Espanha – drama do fascismo católico
Trinta anos após a comemoração da Constituição, a Espanha descobre horrorizada que, durante a ditadura franquista, pelo menos dez mil crianças foram roubadas às mães e entregues à segurança social ou a centros religiosos.
As crianças eram retiradas à força às mães presas nas masmorras do franquismo. As autoridades facilitavam a mudança de identidade e faziam desaparecer as certidões de nascimento e de baptismo.
A coragem de Baltasar Garzón, o juiz que mandou deter Pinochet, pôs a nu a sórdida conduta do fascismo espanhol e do pio facínora Francisco Franco, embora tenha sido desautorizado pela Audiência Nacional cuja presidência lhe foi recusada.
Para horror das pessoas civilizadas, foi revelado pelo historiador Ricard Vinyes, num documentário da TVE, que «a normativa franquista exigia que quando uma presa política entrava no cárcere, aguardava-se que desse à luz. Logo a seguir, o filho era entregue a instituições ligadas ao regime ou à Igreja».
Não surpreende, pois, a revolta da juventude que pede a desbaptização perante a cumplicidade da Igreja católica com os crimes hediondos do franquismo. Não espanta a desolação dos que aguardam uma reparação moral e anseiam por conhecer a identidade antes da morte que se avizinha.
A onda de santidade que percorreu Espanha com a beatificação e canonização de quem, em vida, teve conduta duvidosa, por exemplo, santo Escrivà, foi a última ignomínia dos serventuários do fascismo.
Nota: Elementos retirados do DN, de ontem, «Visto de cá» (Francisco Barcia)
Perfil de Autor
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- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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