O amor ao próximo
A homossexualidade é crime em 86 países. Nestes, o sexo consensual entre adultos, em privado, pode levar à prisão ou até à pena de morte. Nos próximos dias a França irá propor às Nações Unidas uma declaração condenando a criminalização da homossexualidade. «Exortamos os Estados para tomar todas as medidas necessárias, em particular legislativas ou administrativas, para garantir que a orientação ou identidade sexual não possam, em circunstância alguma, servir de base a acções penais, em particular execuções ou penas de prisão.» (1)
Esta declaração conta já com o apoio de toda a Europa. Toda? Não! Um pequeno estado povoado de irredutíveis católicos ainda resiste ao avanço da decência. O Monsenhor Celestino Migliore, observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, diz que apesar da Igreja Católica se opor à «discriminação injusta» dos homossexuais, uma declaração da ONU poderia pressionar os estados que não reconhecem o casamento entre homossexuais. Há que escolher, portanto, o mal menor. Mais vale deixar que metade dos países do mundo prendam e executem pessoas pela sua orientação sexual do que arriscar que outros se sintam pressionados a conceder os mesmos direitos civis a todos os casais que queiram viver uma vida em conjunto. Isso sim seria uma tragédia.
Felizmente se preservou o espírito cristão de amor ao próximo. Foi difícil, mas graças a Carlos Magno, às cruzadas, ao diálogo sempre amigável entre as várias variantes do cristianismo e à Santa Inquisição, sobreviveu até hoje esta visão do mundo que leva todos os cristãos a considerar acima de tudo a dignidade da pessoa humana em vez das politiquices e jogos de poder. Um bem haja a todos e que o vosso deus vos dê a eternidade que merecem.
1- ZNag, 12-12-08, Tell Obama, Clinton: Act Now for UN Decriminalization
Outras fontes:
Times Online, Vatican opposes de-criminalising same sex unions
Guardian, A watershed for gay rights
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