Suprema hipocrisia
O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa afirmou que «a Igreja sabe o que fazer se forem detectados casos de gripe suína em Portugal» e ainda que «os padres são das pessoas que mais perto estão das populações e que por isso, podem fazer os avisos necessários».
À primeira vista poderíamos até pensar que se trata de uma declaração digna de elogio por parte dos responsáveis católicos portugueses. De facto, se houver uma pandemia todas as ajudas serão poucas, muito mais se vierem de uma instituição que está efectivamente «perto das populações» e que poderia bem «fazer os avisos necessários».
Tudo seria muito bonito se estas declarações não revelassem a costumeira hipocrisia de quem persiste em aproveitar cada má notícia, cada calamidade que grassa pelo mundo em proveito de um proselitismo bacoco e de mais uma manobra publicitária dessa tenebrosa multinacional do terror e do negócio da vida eterna que dá pelo nome de Vaticano.
A suprema hipocrisia reside obviamente no anúncio de que a Igreja pode fazer às populações «os avisos necessários» a conter a propagação da pandemia.
E será que pode?
Lá poder, pode. O pior é quando não quer!
Vejamos:
Imaginemos, por mera hipótese, que a Organização Mundial de Saúde anunciava que o vírus desta gripe também se podia transmitir por via sexual e que, por isso, as pessoas deveriam precaver-se do contágio também por esta via e passar a usar preservativo quando tivessem relações sexuais.
Pergunto:
Será que também neste caso a Igreja Católica continuava a fazer às populações «os avisos necessários» para conter a propagação do vírus e aconselhava o uso do preservativo?
A resposta é mais do que sabida:
– Decerto que não!
Como é bom de ver, tal como acontece com uma outra pandemia bem real chamada SIDA, a Igreja Católica continuará sempre a pôr os seus dogmas estúpidos e anacrónicos à frente da própria vida humana.
Se a Igreja Católica poderia, em caso de necessidade, «fazer os avisos necessários» às populações de forma a ajudar as autoridades governamentais a conter a propagação de uma pandemia?
– Deixem-me rir!