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Mês: Abril 2009

6 de Abril, 2009 Carlos Esperança

Para quê?

CIDADE DO VATICANO, Santa Sé (AFP) — O papa Bento XVI rezou pelas vítimas, em particular as crianças, que morreram no terremoto de 5,8 graus que abalou a Itália nesta segunda-feira, com um saldo provisório de 27 mortos.

6 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A canonização de Nuno Álvares Pereira

Ateístas contra presença de figuras de Estado na canonização

A Associação Ateísta Portuguesa insurgiu-se contra a participação de figuras do Estado na Comissão de Honra para a canonização de D. Nun’Álvares Pereira, acusando-as de «burla pueril» e de «traição ao Estado laico»
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6 de Abril, 2009 Carlos Esperança

PR e canonização de D. Nuno

Por

E – Pá

Esperemos que o Presidente da República – prosseguindo uma atitude de deslealdade e de incontornável menosprezo para com os portugueses – de regresso de Roma com tão impressionante séquito – como o Senhor Presidente da Assembleia da República; ao Senhor Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros e ao Senhor Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, ao que parece, integrantes da tal “Comissão de Honra”, de regresso a Portugal não sejam compelidos a integrar Comissões contra o uso do preservativo no combate à SIDA e contra a procriação medicamente assistida (PMA), etc….

Espero, depois desta indignidade que o Prof. Cavaco Silva, não ouse, pensar ou publicamente afirmar-se, como o presidente de todos os portugueses, estatuto que, como é óbvio, acaba de abdicar.

Espero que a 5 de Outubro de 2010, o Excelentíssimo PR, em vez de presidir ao I Centenário da República, não de desloque à catedral de Zamora para (con)celebrar os 867 anos da outorga papal – delegada no Arcebispo de Braga – de um reino – Portugal – separado de Leão e Castela…

É que certos impensados gestos dos nossos dignitários políticos confundem-nos, sobre a suas obrigações acerca da coesão nacional e interrogam-nos sobre qual o regime que vigora nesta Pátria e em que medida estão dispostos a ferir a nossa soberania, quando de joelhos à frente dos promotores de benesses religiosas, sejam naturais de que País forem, curvam a cabeça….

Aliás, penso eu, que o “estatuto de santidade”, segundo os cânones da ICAR, os destinatários dessas “honrarias canónicas” deixam de ser portugueses, espanhóis, etc, adquirem um carácter… universal.
Mas, sendo assim e ao que saiba, o Sr. Ban Ki-moon, não integra a dita Comissão…
Lamentável gaffe diplomática!

5 de Abril, 2009 Carlos Esperança

A canonização de Nuno Álvares Pereira

COMUNICADO da AAP

A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ficou perplexa com a canonização de Nuno Álvares Pereira, mas fica absolutamente indignada com a cumplicidade que os mais elevados dignitários de Portugal, nomeadamente o Sr. Presidente da República, emprestam ao acto que, na opinião desta Associação, é uma burla pueril.

A AAP entende que o prestígio do Condestável não se dilata com o alegado milagre e que, se deus existisse, podia mais facilmente ter evitado os salpicos do óleo que queimaram o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, enquanto fritava o peixe, do que ter de a curar para o beato virar santo.

A AAP duvida da capacidade de um guerreiro morto, apesar de ilustre, para actuar como colírio e duvida de D. Guilhermina, que se lembrou de recorrer à intercessão de um herói, sem antecedentes no ramo dos milagres, em vez de procurar um oftalmologista.

Mas o que a AAP repudia veementemente, salvo o devido respeito, é a atitude do Sr. Presidente da República, Professor Cavaco Silva, que aceitou integrar a Comissão de Honra para a canonização de Nuno Álvares Pereira, que vai ter lugar a 26 de Abril, em Roma.

O Estado laico, condição essencial de uma democracia, fica, na opinião da AAP, irremediavelmente comprometido com a participação do PR que, de algum modo, estabelece uma lamentável confusão entre as funções de Estado e os actos pios do foro individual.

Que Sua Excelência acredite na cura milagrosa do olho esquerdo da D. Guilhermina, a nível pessoal, é um direito que a AAP defende, mas que participe, em nome de Portugal, num acto de marketing e no obscurantismo religioso da Igreja católica, é uma posição que nos entristece e nos envergonha como cidadãos.

A AAP denuncia a manobra obscurantista em curso e apela ao espírito crítico dos portugueses para que não creiam em afirmações infundadas ou, pelo menos, façam a distinção entre as crenças pessoais e o reconhecimento estatal da superstição.


Associação Ateísta Portuguesa
– Odivelas, 05 de Abril de 2009

5 de Abril, 2009 Ricardo Alves

O regresso (oportunista?) do Condestável

Quem conhece a História da 1ª República e do papel que desempenhou no apressar do seu final uma organização chamada «Cruzada Nacional Nuno Álvares Pereira», não pode deixar de ficar incomodado por ver na «Comissão de Honra» da «Canonização» desse cavaleiro medieval o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o ministro dos Negócios Estrangeiros e o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.

Evidentemente, não se questiona o direito individual a acreditar em intercessões de além-túmulo seja de quem for, mesmo com a finalidade comezinha de curar uma queimadela de óleo de fritar peixe. Simplesmente, quem ocupa altos cargos de um Estado democrático e laico apenas deveria participar neste género de homenagem, se a consciência a isso o obriga, como cidadão privado e discreto, sob risco de estar a comprometer-se numa manobra que poderá ter aproveitamentos políticos e religiosos perigosos e indesejáveis.

Um Estado laico não patrocina crenças nem religiões; não promove igrejas nem cultos. A «canonização» de Nuno Álvares Pereira deveria ser um mero assunto privado entre os crentes católicos e a sua igreja, que decidiu certificá-lo com poderes de curandeiro post mortem, na curiosa data de 26 de Abril. Que algumas das principais figuras do Estado endossem esta campanha clerical, a pouco mais de um ano do centenário da implantação da República, demonstra que não têm memória histórica da exploração nacionalista que o Estado Novo fez desta figura, e que não compreendem que a laicidade não é a mera separação entre Estado e igreja.

[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]