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Pede-se um pouco mais de coragem, cidadão Policarpo!

O José Policarpo acha que as portuguesas não se devem casar com muçulmanos. As mulheres, note-se, pelo que se presume que os portugueses podem casar com muçulmanas. Portanto, o problema é o machismo dos muçulmanos, que quando levam as incautas portuguesas «para o país deles» as «sujeitam ao regime das mulheres muçulmanas». Eu concordo com o Policarpo. Não simpatizo muito com machismos e sujeições, ainda mais quando religiosamente justificados e acompanhados de véus obrigatórios e outras menorizações das mulheres.

Só há um pequeno problema. Há também machismo entre judeus e cristãos. Os primeiros costumam rezar todas as manhãs «abençoado sejas, Deus nosso Senhor, por não me teres feito mulher», e em Israel não permitem às mulheres que iniciem um processo de divórcio (aos homens permitem). Os segundos não têm mulheres sacerdotes e continuam obcecados com a «virgem Maria», sem nada dizerem da virgindade de «Cristo», o que é revelador…

Enfim, que o Policarpo ande desgostoso com o Islão, eu compreendo (e partilho). Também concordo que «é muito difícil» dialogar com islâmicos, pois acham que «a verdade deles é única e é toda». Acontece que tenho tido o mesmíssimo problema com católicos e outros cristãos.

Se Policarpo quer ser levado a sério, tem que dar mais um ou dois passos (o que requer uma coragem que eu duvido que tenha), e aplicar a outros a crítica que faz ao islão. Pode começar pela casa dele.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

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