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Mês: Agosto 2008

20 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Crimes religiosos

A tragédia quotidiana de crimes com motivações religiosas não pára. Há quem, em nome do respeito pelo multiculturalismo e pela fé individual, contemporize com a fanatização de crianças, através da catequese, e de adultos com enraivecidas homilias.

As catequistas da minha infância incutiam nas crianças o ódio aos judeus, comunistas, maçons e ateus, ao mesmo tempo que, com inflamada piedade, dedicavam as orações a um reles ditador que apelidavam de salvador da Pátria e cujas funções atribuíam a um desígnio divino.

A experiência pessoal ensinou-me a estar atento à educação deletéria de todos os beatos, particularmente dos religiosos, e a recusar as escolas do crime, que visam o proselitismo e a perseguição às liberdades individuais.

As religiões são associações de fiéis, idênticas aos partidos políticos e a colectividades, sujeitas ao primado da lei e ao escrutínio dos tribunais. Não se lhes pode permitir que, em nome de Deus, combatam o Estado de direito e defendam o racismo, a xenofobia e a violência. Não se lhes pode tolerar o terrorismo e o desprezo pelos princípios que regem as sociedades civilizadas nem que se tornem organizações totalitárias.

Ontem foi cometido mais um atentado, na Argélia, contra uma escola superior militar. Morreram mais de quarenta pessoas, quase todas civis, vítimas de um suicida islâmico que conduziu um veículo com explosivos que atingiram um autocarro de passageiros e vários automóveis que ali circulavam.

Se um partido político fizesse a apologia terrorista contra os adversários era ilegalizado. Mas a religião gera cumplicidades e medos que lhe permitem aumentar o poder e tornar a sociedade e a civilização reféns de um deus violento, cruel, vingativo e esquizofrénico semelhante aos homens que o criaram em períodos tribais, bárbaros e patriarcais .

É tempo de pôr cobro à demência prosélita dos crentes fanatizados, julgando e punindo os pregadores do ódio.

19 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

A festa do burro

Notícia aparecida no “Almanaque do Porto”, 1960, p. 182

 

                                                Livraria Figueirinhas – Porto

Há várias questões a ponderar:

 

1. Os burros não podiam despejar o intestino na vetusta nave da igreja onde se processava este magnífico acto de adoração (ao burro legítimo)…

 

2. As donzelas haveriam de ser bem virgens nem que fosse isso atestado e comprovado por conhecidos garanhões dos templos e não só… E o bebé teria de ser de pilinha sem disfarces (que nestas cenas de muita juventude as bebés, franzinas mas mais maduras, imitam bem a burridade masculina…)!

 

3. Os asnos que gritavam burridades (hi! han!) poderiam ser asnas… Aqui a santidade do zurrar não deveria ser regateada só a homens que, mesmo que dos mais obedientes e cordatos, não têm a primazia da devoção cega e ignara…

 

4. Não se sabe se o burro puritano (virgem???), entre rezas e zurros, fez alguns milagres… Capazes disso são eles…

 

5. Os padres que acolitavam esse evento com fé entranhada e indiscutível deveriam ser, também, burros comprovados entre os mais burros do clero!

 

a) G. T.

18 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

O judaísmo e a liberdade

Por muito que custe a democratas de várias religiões, não há democracias confessionais. Quando o clero de qualquer credo domina o aparelho de Estado, a separação de poderes caduca e o poder discricionário é uma constante ao serviço de Deus e da opressão.

Há quem pense que a esquizofrenia da fé se resume aos celerados suicidas islâmicos, quem julgue que a violência contra a mulher e as liberdades individuais são apanágio dos regimes muçulmanos, que o ódio à carne de porco e ao álcool seja exclusivo do Corão.

Vale a pena recordar as homilias do Portugal salazarista contra a minissaia e o fato de banho, antes da invenção diabólica do biquíni e da perda de influência que a progressiva secularização trouxe.

Quem visitou o Vaticano na década de setenta sabe como os guardas do Papa vigiavam o corpo feminino e era aí próspero o negócio de aluguer de capas opacas para proteger a santidade do local e ocultar os joelhos e ombros nus das mulheres.

Polícias religiosas de vários Estados islâmicos obrigam as pessoas a abrir a boca para lhes espiarem o hálito e descobrirem transgressões à fé.

Seja qual for a religião, desde que detenha o poder, não consente liberdades individuais nem tolera o que diz serem transgressões à vontade do seu deus.

Não é novidade, para quem anda atento às malfeitorias da fé, que as patrulhas de judeus ortodoxos impõem a sua lei nas ruas de Israel. Um jovem de 19 anos, David Biton, foi agredido de forma selvagem porque se atreveu a dar um passeio, na última sexta-feira à noite, acompanhado por raparigas da sua idade, algo intolerável para os «guardiães do recato» que aterrorizam os habitantes de uma região da Cisjordânia onde vivem 40.000 colonos ultra-ortodoxos. Basta verem um rapaz e uma rapariga, nem que sejam irmãos, para ficarem nervosos.

Os decotes ou vestidos transparentes afligem Jeová de tal modo que imensos panfletos são distribuídos na cidade para que o decoro, tal como os extremistas o consideram, seja rigorosamente observado. Uma jovem, agora com medo de sair de casa, foi abordada por um desconhecido que lhe atirou ácido porque «a cara era demasiado bonita». O pecado da menina de 14 anos foi ter passeado de calções pela cidade.

Em Betar Illit há pessoas apavoradas. Fala-se de vínculos organizativos e financeiros entre os esbirros que zelam pela moralidade e a autarquia. O edil, Meir Rubenstein, um extremista ortodoxo, nega, mas é um homem que não cumprimenta as mulheres com um aperto de mão… para não se contaminar.

Estes dados, extraídos de uma reportagem de Ana Carbajosa, hoje publicada no El País, vêm acompanhados da denúncia de que o Estado central não costuma imiscuir-se em assuntos destas comunidades e que a polícia só actua em casos muito extremos.

Sem resistência, no judaísmo, tal como no cristianismo ou no islão, a religião acaba por capturar os direitos, liberdades e garantias que as democracias consagram.

18 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Candidatos à Presidência dos EUA confessam-se em público para ganharem votos

Nos EUA da América os dois candidatos a Presidente, Barack Obama e John McCain, marcaram presença num fórum televisionado para todo o país sobre fé e valores. Enquanto Barack Obama confessava publicamente que a sua maior falha teriam sido as drogas e o álcool, McCain lamentava a sua falha no primeiro casamento. O candidato democrata Obama manifestou o seu apoio ao direito ao aborto ou às uniões civis para o casais gays e lésbicos, enquanto o candidato republicano McCain referiu ser contra, o que está em sintonia com o que manda a chefia da Igreja Evangélica dos EUA.
Depois da confissão pública parece não terem sido obrigados a rezar qualquer oração para expiarem as “falhas”, como costumam fazer os “pecadores”… e a Igreja Evangélica permitiu essa falha ?
Esta ida ao confessionário público mostra-nos que os candidatos à Presidência dos EUA não sabem separar a Religião da Política e submetem-se ao controlo da Igreja Evangélica sobre o seu passado, como se fosse este a definir a política da Casa Branca no futuro. A religião deve ser um assunto individual e não ser matéria de Estado. O importante será informar os eleitores do que um candidato fará se chegar a Presidente.

a) kavkaz (Leitor habitual)

16 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Na piedosa Itália…

As autoridades italianas tentavam ontem explicar e aparentemente sem muito sucesso o que se passou com uma imigrante fotografada seminua no chão de uma esquadra de Parma. A indignação que a foto causou a quem a viu terça-feira no La Reppublica continuava a ser maior do que todas as palavras. (Ler artigo do Público)

Nota: O actual Governo teve o apoio eleitoral da ICAR.

15 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

DA feito pelos leitores. A guerra do Cáucaso

Os “irmãos” cristãos matam-se no Cáucaso !
Tenho acompanhado o conflito político-militar na Geórgia. Terá algum interesse conhecer a orientação religiosa dos dirigentes em guerra.
Na Rússia, tanto o novo Presidente russo Dmitri Medvedev, como o Primeiro-Ministro Vladimir Putin, são cristãos-ortodoxos convictos. A tal ponto convictos que confundem a separação da Igreja e do Estado e concederam um conjunto de chorudos privilégios à Igreja Ortodoxa Russa.
Na Geórgia, o Presidente Mikheil Saakashvili é também um cristão-ortodoxo, uma pessoa “muito crente”, como me escreveu ontem uma jovem de Tbilissi, a quem fiz a pergunta.
Os “irmãos” cristãos bombardeiam-se e destroem as cidades na Geórgia, roubam-se uns aos outros, matam-se, sem dó nem piedade, incluindo crianças e velhos. Onde está a religiosidade deles e o cumprimento fiel do “Mandamento” conhecido “Não matarás !”… é que é “pecado mortal”, segundo a linguagem dos créus !
O “amor cristão” transforma-se facilmente, em qualquer momento, em “ódio cristão” e matam-se entre si com sadismo ! Esquecem-se do “Deus” deles facilmente !
Serem “cristãos” não dá qualquer garantia de, em qualquer altura, não cometerem as maiores atrocidades e de se transformarem em criminosos de guerra. Já tínhamos visto isso no Iraque, também… ou na história desde há dois mil anos !
O “amor” dos cristãos é PUBLICIDADE ENGANOSA !

a) kavkaz

14 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

As alegrias do diabo

«Aquilo que as mulheres usam nos jogos Olímpicos é a pior roupa que é possível vestir. É uma invenção do Diabo (…), nunca as mulheres apareceram tão despidas como surgem nas Olimpíadas», fulminava segunda-feira um dos elementos da hierarquia religiosa saudita, Muhammad Al-Munajid, numa entrevista à televisão Al-Majd.

 

Para este clérigo não há dúvidas de que «a exposição do corpo feminino nesta escala global é uma grande alegria para Satanás».

 

Fonte: Diário de Notícias, hoje, pág. 41