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Mês: Setembro 2008

23 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

Padre Pio – Impostor reconhecido pelo vaticano

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcísio Bertone, anunciou que o papa Bento XVI participará das comemorações em homenagem a Padre Pio, no próximo ano, na cidade italiana de San Giovanni Rotondo. A confirmação foi feita nessa manhã por Dom Tarcísio, antes de presidir a missa solene em homenagem ao santo.

Comentário: João XXIII sempre considerou o Padre Pio um impostor mas o negócio da fé já o promoveu a santo, com a conivência de B16.

23 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

Crónica de um fim do mundo anunciado

Por

Renato Soeiro

 

Se hoje escrevo esta crónica, é porque afinal o mundo não acabou no momento em que foi posto em operação o LHC, o grande acelerador de partículas do CERN. Depois das profecias do fim do milénio, abundaram agora as previsões catastrofistas, abusando da ignorância popular e da decorrente tendência para acreditar em deuses e demónios, em desgraças e milagres.

Em Genebra não se fazem milagres, fazem-se coisas muito mais importantes. Abre-se uma porta para darmos mais uns passos no conhecimento da matéria, da sua natureza, da sua história e da sua origem. A matéria de que são feitas as estrelas, de que somos feitos nós, a matéria também de que são feitos os nossos sonhos.

Mas os cientistas do CERN contribuem para a nossa vida muito para além da física das partículas. As suas descobertas e invenções são postas à disposição dos outros investigadores de todos os Estados participantes e das universidades de forma livre e gratuita. Nesta atitude, que contrasta com o mesquinho mundo milionário dos negócios de patentes, estão também a abrir uma porta para um mundo diferente, em que o conhecimento será considerado património comum da humanidade.

Talvez não se lembrem, mas foi exactamente isso que fez, neste mesmo CERN, nos anos de 1989 e 90, o investigador Tim Berners-Lee quando inventou uma coisa a que chamou world wide web (www) e que, conjuntamente com o seu colega Robert Cailliau, insistiu para que fosse disponibilizada para todos de forma livre e gratuita. A essa atitude devemos o facto de hoje dispormos de uma ferramenta universal e gratuita de comunicação. Foi outra porta que o CERN abriu, pela qual hoje passam milhões de pessoas todos os dias.

Nota: Este artigo, de 13 de Setembro, só hoje o li, pedindo desculpa pelo atraso da publicação ao autor e aos leitores

22 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

Momento zen de segunda

João César das Neves virou ateu

Na homilia de hoje, no DN, João César das Neves começa por apelar a uma espécie de Declaração Universal dos Direitos de Deus e acaba numa pungente exteriorização de ateísmo.

Entre os desvarios místicos do prólogo e a decepção ateísta do remate da prédica “Deve ser horrível ser Deus”, há as lucubrações beatas de um crente que se esgotou, que, de tanto erguer as mãos para o Céu, as viu mirrar, de tanto implorar sem ser atendido, se vê perdido no mar da incerteza, duvidando de Deus mas com fé inquebrantável no Papa.

Começa por perguntar: «Já pensaram na pachorra que é preciso para ser Deus? Lidar com toda a humanidade ao mesmo tempo deve ser horrível. É que Deus tem de conviver com todo o tipo de pessoas». (Incluindo as que não tomam banho).

Depois, queixa-se do desprezo a que o seu Deus é votado: “Muitos não Lhe ligam nenhuma. Aproveitam tudo o que Ele lhes dá, sem sequer uma palavrinha para agradecer aquilo que, afinal, é tudo o que eles têm e são. Por vezes até exigem mais, invocando direitos inalienáveis”. (Nem um cabritinho lhe dão, os ingratos).

JCN é a réplica profana da Madre Teresa de Calcutá. Cansado de pregar aos ímpios, foi-se desiludindo com o silêncio de Deus, perturbado com a sua ausência e, numa síntese entre a superstição e a razão, acabou a desabafar:

«Ser Deus é tão horrível que, se Ele viesse a este mundo, as coisas iam correr mal de certeza». (Pior, ainda)?

JCN sabe que não vem, mas deve ser desolador, depois de uma vida de crente, ter de confessar que Deus não habita este mundo (o único que existe) e que não virá. É deste vazio que nascem as seitas que ameaçam: «Vem aí»!

22 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

Citação

Quanto ao Génesis, primeiro livro da Bíblia, que agora seria definitivamente arrumado, é preciso dizer que se trata de um livro religioso e não de ciência: utiliza linguagem mítico-simbólica para falar de Deus criador. Os crentes há muito deveriam saber isso. Quem quiser lê-lo à letra habita ainda o universo do ridículo.

Anselmo Borges – Padre e professor de Filosofia DN, Sábado.

21 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

ICAR – Isolada de outras igrejas cristãs

Mulheres ameaçam deixar Igreja Católica se Vaticano não lhes reconhecer a igualdade

A aceitação do sacerdócio e do bispado feminino entre os protestantes e anglicanos deixa a Igreja Católica diante de uma pergunta: até quando o Vaticano poderá continuar ignorando o fato da emancipação feminina e da igualdade dos sexos?

De quanto tempo a Igreja vai precisar para mudar o olhar que os santos padres – desde santo Agostinho a santo Tomás de Aquino – atiraram sobre a mulher, esse ser que, assim como Aristóteles, também eles julgaram inferior, submisso, de natureza defeituosa, incompleta, “imbecilitas”, impura?

21 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

Começou o Fórum Social Europeu

Por

 Renato Soeiro

Começou o Fórum Social Europeu

Malmö, 18 de Setembro de 2008

Começou o Fórum Social Europeu. Depois de Florença, Paris, Londres e Atenas, o FSE rumou a Norte, para a Suécia. À bonita e pacata cidade de Malmö têm chegado, de toda a Europa, activistas dos movimentos sociais, políticos, religiosos, sindicalistas. A organização espera cerca de 20 000.

Os debates já começaram, em salas grandes e pequenas, com audiência interessada e muito participativa, que ninguém está cá só para assistir.

Mas, para além dos mais de 200 debates programados, o Fórum é uma oportunidade única de encontros e conversas informais de pessoas que, sem estes eventos regulares, dificilmente se cruzariam. E assim se vai tecendo uma rede de ligações que se torna mais forte e mais familiar de evento para evento, sendo depois utilizada como facilitadora de outros debates e acções conjuntas.

A imagem mais marcante, nestes primeiros dias, foi talvez o conjunto de esculturas do dinamarquês Jens Galschiot, intitulado “Em nome de Deus – em memória das vítimas do fundamentalismo”, representando jovens mulheres grávidas crucificadas.

É parte de um projecto que já teve outros momentos e outros lugares. Surpreendentemente (para mentalidade portuguesa) a primeira escultura foi exposta a 1 de Dezembro de 2006, dia internacional de luta contra a sida, em colaboração com a Catedral de Copenhaga, que pretendeu sublinhar que “a Bíblia não deve ser utilizada para pregar contra a contracepção”. Depois esteve em Nairobi, no Fórum Social Mundial de 2007 e a seguir na Nicarágua. Este escultor já tinha apresentado, no anterior FSE de Atenas e na contra-cimeira do G8 em Rostock, um conjunto rolante de esculturas que acompanhava as manifestações, representando africanos esqueléticos, alguns carregando aos ombros anafadíssimas criaturas.

20 de Setembro, 2008 Carlos Esperança

Juntos contra quem?

A mensagem divulgada ontem pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso por ocasião do fim do Ramadão foi bem aceite pela comunidade muçulmana. A mensagem tem como tema “Cristãos e muçulmanos: juntos pela dignidade da família”.

As religiões guerreiam-se entre si, mas unem-se contra os infiéis. Pior do que uma religião, para as liberdades, só duas ou mais religiões. Não se trata de um acto de paz, é uma declaração de guerra contra a laicidade, unidas pelo ódio à liberdade.

Não sei o que entende por família o Pontifício Conselho, o que pensa da poligamia essa associação misógina e o que pensa dos castigos corporais infligidos pelos homens às mulheres, permitidos pelo Islão.

Sei o suficiente para afirmar que o antro do Vaticano continua a considerar a mulher como portadora do «pecado original», exceptuando a mãe de Cristo a quem inventou uma pomba para fazer sexo sem malícia e procriar.

Sei o suficiente do Islão para conhecer como são tratadas as mulheres, por vontade do Profeta, e como se esmeram os biltres que pregam nas mesquitas europeias a ensinarem como lhes bater sem deixar marcas.

Gostava que o Pontifício Conselho se pronunciasse sobre a lapidação para o adultério (feminino, claro) e a decapitação para a apostasia.

Penso que em questões de família é melhor ouvir quem a constitui do que a ICAR.