paulo II prossegue de forma “muito rápida”, mas advertiu para a necessidade de se respeitar as várias etapas do processo.

Ao final da fase diocesana do processo, em 2007, foi entregue ao Vaticano a chamada “Positio super virtutibus” (posição sobre as virtudes do candidato), a ser examinada pelos consultores teólogos da Congregação das Causas dos Santos.

4 de Maio, 2009 Carlos Esperança

Feitiçaria e religião

Nunca percebi bem onde acaba a feitiçaria e começa a religião. A primeira é uma crença de sociedades mais primitivas e a segunda o feitiço de outras mais desenvolvidas.

Os feiticeiro entram em transe, fazem sinais cabalísticos, receitam mesinhas e lançam maus-olhados. Os clérigos exibem vestidinhos exóticos e, com gestos rituais, distribuem bênçãos e excomunhões. Uns e outros vivem de rituais e poções a que atribuem poderes mágicos.
Desconheço a diferença entre o corno do rinoceronte e o pão ázimo para fins curativos, dado que desconheço o simples mecanismo de acção de ambos, mas sei que o primeiro se destina, reduzido a pó, a aumentar a virilidade e o segundo, servido em rodelas, a fortalecer a virtude e a fé.
Há rituais inofensivos.  Os borrifos do hissope são inócuos se for potável a água e as fogueiras dos índios também o são, se não pegarem fogo à floresta.

Crenças são crenças. La Palisse não diria diferente ou melhor. O pior é o respeito que alguns exigem em nome do multiculturalismo por não saberem bem a diferença entre a barbárie e a civilização. Que em África, sobretudo na Tanzânia, os feiticeiros atribuam  aos albinos virtudes terapêuticas, quando incorporados nas poções para dar sorte e atrair riqueza, é apenas uma crença, mas quando caçam homens e mulheres albinos para lhes extraírem a pele e outros órgãos, a fim de melhorarem a qualidade dos remédios que fabricam, a minha arrogância cultural e xenófoba faz estalar o verniz e trato a questão cultural como assassínio.

É, aliás, a mesma razão que me leva a considerar um crime contra a saúde pública a obsessão contra o preservativo cultivada por algumas tribos de estados civilizados e pelo Vaticano. Não é a crença que se condena, é a sabotagem à utilização de métodos científicos de prevenção das doenças pelas mesmas tribos que se opuseram às vacinas e aos antibióticos.

Considerar bruxa uma mulher não será grave, mas queimá-la, para erradicar a peçonha, como fez a Inquisição, torna a crença crime e desperta a ira das pessoas civilizadas.

Nota – Por falar em albinos, que se estima haver cerca de 170 mil em África, nasce 1 em cada 20 mil habitantes na Europa e na América. Em África, nasce 1 em cada 4 mil nascimentos porque sendo um problema de hereditariedade se agrava com as tradições endogâmicas.