9 de Dezembro, 2008 Carlos Esperança
Momento de Poesia
Dissertação sobre o Big Bang
E naquele momento zero em que tudo começou,
no primeiro segundo cósmico,
surgido a partir do Nada
a energia, concentrada e tensa, explodiu
fazendo saltar matéria incandescente a alta velocidade
para formar estrelas, cometas, planetas e galáxias
a ensaiar uma louca dança orbital
e a obedecer com precisão infinita
à lei da gravitação universal
Newton ainda estava a muitos anos-luz de distância
na escala temporal, até uma maçã o despertar
Galileu leu todos os sinais dos céus,
observou, fez experiências, analisou e calculou
e tudo ficou mais claro e transparente
para um cabal e definitivo entendimento
nem o Papa, que o mandou calar,
nem a sentença da Sagrada Inquisição
estancou aquele pensamento perverso
de ser a Terra continuamente a rodar
e de nunca ter sido o centro do Universo
desmentindo assim as verdades divinas
vertidas pela Fé nas Escrituras
e o Mundo continuou a girar, a girar,
rasgando segredos e descobrindo infinitos
com estrelas ainda a nascer
e outras a desaparecer, em lenta agonia cósmica
até um buraco negro as devorar
como se tudo se reduzisse a uma liminar equação
entre energia e matéria, na sua matemática relação
e que Einstein revolucionariamente resolveu
mas há ainda uma outra lei desconhecida,
a do ciclo e do contra-ciclo, marcada pelo tempo,
com o Universo a inverter-se e a matéria a contrair-se
quando a energia se esgotar e o espaço terminar,
deixando de se dilatar
aparecendo uma força descomunal
a esmagar galáxias, estrelas, cometas e planetas
(fulminando a Humanidade, se ela ainda existir)
até a matéria se dissolver
e a energia regressar ao ponto inicial
para um outro Big Bang começar…
Alexandre de Castro