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Mês: Agosto 2008

28 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Memórias achadas (crónica)

Quando Agosto se faz mês regressamos às origens para ver quem resta e abraçar os que estimamos.

Os corpos mudam com o tempo. Nos rostos esculpiram-se sulcos que lavram a pele e alteram os traços que nos caracterizaram. A memória devolve a saudade. Uns minutos bastam para acordar afectos, adormecidos durante décadas, que irrompem com fúria e perturbam a razão e a compostura.

Basta um olhar mais terno, um abraço mais estremecido ou um beijo que se alonga uma fracção de segundo, para agitar os sentidos, humedecer os olhos e acelerar as pulsações. O raio do tempo só hiberna os sentimentos, não sepulta afectos, que resistem décadas e mantêm prazos de validade que a conveniência e o decoro deviam ter enterrado.

A vida é uma arma carregada que nos segue com o cano apontado. Tropeçamos em memórias e logo uma descarga nos atinge para voltarmos ao passado, a sangrar por dentro e com fracturas expostas.

O diabo do sono altera-se enquanto as lágrimas nos marejam os olhos. Que insegurança é essa que nos conduz pelo lado proibido da estrada, em sentido contrário?

É apenas um pesadelo de Verão com que o Outono da vida nos sufocou numa derradeira viagem à Primavera? Não tarda que as folhas caiam e, com elas, desfeitas em pranto, as recordações que nos apoquentam. Há um solstício à espera dos equinócios que restam.

27 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Itália -Cancelado concurso de «Miss Freira»

Afinal, o concurso “Miss Freira” patrocinado por um padre católico, acabou por ser um imenso “flop” (http://diario.iol.pt/tecnologia/freiras-padre-italia-concurso-internet/985274-4069.html). 

 O padre António Rungi, provavelmente com medo de ir parar ao inferno (seja lá isso o que for) acabou por cancelar o concurso. Para grande frustração minha (e, presumo, de muito mais gente) que esperava ansiosamente por ver, com estes que o fogo há-de queimar, como eram as freira “por dentro”. Ou seja, se sem o hábito elas seriam iguais às outras mulheres (que as mulheres ‘seculares’ sei eu como são…), se se depilavam ou não, enfim se, tal como as mulheres ‘seculares’ tinham as coisas certas nos sítios certos.
Ficará, espero, para oputra ocasião…

a) José Moreira

27 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Não há religiões tolerantes

Seja onde for que aconteça a violência religiosa, é dever dos ateus repudiar os ataques à liberdade e à intolerância que o proselitismo fomenta.

Há crentes que conseguem integrar os princípios humanistas na mitologia da fé, admitir que os mitos alheios merecem o mesmo respeito que os seus e dar aos outros os mesmos direitos que reclamam para si próprios. Tal não acontece com as religiões, cuja vocação totalitária leva os fanáticos a pretender que haja um só deus verdadeiro – o seu – e uma só doutrina protectora da alma (seja isso o que for).

A violência das crenças exige dos ateus, agnósticos e cépticos uma vigilância constante e a defesa intransigente da laicidade do Estado, luta para que devem ser estimulados os crentes tolerantes e todos os que repudiam a violência divina sobre a liberdade humana.

Prevenir as tragédias humanas provocadas pelas três religiões do livro, as guerras e o sangue derramado em nome de um deus violento e cruel, é uma obrigação para impedir o retorno à influência clerical e às ditaduras com apoio confessional.

Não há religiões boas, por mais tolerantes e escorreitos que se tenham tornado alguns crentes. A violência de deus é a interiorização do pior de que os homens são capazes praticada pelos piores.

Cinco pessoas morreram em uma onda de violência contra cristãos no estado indiano de Orissa, depois que extremistas hinduístas começaram a atacar igrejas e edifícios dos católicos, entre os quais, um orfanato, que foi incendiado.

Para além da manutenção das castas, que os torna indignos, agora, à semelhança dos sectários das religiões abraâmicas, os extremistas hinduístas também atacam os templos das outras religiões. É preciso que o nojo, a revolta e o repúdio dos ateus denunciem e combatam o fanatismo e o ódio que nascem nas alfurjas da fé e nos antros da catequese.

27 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Religião liberta… os bolsos dos contribuintes alemães

Na Baviera, Alemanha, o partido “Os Verdes” propôs ao Ministro Günter Beckstein terminar com os privilégios dos bispos católicos que recebem “altíssimos vencimentos” e que vão de 7.400 a 10.000 euros mensais.

Só na Baviera a Igreja Católica recebe do Estado 60 milhões de euros por ano. Bastante menos recebe a Igreja protestante “Conselho da Igreja Evangelista” – 1.609 mil euros por ano. A Igreja Ortodoxa Grega consegue 251 mil euros, a Igreja Ortodoxa Romena – 72.000 euros e a Igreja Ortodoxa Russa – 23.000 euros.

O chefe da representação de “Os Verdes”, Sepp Dürr, afirmou que, nas condições actuais, efectuar tais donativos aos católicos é um esforço “sobre-humano” para os contribuintes que descontam do seu salário o “Imposto da Igreja”.

Fonte: sedmitza.ru

 

 a)  kavkaz (leitor habitual do DA)

26 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Preocupações e rezas de Bento 16

Bento 16 é um homem infeliz, sempre preocupado com os males do mundo e a anunciar rezas pelas desgraças. Se as orações fossem eficazes certamente as poria ao serviço da prevenção em vez de recitar ladainhas sem sentido após as catástrofes.

Não é provável que o Papa Ratzinger, culto e inteligente, acredite na existência de Deus mas não lhe falta a convicção com que o afirma e a diligência que põe na certificação da pantomina dos milagres.

Quem conhece da história o desespero dos operários perante o aparecimento dos teares mecânicos, certamente se dá conta da angústia de quem tem uma grande empresa cujos produtos estão em declínio e que não pode mudar de ramo. Uma grande superfície pode substituir as hortaliças pela fruta, os lacticínios pelo peixe ou a carne pelos detergentes, mas o Vaticano não pode substituir as bênçãos por produtos farmacêuticos ou as bulas por cereais.

O ramo dos milagres, cujos emolumentos rendem grossas maquias ao Vaticano, está em franco descrédito. Desde que o Vaticano fabricou três milagres para santo Escivá e beatificou, por engano, um torturador da guerra civil de Espanha, o milagre de D. Guilhermina de Jesus, obrado por Nuno Álvares Pereira, que lhe curou o olho esquerdo, queimado com óleo de fritar peixe, é dos mais inofensivos e menos contestados.

O Papa, este papa, cuja intolerância é bem conhecida, põe um ar compungido em cada tragédia e ameaça logo com orações, persuadido de que os incréus o levam a sério. Mas onde atinge o grau supremo da hipocrisia é quando adverte para o perigo do retorno de «nacionalismos que tantas consequências trágicas produziram». Os nacionalismos estão quase sempre ligados às religiões e à competição entre elas. O proselitismo da fé é mais letal que as rivalidades tribais e, frequentemente, dão as mãos.

As orações são inúteis mas quando o Papa reza é prudente descobrir contra quem.

26 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

Quem tem medo do ateísmo?

O Município da cidade de Birmingham, Inglaterra, proibiu os seus empregados de acesso a sítios na Internet dedicados ao ateísmo, assim como aos de propaganda do ocultismo, acontecimentos paranormais, desvios sexuais e actividade criminosa.

Nos computadores estabeleceram um sistema de controlo “Bluecoat Software” que permite aos colaboradores estudar os sítios dedicados ao cristianismo, islamismo, judaísmo e outras religiões.

O presidente da Sociedade Nacional Secular, Terry Sanderson, disse que, segundo o “Regulamento de Igualdade no Emprego”, os trabalhadores não podem ser discriminados devido às suas convicções, o que inclui o ateísmo.

Esta Sociedade tenciona apresentar ao Concelho do Município a exigência de alteração da sua política discriminatória em relação aos trabalhadores.

 

a)  kavkaz (leitor habitual do DA)

25 de Agosto, 2008 Carlos Esperança

O aborto e a oração

Rezam contra o aborto que ninguém os obriga a praticar!

Uns grupos de católicos reaccionários andam em piquetes de acção (chamam-lhe vigílias) contra o aborto em várias cidades. Mas será que alguém os obriga a praticar o aborto? – Não. Eles pretendem mandar na vida dos outros!

Em Portugal foi aprovado por referendo a autorização para a interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas. O debate permitiu esclarecer as pessoas e a Igreja Católica saiu derrotada na sua ideologia falsa e pretensiosa. Não satisfeitos com a alteração da lei que permitiu a diminuição do aborto clandestino e apoiar as mulheres com condições decentes, vêm os padres, através das suas “ovelhas”, tentar voltar ao passado e deixar as mulheres isoladas e em dificuldades perante situações da vida difíceis. Tentam transmitir uma moral superior de “defesa da vida”, que não se lhes reconhece, através do embuste da utilização de conceitos falsos e mal utilizados.

Se os padres e o Papa, que se recusam cobardemente a ter filhos, pudessem engravidar não fariam estas campanhas contra a interrupção voluntária da gravidez. Em vez de “rezar” para atacar os outros, poderiam trabalhar, por exemplo. A sociedade agradeceria! Perdem tempo a rezar contra o aborto que ninguém os obriga a praticar! Mostram-se ridículos e tentam humilhar as mulheres portuguesas!

a)  kavkaz (leitor habitual do DA)