O papa aceitou hoje a resignação do cardeal José Saraiva Martins, que atingiu o limite de idade, e nomeou Angelo Amato para lhe suceder na chefia da Congregação para as Causas dos Santos, anunciou o Vaticano.
O cardeal José Saraiva Martins, 76 anos, era prefeito da congregação desde 30 de Maio de 1998 e o único português na Cúria Romana, o governo do Vaticano.
A Congregação para a Causa dos Santos é responsável pelos processos de beatificação e de canonização. O novo prefeito, cardeal Amato, 70 anos, desempenhava até aqui as funções de secretário da Congregação para a Doutrina da Fé, cargo assistente do prefeito, sendo um dos mais próximos colaboradores do papa nos últimos anos.
Saraiva Martins deixa ao seu sucessor vários processos importantes em curso, como o da beatificação do papa João Paulo II, que morreu a 02 de Abril de 2005, e o de Pio XII, cuja atitude durante a Segunda Guerra Mundial suscita polémica e levou Bento XVI a submeter este caso a uma comissão «ad-hoc».
Para substituir Amato na Congregação para a Doutrina da Fé, o papa nomeou o jesuíta espanhol Luis Francisco Ladaria Ferrer, até agora professor de teologia dogmática na Universidade Pontifical Gregoriana em Roma e secretário-geral da Comissão Teológica Internacional.
Durante estes dez anos, Saraiva Martins, um dos homens de confiança de João Paulo II – o papa que mais fiéis beatificou e canonizou na história da Igreja Católica – esteve à frente dos processos de beatificação dos papas Pio IX e João XXIII, do Padre Pio, de Madre Teresa de Calcutá e dos pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta.
Apesar da renúncia ao cargo de prefeito, Saraiva Martins permanecerá em Roma, onde ainda desempenha cargos na Cúria Romana como membro das Congregações para os Bispos e para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, bem como do Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, o Conselho Especial para a Europa da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos e a Comissão Pontifícia para o Estado da Cidade do Vaticano.
Fonte: Sol, 09 de Julho de 2008.
A vitória dos fiéis progressistas que já haviam consagrado o acesso das mulheres ao sacerdócio, bem como de homossexuais, e, agora, ao episcopado, é o prenúncio de um cisma em que a corrente conservadora se vira para Roma e os progressistas seguem o seu caminho como igreja protestante.
O anglicanismo é uma criação oficial de Henrique VIII, separada de Roma desde 1534, embora o desejo de emancipação já fosse forte e o contributo da Reforma protestante decisivo. Por isso permaneceu sempre uma corrente, influenciada pela Reforma, mais tolerante e progressista que coexistiu com outra mais tradicionalista e nostálgica do Vaticano.
Para esta corrente, que tem menos adeptos e mais praticantes, o acesso das mulheres ao sacerdócio foi sempre uma espinha cravada no coração de quem não perdoa à mulher o pecado original e a considera indigna do exercício do múnus.
A luta constante entre liberais e conservadores, que atingiu o auge com a indicação de uma mulher como Primaz da Igreja Episcopal dos EUA, teve agora um novo braço de ferro que ameaça desintegrar a Igreja que tem na Inglaterra e na monarquia inglesa a sua mais sólida referência.
Após um breve retorno à Igreja católica (1553/58) as vicissitudes do poder ditaram o regresso ao anglicanismo que, desde 1558, passou a ser a religião oficial. Hoje, todos os monarcas têm de jurar manter e proteger a fé e espera-se que casem com um protestante, obrigação mitigada pelo tradicional sentido da tolerância britânica onde são numerosas as religiões e 23% da população é alheia a qualquer fé.
Os homossexuais e as mulheres impedem que, no futuro, todos os anglicanos possam frequentar a mesma missa. O cisma vem aí. Não é a fé que os divide, é a tolerância.
Carlos Esperança
O pio pregador João César das Neves (JCN) não respeita o calendário litúrgico das homilias. Nem o dia. Vocifera à segunda-feira no Diário de Notícias repetindo os temas e os argumentos até à náusea. O aborto é a obsessão e o embrião humano a sua devoção.
A líder do PSD e o chefe da sua Igreja convenceram-no de que não é um desadaptado. A primeira entende que o casamento tem em vista a reprodução, não se percebendo que não haja limite de idade e não se exija atestado de fertilidade. O Papa, apesar da falta de experiência matrimonial, é quem dita a moral familiar. JCN é mero porta-voz e o eco da Igreja católica.
JCN afirma que «O Governo (…) está empenhado em intensa campanha de promoção do aborto». Dito por uma pessoa responsável seria uma calúnia, bolçado por JCN é um acto de fé, que não exige provas.
JCN afirma que ‘negar vida humana ao embrião, é um postulado básico do Governo, semelhante à escravatura’, esquecendo-se da enormidade da comparação, da mentira da intenção que atribui ao Governo e de que a escravatura, embora ignóbil, é defendida na Bíblia.
Diz o devoto que “11 a 12 mil mulheres já praticaram abortos nos termos da lei”, facto que denomina de monumental hecatombe, sem que declare claramente que preferia o aborto clandestino.
Há uma afirmação em que tem razão: «Espantaria, se a manifesta cegueira ideológica não fosse suficiente para ocultar a verdade», mas não se trata de autocrítica.
E termina, em êxtase místico, a misturar a legislação portuguesa sobre a IVG com a conduta das «autoridades soviéticas» num salto cuja relação não se percebe.
Carlos Esperança
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou hoje o seu apoio à causa dos índios da reserva da Raposa Serra do Sol, no Brasil, que têm visto o seu território invadido por fazendeiros.
Em mensagem hoje lida em Fátima durante uma cerimónia na nova Igreja da Santíssima Trindade, D. Jorge Ortiga manifestou o «apoio à causa do Povo Indígena da Raposa Serra do Sol» criticando os que tentam eliminar aquela reserva indígena.
Actualmente, está em apreciação no Supremo Tribunal Federal do Brasil um recurso contra o decreto de homologação daquele território, cuja criação foi assinada em 2005 pelo presidente Lula da Silva.
Agora, perante a contestação dos fazendeiros, o arcebispo de Braga e líder da CEP espera que a justiça brasileira confirme a decisão do Governo federal, que criou um santuário para os índios, no estado de Roraima.
«Que a anulação da homologação nunca aconteça», sustentou o prelado, subscrevendo assim um apelo da campanha «Anna Pata Anna Yan» (Nossa Terra, Nossa Mãe), uma iniciativa que junta missionários, índios e defensores das causas indígenas pelo direito daqueles povos a gerir parte do território.
No decreto que criou a reserva, foi dado um prazo de um ano para a saída de todos os não-indígenas da área, mediante contrapartidas do governo federal, mas existem ainda muitos fazendeiros que se recusam a sair e continuam a ocupar grandes áreas do território.
Esta cerimónia religiosa contou com a presença de líderes indígenas e de vários participantes de institutos missionários católicos.
Fonte: Sol, 06 de Julho de 2008.
O Templo da Senhora do Minho, no alto da Serra d’Arga, em Viana do Castelo, que significou um investimento superior a meio milhão de euros, foi hoje inaugurado, 24 anos depois do lançamento da primeira pedra.
Segundo fonte diocesana, o processo, após o lançamento da primeira pedra, esteve sete anos parado, à espera de licença da Direcção Geral do Ordenamento do Território, que só seria emitida em Agosto de 1991.
A partir de então, a obra foi avançando de acordo com as verbas disponíveis, oriundas sobretudo do Estado e de dádivas dos fiéis.
O projecto foi riscado por Ovídio Carneiro, um arquitecto de Viana do Castelo, actualmente com 70 anos, que hoje disse que uma das suas principais dificuldades foi conseguir um desenho que «não chocasse» com a paisagem e com o ambiente.
«Anteriormente, já tinha havido dois outros projectos, que foram indeferidos pelo Ministério do Ambiente», afirmou.
Ovídio Carneiro reconheceu que se trata de um projecto «invulgar» para um templo, nomeadamente ao nível da cobertura, constituída por duas lajes, uma em forma parabólica e outra hiperbólica.
«Não se vê todos os dias um templo assim. Mas tive a preocupação de, de alguma forma, imitar as formas das pedras que existem na Serra d’Arga», referiu, lembrando que se trata de uma zona «fortemente granítica».
O arquitecto garantiu que o então primeiro-ministro António Guterres, quando se deslocou à Senhora do Minho para assinar o contrato de construção da A-28, lhe «deu os parabéns pelo enquadramento» do templo na paisagem natural da Serra d’Arga.
Segundo Ovídio Carneiro, o templo tem uma área de cerca de 500 metros quadrados e capacidade para 400 pessoas.
A fonte diocesana disse que a inauguração deste templo significa a concretização de um sonho com quase 70 anos, quando dois padres, ambos já falecidos, tiveram a ideia de ver «sinalizada» no alto da Serra d’Arga a devoção à Senhora do Minho.
Dessa ideia ainda nasceu, em meados do século XX, uma capela, entretanto desactivada e que agora está a ser transformada num salão, que funcionará como centro de espaço de apoio para as pessoas que sobem à Senhora do Minho, a uma altitude de 700 metros.
A imagem da Senhora do Minho, vestida com um fato de lavradeira minhota, é cada ano «entregue» a um dos dez concelhos do distrito de Viana do Castelo, onde é venerada nas várias igrejas e capelas.
No primeiro domingo de Julho, realiza-se a peregrinação motorizada à Senhora do Minho, seguindo a imagem num carro dos bombeiros e os “peregrinos” nas suas viaturas.
No final, a imagem é «confiada» a outro concelho. Por isso, e segundo a mesma fonte diocesana, o santuário da Senhora do Minho é «de todos os alto-minhotos».
Fonte: Sol, 06 de Julho de 2008.
O príncipe Karim Aga Khan, líder institucional e espiritual de milhões de muçulmanos ismailis a viver em cerca de 25 países vai estar em Portugal de 10 a 14 de Julho.
O Aga Khan é o 49º Imam hereditário dos Muçulmanos Shia Imami Ismailis e dirige uma comunidade de 15 milhões de muçulmanos, oito mil dos quais a residir em Portugal.
Para os seus seguidores, Karim Aga Khan, que acedeu ao trono do Imamat Ismaili a 11 de Julho de 1957, é um descendente directo do Profeta Maomé através do seu primo e genro Ali, o primeiro Imam, e da sua mulher Fátima, a filha do Profeta.
De acordo com a tradição Shia do Islão, o mandato do Imam abarca tanto as questões espirituais como as materiais. Durante o ano de Jubileu que começou em Julho de 2007, Aga Khan efectuou várias visitas oficiais, em resposta a convites por parte de Chefes de Estado.
A visita a Portugal, que se realiza de 10 a 14 de Julho e que concide com a celebração do dia (11 de Julho) em que o príncipe acedeu ao trono há 50 anos, está a ser preparada com a ajuda de mais de 700 voluntários sendo esperadas mais de 15 mil ismaelitas quer do território português quer de outros países.
As celebrações do Jubileu do Imam, segundo a comunidade, oferecem oportunidades para o lançamento de novos projectos de desenvolvimento, de âmbito social, cultural e económico.
De acordo com a ética da fé, estes projectos pretendem melhorar a qualidade de vida dos mais vulneráveis da sociedade com a criação de escolas, hospitais e projectos de habitação.
No seu Jubileu de Prata, há 25 anos, o actual Aga Khan lançou novas instituições e projectos de desenvolvimento social e económico que têm contribuído para a melhoria da vida de milhões de pessoas no mundo em desenvolvimento.
Estas iniciativas fazem agora parte da Rede Aga Khan para o Desenvolvimento (Aga Khan Development Network – AKDN), um grupo de instituições cujos mandatos vão da saúde e da educação à arquitectura, da micro-finança à promoção da iniciativa do sector privado e à revitalização de cidades históricas – todas elas agindo como catalizadores de desenvolvimento.
A Fundação Aga Khan é uma dessas instituições que compõem a rede e para comemorar o jubileu de ouro está em marcha um projecto de criação de uma escola de excelência para crianças e jovens que revelem capacidades elevadas mas que têm dificuldades financeiras.
O projecto, segundo o representante em Portugal da rede Aga Khan para o Desenvolvimento, comendador Nazim Ahmad, ainda está a ser negociado sabendo-se apenas que deverá ficar na zona da grande Lisboa e que terá regime de internato para receber alunos de todo o país.
A AKDN gasta mais de 320 milhões de dólares anualmente em actividades de desenvolvimento social e económico e opera com mais de 200 instituições de cuidados de saúde, incluindo nove hospitais, e mais de 300 escolas no mundo em desenvolvimento.
Seguindo a tradição dos seus antepassados – recuando mil anos até à fundação das primeiras universidades e instituições de ensino no mundo Muçulmano – o Aga Khan continua a sublinhar a importância da educação.
O seu reconhecimento da necessidade de um compromisso da «Sociedade de Conhecimento» global levou à criação da Universidade Aga Khan (AKU), no Paquistão, há 25 anos – a primeira universidade privada e de gestão autónoma nesse país.
A AKU tornou-se, entretanto, numa universidade internacional e opera hoje em nove complexos universitários em todo o mundo.
O Fundo Aga Khan para a Cultura (Aga Khan Trust for Culture – AKTC) tem vindo a desenvolver diversos projectos que vão da realização de exposições de arte Islâmica à reabilitação de edifícios, bairros e cidades históricas, de Hunza, no Norte do Paquistão, a Cabul, no Afeganistão, ao Cairo, no Egipto, a Mali, no Norte de África.
Fonte: Sol, 06 de Junho de 2008.
O Papa Bento XVI vai receber a ex-candidata presidencial colombiana, Ingrid Betancourt, na próxima semana, divulgouo a ex-refém das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.
«O santo papa Bento XVI vai receber-nos na próxima semana. Bendito seja Deus, é um encontro que não se pode perder», disse a franco-colombiana de 46 anos, que passou seis anos em poder da guerrilha.
Betancourt é católica e considerou a operação militar que a libertou, com mais três reféns norte-americanos e 11 policias colombianos, um «milagre»
A mãe de Betancourt, Yolanda Pulecio, foi recebida pelo papa durante a cruzada internacional que lançou, procurando apoio para a libertação da filha.
Fonte: Sol, 04 de Julho de 2008.
O «choque de civilizações», às vezes, não é entre religiões: é dentro de religiões. A Igreja Anglicana que o diga, com a luta actual entre bispos do mundo pobre, conservadores e literalistas, e bispos do mundo rico, reformadores e displicentes na sua relação com os textos sagrados. Tendo em conta que os primeiros têm cada vez mais crentes, e que os segundos estão a fechar igrejas, o futuro da «Comunhão Anglicana» será interessante.
RA
Já disse aqui que a lei que criminalizava a blasfémia foi abolida no Reino Unido? Vale sempre a pena celebrar.
(Agora só falta o governo britânico terminar com as escolas públicas religiosas, e deixar a Igreja Anglicana nomear os seus próprios bispos; entre outras coisitas…)
RA
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.