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Mês: Fevereiro 2009

13 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

O islão é pacífico

HILLA, Iraque (AFP)Trinta e duas pessoas, na sua maioria mulheres e crianças que seguiam em peregrinação para a cidade santa xiita de Kerbala, sul do Iraque, morreram nesta sexta-feira num atentado executado por uma mulher.

1 – Para os trogloditas da fé, os infiéis não são apenas os que têm um deus diferente mas os que se reclamam de um ramo familiar diferente do profeta;

2 – No islão a emancipação da mulher, a igualdade em relação aos homens, começa pelo martírio, no suicídio e no assassinato. Mau começo.

13 de Fevereiro, 2009 Luís Grave Rodrigues

Métodos

13 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

Salazar – o biltre revisitado

Ditador católico

Ditador católico

Os leitores hão-de compreender que um sexagenário não pudesse, por razões de saúde, aguentar a Vida Privada de Salazar, apresentada pela SIC. Não mo permitiu a tensão e o pudor mas, do que vi, tratava-se de homem de paixões à espera do tálamo e do coito e, do que sei, o tálamo foi o País e do coito sem mulher todos fomos vítimas.

O macho ibérico com cio foi a caricatura do biltre misógino.

Ainda vi o ar dengoso do antigo seminarista a salivar desejos. Resisti à viagem fatal aos recônditos femininos, às transfusões de saliva e à pressa de percorrer os corpos.

Salazar foi certamente o Presidente do Conselho enviado pela Providência – segundo a Irmã Lúcia disse ao Cardeal Cerejeira –, sem se perceber o que terão feito os portugueses para merecerem tamanho castigo. Não, não era ele que controlava a PIDE, apenas era partidário de uns safanões dados a tempo, por prevenção e pedagogia.

Enquanto em Timor, Angola e Cabo Verde torturavam os adversários é de crer que o mariola estivesse a ferver de desejos em S. Bento; quando na rua dos Lusíadas foi assassinado o escultor Dias Coelho o ditador estaria a tomar banho depois da cópula; se o Rosa Casaco tinha ido à caça do general Humberto Delgado, como se de um coelho se tratasse, ele fazia o que os coelhos também sabem, no lupanar de S. Bento.

Enquanto a guerra colonial consumia jovens e devolvia estropiados o ditador tinha as botas à entrada do quarto e fazia amor. Não faria amor, que é um acto a exigir sentimento e humanidade, ninguém dá o que não tem, apenas podia servir-se e aliviar.

A guerra em que andei não existiu, são coisas de velho, rancores inexplicáveis, uma falsa memória de quem inventou palavras, Tarrafal, S. Nicolau, Aljube, Caxias e Peniche. Não houve queimadelas de cigarros, estátua, torturas, pancada, tudo criações de comunistas e afins, degredo, fome, prisões e tribunais plenários. Não. Enquanto os inimigos da Pátria, a soldo de Moscovo perpetravam crimes infames, vis e cavilosos, o ditador saltitou de fenda em fenda até sucumbir numa fenda enorme – uma banheira – a metáfora oportuna para o cio que o corroeu.

E, assim, se vão criando condições para a amnésia colectiva.

12 de Fevereiro, 2009 Ricardo Alves

Ratzinger recentrado

Ratzinger conhecia a Fraternidade São Pio X e os seus (ir)responsáveis bispos, quanto mais não fosse porque foi ele próprio que, há duas décadas e enquanto prefeito da «Congregação para a Doutrina da Fé», tentou impedir o afastamento destes católicos tradicionalistas. Sabia portanto o que estava a fazer. Pode não ter adivinhado todas as consequências, mas sabia quem eram, e o que pensam, as ovelhas que voltariam ao redil.

Portanto, a verdadeira questão é o porquê destas re-comunhões. A resposta mais óbvia é que considera os católicos tradicionalistas parte da sua ICAR, da igreja que imagina e que deseja. E as opiniões políticas e históricas dos lefebvristas, provavelmente, não o chocam intimamente por aí além. Outra resposta é que Ratzinger deseja criar um contrapeso aos «católicos progressistas». E está a consegui-lo. Por compreender isto, Hans Kung pede a demissão do Papa e Leonardo Boff chama-lhe «pastor medíocre» e «politicamente desastrado», e sugere também o afastamento de Ratzinger. Para azar deles, Ratzinger parece preferir uma ICAR mais pequena mas mais coesa.

Nota final: Williamson não é o único anti-semita dos bispos reintegrados. Outro desses bispos, Tissier de Mallerais, já proclamou que «os judeus são os mais activos artesãos da vinda do anti-Cristo». Esse mesmo Mallerais já anunciou a intenção dos lefebvristas de «converter Roma». (E o próprio Lefebvre era crente no «complô judaico-maçónico-comunista».)

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

12 de Fevereiro, 2009 Miguel Duarte

Hoje às 19:00 – Encontro Ateísta e Humanista

Localização

Café/Bar/Galeria: Fábulas

Calçada Nova de São Francisco,  14 (Chiado)

Como nos encontrar

“Folha com o logo do Meetup em cima de uma mesa.”

12 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança

B16 pensa mas pensa mal

B16 não compartilha, no entanto, do evolucionismo radical. Em visita à Alemanha em Setembro de 2006, criticou o que chamou de “essa parte da ciência que se empenha em buscar uma explicação ao mundo na qual Deus é supérfluo”.

Joseph Ratzinger considerou na ocasião “irracionais” as teorias que consideram a existência da humanidade um “resultado do acaso” e destacou que, para os cristãos, “Deus é o criador do céu e da terra e que para entender a origem do mundo é preciso ter Deus como ponto de referência”.

11 de Fevereiro, 2009 Ricardo Alves

Arredai!

Desde o Concílio Vaticano 2º que a ICAR aceita a laicidade no sentido da autonomia «administrativa» do Estado perante as igrejas (mas só porque insistimos muito, mesmo muito, durante séculos) mas, todavia, continua sem aceitar a laicidade no sentido da autonomia ética da sociedade perante a cultura cristã. Os mais mediáticos dos conflitos contemporâneos entre política e religião, da legalização da IVG aos casamentos entre homossexuais, têm aqui a sua origem.

A laicidade, ao contrário do que argumentam equivocadamente os clericais, não é simples «autonomia administrativa», ou seja, separação entre registo civil e ficheiros canónicos, entre poder democrático e cargos de nomeação do Vaticano, entre receitas públicas e remunerações do clero. É também a distinção entre regras legais para todos, e conceitos morais para os que são religiosos.

A ICAR tem todo o direito de não casar homossexuais. Tem também o direito de os excomungar. Já duvido de que tenha o direito de despedir alguém a quem pague salário – por esse alguém ser homossexual.

A laicidade garante a liberdade de expressão para todos. Até para os que gostariam de a restringir, ou que a ela se opuseram historicamente. A ICAR pode portanto bradar contra os casamentos entre homens, ou entre mulheres, ou entre pessoas estéreis. Está no seu direito. Como nós estamos no nosso ao criticar os argumentos apresentados e a sua fundamentação.  Por exemplo, que «detrimento» resulta para as famílias existentes do reconhecer-se novos tipos (legais) de família? Ou qual será o prejuízo para a «crise» de uma medida legislativa que cria novas famílias? Ou ainda, porque será a «família homossexual» mais «antropologicamente errada» do que o celibato? Finalmente, será que não compreendem que o que se deve mesmo dizer às novas gerações é que «sejam o que quiserem»?

Evidentemente, tudo isto me parece pouco relevante. Apesar de se anunciarem indicações de voto especificando os partidos políticos «catolicamente correctos», já vai sendo tempo de ignorar a ICAR nestes debates. Nos dois referendos sobre a IVG, mostraram a sua inigualável capacidade de envenenar o debate público com panfletos terroristas, imagens sanguinolentas, manipulação de crianças, abuso das plataformas públicas que lhes oferecem (geralmente, para outras finalidades) e, não esquecer, as atoardas sobre as famigeradas «leis naturais». Querem fazê-lo em eleições legislativas? Se sim, convém recordar que há limites legais às intervenções de sacerdotes em campanhas eleitorais. Mas o melhor é mesmo arredarem, porque já não há pachorra.

A terminar, não posso deixar de registar como uma novidade positiva as declarações de dirigentes do PS sobre este assunto. Não vi a mesma clareza aquando dos referendos à IVG. Só falta que Pedro Silva Pereira diga que a ICAR não deve meter o bedelho nesta questão. Mas não deve tardar, penso eu…

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

11 de Fevereiro, 2009 Miguel Duarte

Comemoração do Dia de Darwin em Lisboa

Com o objectivo de celebrar os 200 anos do nascimento de Darwin e os 150 anos da publicação de “A Origem das Espécies”, num evento com o apoio da Mensa Internacional e dos humanistas portugueses, irá decorrer no próximo Sábado, dia 14 de Fevereiro, a partir das 15:00, no Instituto Superior Técnico em Lisboa (Anfiteatro QA1.1 da Torre de Química, 1º piso), um seminário subordinado ao tema da teoria da evolução.

Programa:

  • “Introdução Histórico-Científica” pelo moderador, Dr. Jorge Mota, Psiquiatra, da MENSA
  • Tema 1: “Ciência e religião, crenças e intolerância”. Orador: Dr. Cipriano Oliveira, Advogado e investigador
  • Tema 2: “Evolução humana nos últimos 200.000 anos – espécies, extinções, migrações, pressões evolutivas”. Orador: Dr. José Herculano, da MENSA:  Lic. Antropologia; Estágio Antropologia Física; Chefe de equipa de Paleoantropologia em escavações do neolítico no vale do Tejo – 2 temporadas.
  • Tema 3:  “Evolução, Mente e Emoções”.  Orador: Dr. Serafim Carvalho, Psiquiatra
  • Tema 4 (provisório): “Darwin, para além das Galápagos”. Engº (Ambiente) Carlos Simões, da MENSA

O evento é aberto a todos os interessados e de entrada gratuita.

11 de Fevereiro, 2009 Luís Grave Rodrigues

Um Peculiar Conceito de Ética

 
A questão é até surpreendentemente simples:
Diz o artigo 36º n.º 1 da Constituição da República Portuguesa:
«TODOS têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade».

Todos?
Sim, todos!
É o que estabelece a Constituição.

E todos, quer dizer isso mesmo: «todos».
Ou seja:
Todos os cidadãos têm o direito de constituir família e de contrair casamento, sem que ninguém os possa condicionar no acesso a esses direitos constitucionalmente estabelecidos.
E sem que ninguém os possa discriminar no exercício desses direitos qualquer que seja a razão invocada, incluindo, por exemplo, a sua orientação sexual. É o que estabelece o nº 2 do artigo 13º da Constituição.

São pois estas as determinações Constitucionais que estão vigentes, são estes os Direitos, Liberdades e Garantias que vigoram no Estado de Direito que TODOS NÓS pretendemos ver cumprido em Portugal.

Todos?
Não!
De facto, nem a todos interessa ver cumprido o Estado de Direito, nem todos acham que se deva dar relevância aos Direitos, Liberdades e Garantias estabelecidos na Constituição Portuguesa.

Explica-nos a «Agência Ecclesia» que a Conferência Episcopal Portuguesa está a preparar uma coisa chamada «nota pastoral» que começa por nos explicar que os cristãos, coitados, precisam muito que lhes expliquem quais são os partidos políticos em que devem ou não votar nas próximas eleições.
É assim como se fosse uma espécie de mistura entre um atestado de estupidez e um atestado de menoridade política que a Conferência Episcopal passa ao seu próprio rebanho.
Enfim, eles lá sabem!

Depois, os bispos portugueses deixaram bem claro que acham que devem ser eles a determinar não só já o Direito Canónico, o seu Catecismo, o tamanho das hóstias ou as músicas que se cantam nas missas, mas agora também a forma como são definidos e legalmente regulados alguns dos contratos tipificados no Código Civil.

Finalmente, estes ilustres prelados querem deixar bem claro que a Constituição da República Portuguesa não é coisa que valha a pena levar em consideração, tanto assim que defendem que é à Igreja Católica que compete definir o conceito de «família» mesmo que o direito à sua constituição esteja previsto no artigo 36º da nossa Lei Fundamental.

Como se não bastasse, o próprio secretário da Conferência Episcopal Portuguesa parece também querer deixar bem claro o que é que a Igreja Católica entende por ÉTICA.
Com efeito, aquele emérito especialista em família e em casamento afirmou que «a Igreja acolhe no seu seio todas as pessoas, incluindo os homossexuais, e condena “toda a discriminação”».

Toda?
Mesmo TODA a discriminação?
Não! Claro que não.

Para que não restassem dúvidas o Sr. Bispo afirma que condena toda a discriminação, sim, mas… “CONTUDO” – e, para certas pessoas, nestas coisas de direitos fundamentais dos cidadãos é sempre bom deixar uma ou outra excepção em aberto, não é? – explica-nos que, vejam só, «a família não é aquilo que nós queremos que seja»!

E, logo a seguir, cá fica a determinação da Igreja Católica que toda a sociedade deve obviamente prosseguir acriticamente: «a família é constituída pela união de amor entre um homem e uma mulher».

E cá temos a Igreja Católica no seu melhor:
Uma instituição absolutamente tenebrosa, que se acha no direito de definir e estabelecer onde começa e acaba o amor entre os seres humanos, que não respeita os fundamentos do Estado de Direito em que vive, que diz que condena as discriminações entre os seres humanos, mas não “todas” as discriminações, que pretende determinar as condições e a regulamentação dos contratos de natureza exclusivamente civil e que já tem mesmo o desplante de querer impor a toda a sociedade o seu peculiar e paleolítico conceito que tem de «família».

E tudo isto nos é explicado no meio de uma chantagem político-eleitoral por um sujeito qualquer que aparece de repetente na comunicação social vestido de saias e que eu não conheço de lado nenhum, mas que se acha no direito de determinar a sociedade em que eu vivo.

E que ainda por cima, de acordo até com as definições que nos pretende impor, nem sequer ele próprio tem… família!