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Mês: Março 2009

22 de Março, 2009 Ricardo Alves

A ICAR e a sexualidade(1): a negação da liberdade

O primeiro ponto a compreender sobre a relação católica com a sexualidade é a negação da liberdade. Como diz Paulo 6º (na célebre Humanae Vitae), «o amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e nobreza, quando se considera na sua fonte suprema, Deus que é Amor (…) O matrimônio não é, portanto, fruto do acaso, ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do Criador» (parágrafo 8). Portanto, o acasalamento de dois seres da espécie homo sapiens é parte do plano divino; o acasalamento de dois chimpanzés já não é parte desse plano. Houve um momento, algures na evolução da nossa espécie, em que o amor deixou de ser um instinto animal e passou a ser uma «instituição» do «Criador». Não nos dizem quando (o que seria a única coisa verdadeiramente interessante).

Mas Paulo 6º diz-nos mais: «Na missão de transmitir a vida, [os cônjuges] não são, portanto, livres para procederem a seu próprio bel-prazer, como se pudessem determinar, de maneira absolutamente autônoma, as vias honestas a seguir, mas devem, sim, conformar o seu agir com a intenção criadora de Deus, expressa na própria natureza do matrimônio e dos seus atos e manifestada pelo ensino constante da Igreja» (parágrafo 10). Ou seja, os católicos não têm liberdade para decidir como gerem a sua vida sexual. Devem seguir a «intenção» de «Deus» e o «ensino» da ICAR. Aliás, na Gaudium et Spes já se fora mais longe: «a vida humana e a missão de a transmitir não se limitam a este mundo, nem podem ser medidas ou compreendidas ùnicamente em função dele, mas que estão sempre relacionadas com o eterno destino do homem». Portanto, a sexualidade leva-nos para fora deste mundo. E só pode ser compreendida em relação com a «imortalidade da alma» (seja lá isso o que for).

22 de Março, 2009 Carlos Esperança

O Papa e a visita a África

O Pe. Lombardi agradeceu a hospitalidade do povo angolano e referiu que o Papa está a resistir bem ao calor que se faz sentir actualmente no país.

B16 reage bem ao calor porque não lhe faltam mordomias, por mais pobres que sejam os países onde se desloca.

Podem faltar a água, o pão e as vacinas aos autóctones mas não faltam ao Papa o ar condicionado, o carro à prova de bala, as iguarias e os banhos de multidão organizados pelo exército de freiras, padres e políticos interessados na sua bênção.

Bento XVI resiste bem às condições meteorológicas mas reage mal aos meios de comunicação social. Dá-se bem com o latim, mas tem dificuldades com o preservativo; aprecia as multidões que se ajoelham, mas teme as pessoas que se erguem; adora a crença na sua bondade, mas detesta os argumentos que o condenam pela sua desumanidade.

B16 não é um troglodita que se inocente pela ignorância e estupidez, é um intelectual que deve ser julgado pela sua intransigência e maldade.

Quem sabe que a sida mata milhões de pessoas e que o preservativo é a arma para debelar o flagelo; quando conhece a violência do sofrimento dos infectados e aconselha a que não se protejam; quando tem a noção de que a sua mentira pode ser acreditada, não está a divulgar uma crença, está a cometer um crime contra a humanidade.

É este perigoso propagandista da fé, que mente em relação à sida, que anda à solta por África a destruir o trabalho das ONG’s, a fomentar o contágio do HIV entre milhões de pessoas, a prescrever a castidade numa região onde a baixíssima esperança de vida torna precoce a reprodução e a morte.

Quando um futuro Papa vier pedir perdão pelo mal que este fez, as pessoas devem lembrar-lhe as Cruzadas e a Inquisição. Foi há muito tempo? – Pois foi, mas a maldade está na natureza das funções e nas crenças de que vivem estes parasitas da fé.

Um Papa que pede para combaterem a bruxaria, amaldiçoando a ciência, só pode querer que as pessoas troquem os outros bruxos por ele.

Esta visita do Papa pode provocar mais mortes do que o paludismo.

21 de Março, 2009 Raul Pereira

17 anos depois, chama o António.

Dezassete anos depois de colocar um preservativo na cara de um Papa, António vê-se obrigado a fazer o mesmo ao seu sucessor e, provavelmente, fará o mesmo com o seguinte. Enquanto houver Papas e António…

[Cartoon de António em 1992. Clique na imagem para ver o desenho publicado na edição de hoje do Expresso]

21 de Março, 2009 Carlos Esperança

Declarações de Bento 16 e a sida

Por

E – Pá

Bento 16, destruiu em menos um minuto – o tempo necessário para as suas infames declarações! – anos e anos de trabalho de múltiplas equipas de prevenção governamentais e de Organizações Não-Governamentais (ONG’s) que têm dirigido uma especial atenção para a África subsariana, dramaticamente afectada pela SIDA.

Para prestar declarações, em termos humanitários, deste teor cataclísmico, bem podia ficar de quarentena no Vaticano.

É, mais um lamentável episódio entre as falsas convicções (impostas dogmaticamente) que tornaram cruéis e desumanas as religiões e as colocaram em permanente conflito com o mundo científico, neste caso, com a epidemiologia e a medicina preventiva.

Para quem, como a Cúria romana, considera um espermatozóide um “homem pequenino”, esta nefasta e funesta “contribuição”, provocará muitas mais mortes do que a sua insana e néscia “batalha” contra o aborto (que toda a gente reprova, mas aceita e legisla para situações específicas, convém esclarecer).

Se existissem saldos humanitários, Bento 16, tinha posto em consonância o negativismo das concepções retrógradas e deletérias ICAR, que vêm de há séculos e perduram, com mais recente crise oriunda de Wall Street…

Ambas, conduzem à miséria…

E se, as declarações de Bento 16, não fossem tão graves e vexantes para a Igreja teriam, no mínimo, transformado a sua digressão africana, num festival da ignorância e do ridículo.

Bem-aventurados os que têm a noção (…pelo menos a noção) de que existe Ciência (ou conhecimento científico).

21 de Março, 2009 Carlos Esperança

Prendam-se as testemunhas

Um bispo anglicano nigeriano pediu ao Parlamento que impeça os casamentos entre homossexuais. E como medida adicional a prisão para quem tiver a coragem de aparecer na boda.

Numa carta enviada aos parlamentares, Peter Akinola, o prelado homófobo, citado pelo diário espanhol El País, diz que o matrimónio entre pessoas do mesmo sexo “aparte de ser ímpio é antibíblico, pouco natural, não rentável, malsão, incultural e antinigeriano”.

Comentário: Quando os doidos forem a maioria nós é que seremos internados.

21 de Março, 2009 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa

Assunto: A viagem de Bento XVI a África

COMUNICADO

À Comunicação Social

Bento XVI declarou, no início da sua primeira visita ao continente africano, que “não se resolve o problema da SIDA com a distribuição de preservativos” e que, “pelo contrário, (a sua) utilização agrava o problema”.
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) repudia solenemente estas graves e falsas afirmações e, sabendo que 67% das pessoas infectadas com SIDA vivem na África subsariana, lamenta a viagem do Papa católico a África e os consequentes prejuízos irreparáveis na luta contra a dramática epidemia.

Estas afirmações do Papa, ao arrepio dos conhecimentos científicos, em colisão frontal com as recomendações dos organismos internacionais, nomeadamente a OMS, e com grave prejuízo dos esforços das autoridades sanitárias para debelarem o flagelo, contribuem para tornar mais dramática a situação e mais difícil o seu controlo.

Com estas palavras, a visita do Papa a África torna-se numa calamidade que contribui para a degradação das condições sanitárias e para o recrudescimento da epidemia da SIDA. As crenças de Bento XVI contrariam os conhecimentos epidemiológicos e as suas declarações agravam os perigos de comportamentos sexuais de risco e da propagação da SIDA.

A reprovação do preservativo, o meio mais eficaz de prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, é moralmente injusta e cientificamente insustentável. Ao defender dogmas religiosos sem considerar a tragédia humana que daí resulta, o Papa declara-se como um dos responsáveis pelo agravamento da epidemia e pela sabotagem dos esforços dos organismos de combate à SIDA.
Deste modo, a AAP condena, em nome da paz,  da liberdade e da felicidade humanas, o comportamento imoral do Papa e apela a que a representação do Vaticano nas organizações internacionais de saúde seja suspensa até à retractação, sem subterfúgios, destas alegações inadmissíveis.
Finalmente, a AAP exorta a Conferência Episcopal Portuguesa a demarcar-se das infelizes e graves afirmações papais sob pena de se tornar cúmplice da sabotagem no combate à SIDA.

Bastavam a África a fome, as epidemias e o tribalismo. Era escusada a viagem papal.

Associação Ateísta Portuguesa – Odivelas, 20 de Março de 2009

20 de Março, 2009 Carlos Esperança

Paradoxo

Cidade do Vaticano, 19 mar (RV)O Vaticano promove amanhã (20), por dois dias, a primeira Conferência Internacional “sobre mulheres e direitos humanos”, intitulada “Vida, família, desenvolvimento: o papel das mulheres na promoção dos direitos humanos”.

A iniciativa é promovida pelo Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, pela Aliança Mundial de Mulheres pela Vida e a Família (WWALF) e pela União Mundial de Organizações Católicas de Mulheres (WUCWO).