O prestígio do condestável não se alterou com o milagre que lhe foi adjudicado. Deus podia mais facilmente ter evitado os salpicos de óleo que atingiram o olho esquerdo da D. Guilhermina de Jesus, enquanto fritava o peixe, e a consequente «úlcera da córnea, uma coisa gravíssima», do que ter de a curar, para fazer a vontade ao Beato e permitir a sua elevação a santo.
Um vulto histórico, da dimensão de Nuno Álvares, não se engrandece com a cura de uma queimadela ocular quando há tantos amputados a quem o crescimento de uma perna facilitava a vida e era mais estimulante para o prestígio da fé.
Não pondo em dúvida a capacidade do herói de Aljubarrota para ser usado como colírio, fica a surpresa por se ter lembrado dele a D. Guilhermina e, em vez de usar a expressão habitual dos soldadores, quando um pingo de solda lhes atinge um olho, ter recorrido à intercessão do taumaturgo, sem antecedentes no ramo, para lhe salvar a visão.
Há nesta maratona pia uma sucessão de felizes coincidências. Começou pelo facto de a D. Guilhermina ter optado por fritar peixe em vez de assá-lo na brasa; depois, perante a dor que se adivinha, em vez de recorrer a uma expressão que não cura, mas aliviava, ter pedido a intercessão de quem precisava do milagre para ser promovido a santo; depois, ter disso conhecimento a Igreja católica e estar na presidência da Prefeitura da Causa dos Santos o experiente pesquisador de milagres e criador de santos, o cardeal Saraiva Martins; finalmente haver no Vaticano médicos para certificarem a cura do olho e, em Lisboa, devotos ansiosos pelo novo santo.
Só quem é capaz de distinguir a água benta da outra está em condições de rubricar um milagre que, não sendo por aí além, foi o melhor que se arranjou. O patriarca Policarpo preferia que fosse dispensado das provas públicas do milagre mas resignou-se com a exigência do Papa; o presidente da República já fez saber da sua satisfação, certamente falando em nome dos familiares, e a Pátria, angustiada com a crise, ficou indiferente.
Os espanhóis que, durante muitos anos, não toleraram a santidade do carrasco que os humilhou nos Atoleiros, em Aljubarrota e em Valverde, têm agora tantos santos que não ligam à elevação de D. Nuno aos altares.
Durante os dois últimos pontificados emergiu um tsunami de santidade que varreu os cemitérios da catolicidade e dos cadáveres fez taumaturgos.
Os bispos portugueses da ICAR publicaram o seu mui aguardado documento teórico sobre o casamento entre homossexuais.
Essencialmente, dizem-nos que o casamento «desestrutura» a sociedade. Ou seja, pessoas do mesmo sexo poderem casar-se, assumirem jurídicamente deveres mútuos, comprometerem-se a sustentarem-se um ao outro, a partilharem propriedades e dificuldades, seria «desestruturante». Curiosamente, sempre pensei o contrário: que a assunção de deveres e responsabilidades seria estruturante, sinal de maturidade e integridade. Os bispos discordam.
Porquê? Aparentemente, porque acham que a «base antropológica da família» seria a «complementaridade dos sexos». Bom, enganaram-se no adjectivo e num substantivo: suponho que queriam dizer que a base biológica da reprodução é a procriação sexuada. Ou seja, só há reprodução com um espermatozóide (macho) e um óvulo (fêmea). Mas os bispos não gostam de ciêncas da natureza. E por isso divagam e atribuem à antropologia o que é da biologia. Porque, antropologicamente, já houve de tudo. Desde haréns com um macho dominante, até filhos criados comunitariamente pela mãe, irmãs e avós, passando pela mulher propriedade do homem, até ao actual casal igualitário. Querem proibir mais uma variação, na era da procriação assistida e das famílias recompostas? Ridículo.
Note-se também que não explicam como é que a existência de mais um tipo de família iria «desestruturar» os outros tipos de família. Se os vizinhos gueis do 2º esquerdo se casarem, os heterossexuais do terceiro andar vão divorciar-se? Não se entende a relação.
Finalmente, os senhores bispos acham que fazer uma lei é «alterar» a «antropologia». Que exagero. As pessoas fazem o que querem. Cada vez se reconhece mais que é assim que deve ser. São as alterações no modo como as pessoas vivem que levam a alterações legais. Pretender que as leis impeçam as alterações sociais é segurar uma inundação com as mãos. E é isso que os bispos parecem querer fazer. E se deixassem as pessoas escolher?
A Santa Sé pediu e conseguiu a censura por parte das autoridades de Israel de um programa humorístico de um canal de tv privado que “ridicularizava com palavras e imagens blasfemas” Jesus Cristo e a Virgem Maria, informou o Vaticano nesta sexta-feira em um comunicado.
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O programa televisivo foi transmitido no início da semana e foi realizado pelo humorista Leor Shlein, que brincou com alguns aspectos da vidad e Jesus e afirmou que “Maria foi engravidada aos 15 anos por colega de turma”.
1963: “O Vigário” abala Alemanha e Vaticano
No dia 20 de Fevereiro de 1963, a peça “O Vigário” estreava em Berlim, despertando a Alemanha do belo sono do milagre económico e gerando grande indignação ao denunciar a omissão do Vaticano no nazismo.
Holocausto: bispo negacionista tem dez dias para abandonar a Argentina
A selecção portuguesa perdeu quinta-feira a final do quarto Torneio Europeu de futsal para padres – denominado Champions Clerum -, ao ser derrotada (0-2) pela Polónia, que se sagrou campeã europeia pela segunda vez consecutiva.
Alguns momentos a reter:
Min. 2:20: «Who’s closer to god now, bitch?»
Min. 2:36: «He’s heading straight to the penalty shrine!»
Min. 2:44: «You know, Neal, it’s a good thing god is real, otherwise all this fighting would be…» «Wooow!».
Min. 3:15: «But, wait, when does this end? When do they stop fighting?»
Quando é que eles vão acabar com isto? Bem, não tenho resposta para esta questão, mas receio que, infelizmente, ainda demore uns tempos…
Um comediante israelita fez umas graçolas, num programa de TV, sobre a vida sexual de Maria, mãe de Jesus. Os cristãos da terra dita «santa» não acharam graça, e ameaçam com os tribunais. Os muçulmanos juntaram-se ao protesto.
Os cristãos queixam-se também de que, há alguns meses, foram publicamente queimadas cópias do Novo Testamento no pátio de uma sinagoga.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.