20 de Fevereiro, 2009 Carlos Esperança
Quo vadis, Bento 16?
Para os que pensavam que a ICAR era compatível com a modernidade e a civilização, aí está Bento 16 a desmenti-los com a brutalidade das suas decisões.
Não se pense que é a crença em deus que o anima, pormenor sem importância, é o poder que o cega. Como gostaria de ter católicos capazes de se imolarem!
Com que enlevo verá este papa medieval a demência fascista do Islão com o seu cortejo de mártires, obsessão totalitária e a organização da sociedade toda baseada no livro que o arcanjo Gabriel ditou a Maomé, a voar baixinho entre Medina e Meca!?
Com que pasmo há-de observar os judeus das trancinhas a tentarem derrubar à cabeçada o Muro das Lamentações, a sobrar-lhes na fé o que lhes mingua no banho, a sonhar com o regresso à Palestina e a pensar que são o povo eleito!?
O Papa, este papa, sonha com o espírito das Cruzadas e o regresso do Santo Ofício para impor a disciplina da fé e o fausto do papado.
A reabilitação do bispo fascista inglês, Williamson, não é um erro de quem não conhece o biltre, foi a decisão do correligionário que o estima.
A Igreja católica divide-se, com vergonha do papa e pavor do seu extremismo, mas não faltam outros para tomar o seu lugar e novas seitas à espera de ocupar o espaço vago no mercado da fé. Bento 16 sabe o que faz e quer o confronto com a modernidade, certo de que os extremismos deslumbram.
Os milagres não são, como alguns pensam, o folclore da religião, são o alimento da fé e o instrumento ao serviço do obscurantismo.
A elevação a bispo do eclesiástico que atribuiu o furacão Katrina e a destruição de Nova Orleães ao castigo de deus, pelos pecados da cidade, é a prova que faltava para a certeza da agenda obscurantista do Vaticano.
Bento 16 sabe o que fez. E sabe os riscos que corre. Sabe, inclusive, como o seu deus é célere a chamar à divina presença os que lhe prejudicam os interesses terrenos. Deve ter ponderado a pressa com que João Paulo I foi chamado.
No Vaticano não são permitidas autópsias.