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Mês: Junho 2008

24 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Vaticano defende Arcebispo Paul Marcinkus

A Santa Sé emitiu esta Terça-feira um comunicado em que condenas as “acusações difamatórias” contra o Arcebispo Paul Marcinkus, antigo presidente do Instituto para as Obras da Religião (conhecido como o Banco do Vaticano), levantadas por jornais italianos, que o colocam como responsável do rapto de Emanuela Orlandi, jovem italiana desaparecida há 25 anos.

Comentário: Era importante saber para onde foi o dinheiro que levou à falência do Banco Ambrosiano. Por alguma razão JP2 nunca autorizou a extradição de Marcinkus para Itália, protegido no bairro das sotainas.

CA

24 de Junho, 2008 Mariana de Oliveira

Sócrates e a liberdade religiosa

O primeiro-ministro, José Sócrates, considerou hoje que a liberdade religiosa não é «um assunto resolvido», defendendo o empenhamento permanente da comunidade política na sua defesa.

«A liberdade religiosa não é um tema fácil, nem está resolvido», afirmou José Sócrates, na abertura do III colóquio internacional sobre O contributo das religiões para a paz, que decorre até terça-feira em Lisboa.

Sublinhando que a liberdade religiosa é uma questão que «exige o empenhamento permanente da comunidade política», o chefe do Governo alertou para a existência de «sintomas» que «em todos os momentos» não deixam que a liberdade religiosa possa ser dado como «um dado adquirido».

«A diversidade e a tolerância são valores democráticos que contribuem para a afirmação da liberdade religiosa», declarou, descrevendo a liberdade religiosa como «o respeito pela diferença» e a «igualdade de dignidade a todas as crenças».

José Sócrates falou ainda da laicidade do Estado, ou seja, «o Estado neutro perante todas as religiões».

Contudo, acrescentou, «neutralidade não significa o não reconhecimento do valor ético de todas as religiões».

«Acredito na contribuição da religiões para a paz», salientou ainda José Sócrates.

Antes, o presidente da Comissão de Liberdade Religiosa, Mário Soares, aludiu igualmente à importância do diálogo inter-religioso.

«Acredito nas virtudes do diálogo inter-religioso e entre crentes e não crentes», afirmou o ex-Presidente da República.

O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, salientou também a importância das religiões para a construção da paz.

«As religiões não são mais um capítulo para a construção da paz, elas interferem com todos os outros», disse.

D. José Policarpo fez ainda referência ao «longo caminho» que é preciso percorrer nas relações entre as religiões, defendendo a necessidade de acentuar «o conhecimento mútuo e o respeito pelos limites».

«Há um universo ético comum a todas as grandes religiões que pode ser decisivo para o caminho da paz», declarou.

Fonte: Sol, 23 de Junho de 2008.

24 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Diário Ateísta feito pelos leitores

Ideia requintada:

1. A Bíblia é um livro reservado. As suas mensagens têm de ser interpretadas e isso é trabalho de teólogos/exegetas.

2. Prolixo. Tem de tudo; aquilo que se chama erotismo e/ou pornografia; histórias complicadas de vidas anfractuosas, crimes e guerras (algumas sagradas ou em nome do divino), sacrifícios ou oferendas radicais (de vidas humanas), tudo para satisfação do senhor deus.

3. Algumas páginas são míticas: mitos antigos, mitos copiados ou adaptados, concepções raramente “personalizadas”. Falas de videntes e profetas na tradição das religiões. Os evangelhos corrigidos e sucessivamente adaptados estão estilizados. A última emenda que se gerou da polémica dos irmãos de Jesus que passaram a primos nas redacções actuais… Não se prescinde do execrando satã que faz parelha com o deus do amor, do coração, da redenção e doutros parâmetros para consumo do metabolismo insaciável da ignorância (que devora tudo o que são pequenos “faits divers”, histórias de encantar) e encontram eco, sobretudo, nalguma imaginação vicariante do que é concreto e positivo. A guerra do senhor com satã é épica e ganha o que, aqui e acolá, convém às sagas e aos exorcismos…

4. Tão vasto que certamente muitos seminaristas o não leram todo e, muito menos, as encafuadas em poeira, freiras de carnes flácidas e entregues aos prazeres sáficos ou de masturbações delirantes… em deus! Essa vastidão interdita o seu conhecimento global e daí, como Os Lusíadas, menos complicado, também era lido por trechos seleccionados… Nunca o canto das sereias e ninfas encantadas para não desencadear conflitos com a melhor moral…
5. De tudo o que fica escrito sua reverência o que queria era prolongar a catequese impingindo aquilo que agora se quer que se repita na ‘máxima’ de que a repetição gera verdades mesmo que sejam dessa comida gordurosa e indigesta para a ignorância mais atrasada… Essa matreirice não pegará. Aliás o testemunho de Carreira das Neves desmistifica o valor sagrado da Bíblia. Valha-nos alguma honestidade de uns poucos que ainda privilegiam o que há de sagrado na verdade e não na ‘verdade’ do hipotético sagrado.

a)      GT

23 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Carta ao Diário de Coimbra

Resposta da Associação Ateísta Portuguesa (AAP) ao Bispo Emérito de Coimbra, João Alves

Na sequência do artigo publicado no Diário de Coimbra, no último Domingo, pelo Bispo Emérito, João Alves, sob o título «Elementos para o diálogo entre cristãos e ateus» vem a Associação Ateísta Portuguesa (AAP), pelas referências de que foi alvo, esclarecer o seguinte:

1 – A AAP foi criada ao abrigo do direito de associação, direito que o Sr. Bispo reconhece, «desde que os seus objectivos e as suas actuações respeitem o bem comum e os direitos legitimamente estabelecidos de cada cidadão e, também, os direitos da verdade»;

2 – Partilhamos com o Sr. Bispo o apreço pelo «bem comum e a verdade» mas discordamos da sua hipótese acerca do que é a verdade. Não vemos o ateísmo como um problema, não consideramos o Homem como artifício dos deuses e não é pela «exposição defeituosa da doutrina» que somos ateus;

3 – A AAP concorda com o Sr. Bispo quando afirma «ultrapassada a agressividade sectária e as actuações meramente ideológicas e preconceituosas carecidas de lucidez». Nesse sentido sugerimos que o diálogo não parta do princípio que o ateísmo é um problema nem que a religião do Sr. Bispo é a solução. Propomos dialogar em campo neutro, admitindo que todos podemos errar em matérias de facto, aceitando o direito de cada um aos seus juízos de valor e avaliando cada posição à luz dos seus méritos, pelo que sabemos aqui e agora e não pelo que especulamos acerca do Além; 

4 – O Sr. Bispo, cita a Gaudium et Spes que «…o ateísmo deve ser contado entre os fenómenos mais graves do nosso tempo…», afirma que o homem foi criado por Deus e informa que, na «Sexta-Feira Santa, [a Igreja católica] reza …em todo o mundo, pelos não crentes». Os ateus julgam mais provável que os homens tenham criado os deuses, pela diversidade evidente em ambos, e que nem o ateísmo é um problema nem a oração o método adequado para o resolver. Como um diálogo deve assentar no que une as duas partes em vez de partir daquilo que as separa, sugerimos como alicerces o direito à crença e à não crença e o dever de justificar afirmações de facto com evidências objectivas. Se não considerarmos a crença ou a sua falta como um mal a priori e se não basearmos argumentos em premissas especulativas acerca de quem criou o quê, podemos ter um diálogo genuíno que esclareça tanto quem intervenha como quem assista.

Apresento a V. Ex.ª as minhas cordiais saudações.

Odivelas, 22 de Junho de 2008

Pela Associação Ateísta Portuguesa

a) Carlos Esperança

22 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Fujam, vem aí a bíblia…

D. Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, considera que a Bíblia deveria ser estudada na escola “não por razões religiosas, mas por motivos culturais”. Reconhecendo que para o homem de hoje a Bíblia tem uma mensagem “distante”, manifesta que os “grandes símbolos do passado não estão ultrapassados culturalmente”.

Comentário: Depois da experiência do Corão, o Vaticano ameaça com a bíblia.

CE

21 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa

Aviso

 

A Assembleia-geral Constituinte, que procederá à eleição dos corpos sociais para o primeiro mandato da AAP, terá lugar em Lisboa, em local, data e hora a anunciar no Diário Ateísta e no Sítio da Associação Ateísta Portuguesa.

Os sócios serão avisados por mensagem electrónica.

A reunião efectuar-se-á num dos primeiros Sábados do próximo mês de Julho.

Serão eleitores todos os sócios fundadores, ou seja, os que já se inscreveram ou venham a inscrever-se até à data da Assembleia-geral.

Para proceder à inscrição basta enviar o nome completo, a morada e o endereço electrónico para

 [email protected]

ou, de preferência, para:

 [email protected]

CE

21 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Para canonizar o «Papa de Hitler»…

Pio XII salvou no mundo mais judeus do que qualquer outro na história”: foi o que afirmou aos microfones da Rádio Vaticano Gary Krupp, expoente da comunidade judaica norte-americana e presidente da Fundação Pave the Way, que este no Vaticano na última quarta-feira para encontrar o Santo Padre na conclusão da audiência geral junto com outros judeus sobreviventes ao Holocausto.

Pergunta: Quanto custou a mentira?

CE

21 de Junho, 2008 Carlos Esperança

Os conventos e a liberdade

Há direitos irrenunciáveis. O patrão que coaja os trabalhadores a abdicarem dos direitos sindicais, viola as leis do Estado e torna nulo o contrato. Não se podem recusar direitos consagrados na Constituição nem renunciar às liberdades inerentes à condição humana.

A entrada para um convento é a renúncia à liberdade e à autodeterminação individuais. Pode ser gratificante a assoalhada no Paraíso, divertidos os jejuns ou deliciosos no gozo masoquista os cilícios, mas não podem ser deixados nas mãos de uma seita, à mercê da madre superiora ou do prior de um convento.

Imagine-se uma jovem, destroçada nos afectos ou perturbada por êxtases místicos, que decide entrar num convento e renunciar à liberdade. Como pode uma decisão emocional converter-se em prisão perpétua sem que o Estado democrático indague periodicamente da sanidade mental e da ausência de constrangimentos sobre a vítima?

Claro que deus gosta de ociosos que passem a vida na contemplação. Os papas apelam a que se renuncie aos prazeres da vida para se dedicarem à castidade e à oração. Não sei quem terá ouvido deus a lamentar-se do método que os humanos descobriram para se reproduzirem ou envergonhado com o prazer que dá. Desconheço quem foram as testemunhas da obsessão divina pelas roupas femininas e quando começaram essas prisões que muitas vezes serviram para manter indivisa a propriedade transmitida ao primogénito.

O que está em causa é a possibilidade, remota que fosse, de haver no ambiente lúgubre de um convento alguém que os constrangimentos internos ou as ameaças hierárquicas impedissem de se libertar da severa pena da prisão perpétua pelo único crime de crer num deus cruel, violento e vingativo.

Não há Estado democrático sem defesa dos direitos, liberdades e garantias a que está obrigado. Os conventos devem ser periodicamente visitados por assistentes sociais, médicos e psicólogos. Os cidadãos precisam de quem os defenda, inclusive de si próprios, amortalhados em vida sob a máscara sombria do hábito conventual.

Carlos Esperança

20 de Junho, 2008 Carlos Esperança

A fé é a paciência

Um crente é o cinéfilo capaz de ver o mesmo filme, todos os Domingos, durante a vida. Há casos de devoção diária, independentemente do actor, dos figurantes e da parte do corpo que o artista exiba para a plateia.

Não se julgue que a repetição embota o espírito crítico ou reduz a acuidade dos sentidos. O créu distingue a água benta da outra e vê, na hóstia consagrada, o corpo e o sangue de Jesus. No paladar e na visão a fé leva vantagem ao ateísmo.

Um indivíduo com fé é capaz de pagar em orações uma bagatela divina, louvar o ente que julga superior por o ter poupado à morte no desastre que lhe levou o filho, por lhe ter curado a doença com que escusava de o ter massacrado, por lhe ter dado o privilégio de pertencer á única religião verdadeira.

Os crentes são assim, fáceis de compor, benevolentes para com o deus que lhes coube e para os padres que vivem dele. Não toleram a apostasia, a blasfémia e a heresia porque se julgam na obrigação de defender os interesses de quem julgam omnipotente.

Um crente verdadeiro já não precisa de sacrificar um filho, como fez o palerma Abraão, basta-lhe levá-lo ao banho ritual do baptismo e, aos sete anos, entregá-lo ao padre e às catequistas. Pode nunca ser um cidadão, mas sai da igreja a recitar orações e a odiar os crentes das outras religiões e, sobretudo, os que não acreditam nas propriedades terapêuticas da confissão, penitência e eucaristia.

Em zonas tribais, em sítios onde não chega a civilização nem a polícia, deus exige aos crentes uma série de obrigações que, num país moderno, os levaria à enxovia. Mas que interessa a prática de manifestações tribais, a amputação de membros, a humilhação das mulheres e a decapitação de infiéis se deus se rebola de gozo enquanto recolhe o mel e fabrica virgens para compensar os que conseguirem transporte para o Paraíso? 

Carlos Esperança

19 de Junho, 2008 Ricardo Alves

O que é que os ateus ensinam às crianças?

O texto seguinte, absolutamente excelente, encontrei-o no blogue «O Calhamaço dos Embustes!…», do nosso amigo «1atento». Publica-se com a vénia devida.

«Devemos ensinar às crianças que provavelmente quase todas as religiões têm a mesma origem: a ignorância, o medo e as pressões sociais. Que deus foi inventado e que esse deus inventado é um deus monstruoso, que se impõe pelo terror, prometendo a morte, seguida do sofrimento eterno, a todos os que não se curvarem às suas ordens. Que ele é fruto da superstição, e que jamais uma única evidência da sua existência foi apresentada por aqueles que dizem nele acreditar. Que devemos nos libertar dessa ideia, de que ele existe, para que nos possamos sentir verdadeiramente livres e fortes o suficiente para enfrentarmos os desafios da vida.

Devemos ensinar às crianças que a ciência destronou esse deus cristão tão cruel, inventado há milénios atrás por indivíduos que faziam da ignorância e do medo um modo de vida. Devemos ensinar-lhes que nenhum pecado é tão terrível ao ponto de fazer com que um pecador seja punido por toda a eternidade nas labaredas do inferno.

Devemos dizer às crianças que os líderes religiosos jamais deverão ser perdoados pelos crimes que cometeram em nome de Deus. Que jamais poderão justificar as torturas, a destruição das famílias, e as incontáveis mortes que pesam sobre os seus ombros. Que padres e pastores são desonestos porque ensinam mentiras e levam dinheiro por isso.

Devemos dizer às crianças que a mentira e a hipocrisia são os dois pilares que dão sustentação ao cristianismo. Que tanto a mentira como a hipocrisia, aliadas ao medo, manterão as mentes das multidões de infelizes totalmente anestesiadas, prisioneiras nos calabouços celestiais, submetidas ao terror divino, para que ninguém questione, para que ninguém investigue, para que ninguém progrida, a não ser os “mercadores da fé”, que escolheram como ganha-pão a exploração da ignorância e da burrice alheias.

Devemos dizer às crianças que as religiões são contra o progresso, contra o avanço da ciência, contra o divertimento, contra os prazeres da carne, contra o orgasmo, contra o sexo sem fins reprodutivos, contra o uso de preservativos nas relações sexuais, contra as festas pagãs, contra a riqueza obtida com o trabalho árduo, contra a música e a literatura de vanguarda, enfim, contra tudo que possa fazer a vida valer a pena ser vivida.

Devemos dizer às crianças que “verdades” mentirosas não podem ser ensinadas como sendo sagradas. Que nada existe de mais sagrado para o ser humano do que a liberdade de expressar seu pensamento honestamente. Que todo aquele que, em nome de um Deus, ou de uma religião qualquer, reprime a livre manifestação de pensamento, não passa de um carcereiro, com procuração “divina”, que deve ser declarado inimigo da humanidade.

Devemos dizer às crianças que não vale a pena morrer por aqueles que ainda vão nascer. Que os inocentes não devem ser punidos pelos culpados. Que sacrificar a vida material por uma vida “espiritual” depois da morte – facto que nunca foi comprovado — é uma enorme idiotice. Que os seres humanos não devem amar seus inimigos e odiar seus familiares, como a bíblia ensina. Que o amor por seres humanos é real e o amor por fantasmas que povoam os céus é a mais deslavada das mentiras.

Devemos dizer às crianças que precisamos ser bons e honestos, não por temor a deuses inventados, mas porque a bondade e a honestidade são os caminhos que nos levam à paz interior. Devemos dizer às crianças que não existe nenhuma revelação divina pela qual valha a pena renunciar à vida aqui na Terra. Que é da natureza que vem todas as revelações que precisamos e que basta entendê-la para que possamos entrar em harmonia com o universo que nos rodeia.

Devemos dizer às crianças que investigar não é pecado. Que aceitar promessas de vida eterna em troca de crença em factos absurdos que não se apoiam em evidências é pura insanidade. Que a credulidade não é uma virtude, e sim um defeito. Que a investigação, a razão, a lógica e o raciocínio é tudo que temos para nos guiar na nossa passagem pela vida.

Devemos dizer às crianças que nada pode ser mais sagrado que o amor aos nossos familiares, que o amor aos animais, que o amor às plantas, que o amor à vida. Que é impossível para um homem inteligente e sensível amar um ser sobrenatural e fantasmagórico que só existe dentro de cabeças cujos cérebros foram cauterizados por uma lavagem cerebral feita na infância. Que é impossível amar incondicionalmente, pois o inconsciente não pode ser comandado pelo consciente. Que só podemos e devemos amar quem merece o nosso amor. Devemos dizer-lhes também, que amar o inimigo é uma traição aos nossos amigos.

Devemos dizer às crianças que, ao contrário do que está na Bíblia, a mulher não é inferior ao homem. Devemos dizer-lhes que não foi Deus quem fez o homem à sua imagem e semelhança, e sim o contrário, e que por isso mesmo esse deus inventado é tão egocêntrico, colérico e vingativo. Que o amor do melhor dos santos cristãos jamais poderá ser comparado ao amor da mais insignificante das mães.

Devemos dizer às crianças que a felicidade não é menor pelo facto de sabermos que um dia iremos morrer. Que, até que se prove o contrário, a morte é uma barreira intransponível e não uma passagem para “outra vida”. Que ela é o descanso eterno, o fim do sofrimento, o término de toda angústia e de toda agonia, enfim, uma consequência inevitável da vida. Que nunca se apresentou uma só evidência de que exista algo mais depois dela.

Devemos dizer às crianças que, por pior que seja a verdade, é melhor viver dentro dela, do que enganar-se a si mesmo, fingindo aceitar uma mentira, apenas para encobrir a própria ignorância. Que não se deve aceitar explicações mais absurdas do que o que se pretende explicar, visando única e exclusivamente acalmar a mente perturbada que não consegue respostas para o problema existencial.

Devemos dizer às crianças que devem lutar contra a mentira embutida nas mensagens religiosas que prometem o paraíso. Que é desonesto oferecer uma recompensa em troca de uma crença que nós não temos o direito de investigar ou testar por nós mesmos. Que devem rejeitar, incondicionalmente, um deus que faz chantagem com as suas criaturas, ameaçando-as com as mais terríveis punições.

Finalmente, devemos alertar as crianças para que não dêem jamais ouvidos às declarações atribuídas a testemunhas que já morreram, foram enterradas e se transformaram em pó há séculos e séculos atrás, pois a simples declaração de uma pessoa não serve como evidência incontestável, principalmente se ela estiver morta. Que o cadáver de um ancestral desconhecido não pode ter mais credibilidade do que um facto comprovado. Que eles devem ficar longe de homens, e mulheres, que se dizem cheios do “espírito santo”, pois eles são os inimigos da ciência, já que são contrários à investigação e à livre manifestação do pensamento. Que devem desprezar todos aqueles que fazem declarações estúpidas, capazes de contradizer a lógica mais elementar.

Dizendo tudo isso poderemos ter certeza de que as nossas crianças ficarão mais livres dessa enorme mentira chamada Deus…»