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Mês: Abril 2008

8 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Afinal, há consonância

O grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), António Reis, destacou hoje em Bruxelas a “grande consonância de posições” entre a maçonaria e o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, sustentando estarem desfeitos “alguns mal-entendidos”.

António Reis integrou uma delegação de representantes da maçonaria europeia que foi hoje recebida pelo chefe do executivo europeu, o que acontece pela primeira vez.

No final da reunião, o grão-mestre do GOL sublinhou que “o encontro correu de maneira muito cordial e desfizeram-se alguns mal-entendidos” a propósito de um discurso proferido por José Manuel Durão Barroso, em Setembro último, durante um encontro ecuménico, na Roménia.

“Demos conta que existe, afinal de contas, uma grande consonância entre as nossas posições, nomeadamente na defesa da laicidade na Europa”, referiu ainda o antigo deputado socialista.

Reis sublinhou também que encontrou em Durão Barroso “o apoio àqueles que são também os nossos valores: a liberdade de consciência, a defesa da liberdade religiosa – que é a de ter religião mas também de não ter – e saímos daqui muito tranquilos”.

A atestar a boa relação com esta comunidade de convicção, o presidente da Comissão Europeia irá enviar uma mensagem ao próximo encontro maçónico europeu, dia 20 Junho, em Atenas.

António Reis disse ainda que Durão Barroso aceitou um convite pessoal para visitar a sede do GOL, no palácio Maçónico de Lisboa.

Por seu lado, fonte próxima do presidente da Comissão Europeia disse que este está aberto ao diálogo com todas as comunidades religiosas e de convicção, referindo ainda que, no início do encontro com os sete responsáveis maçónicos europeus Durão Barroso releu o discurso proferido no encontro ecuménico de Sibiu.

Fonte: Agência Lusa, 08 de Abril de 2008.

7 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Maçonaria pede explicações a Barroso

A Maçonaria Europeia está preocupada com posições assumidas recentemente pelo presidente da Comissão Europeia, que considera porem em causa o princípio da laicidade, e quer ouvir as explicações de Durão Barroso numa reunião agendada para terça-feira em Bruxelas.

O Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL) especificou que esta será a primeira vez que um presidente da Comissão Europeia recebe uma delegação da maçonaria europeia, que pretende transmitir a sua preocupação quanto às questões da influência religiosa na vida contemporânea e ao princípio da laicidade na Europa.

«A reunião destina-se a discutir as posições que Durão Barroso tomou recentemente num colóquio ecuménico na Roménia sobre a questão da influência das religiões na vida contemporânea, num tom, que de alguma maneira, punha em causa o principio da laicidade» , explicou hoje, António Reis, Grão-Mestre do GOL, a mais antiga e representativa obediência maçónica portuguesa.

As organizações maçónicas vão, segundo o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, exprimir as suas «preocupações» como representantes de organizações «que sempre defenderam o valor da laicidade e ouvir as justificações que Durão Barroso tiver a comunicar».

«Pensamos que o representante da Comissão Europeia não pode, por ele próprio, infringir os princípios da laicidade, que são reconhecidos pela Constituição da maioria dos Estados europeus» , frisou António Reis.

No decorrer da III Assembleia Ecuménica Europeia, na Roménia, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, enalteceu o papel das religiões no processo de integração europeia e no futuro da Europa.

O responsável do Grande Oriente Lusitano, sublinhou, no entanto, que na reunião de terça-feira «também serão falados outros assuntos», lembrando que é «a primeira vez que um presidente da CE recebe uma delegação da maçonaria europeia».

Questionado sobre se a reunião representa uma maior abertura da maçonaria europeia, o responsável lembrou que cada uma das organizações que participam no encontro «já há muito tempo seguem uma política de abertura para com a sociedade», sendo que as suas intervenções sobre «questões políticas e sociais são conhecidas, especialmente na França».

Porém, o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano salientou o facto de isto ser feito pela primeira vez «a nível europeu».

«Isto é novo. As organizações maçónicas pretendem ter uma estratégia comum e tornar-se interlocutores das próprias instituições europeias, ou seja, agir em conjunto junto dessas mesmas instituições» , afirmou.

Segundo o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, na reunião participam também o Grande Oriente de França (GOF) e outros representantes da linha liberal e laica da maçonaria europeia.

Fonte: Sol, 07 de Abril de 2008.

7 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Islão e fascismo

Um tribunal holandês afirmou que é possível comparar o islão ao fascismo, invocando a liberdade de expressão. O veredicto foi proferido a propósito de uma queixa feita pela Federação Islâmica Holandesa que se queixou tanto da comparação com o fascismo como pelo facto do profeta Maomé ser classificado como “bárbaro” pelo deputado Geert Wilders, num vídeo sobre o islão intitulado «Fitna».

“As frases contestadas não são contrárias à lei”, afirmou o tribunal. Geert Wildersum, na sequência da polémica do filme, a sua popularidade aumentou bastante na Holanda.

As autoridades holandesas temeram uma reacção global de protestos violentos como aconteceu após a publicação de cartoons sobre Maomé num jornal dinamarquês no início do ano passado. Mas até agora o único ponto de ligação foi o anúncio de um dos cartoonistas de que iria processar Wilders: o vídeo do holandês usa o cartoon de Maomé com uma bomba no turbante no seu filme e o desenhador, Kurt Westergaard, queixa-se do cartoon ter sido tirado do contexto e sublinha que não deu autorização a Wilders para usar o seu trabalho para “propaganda política”.

Fonte: Público, 07 de Abril de 2008.

6 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

A falsa reconversão

O escritor de origem indiana Salman Rushdie confessou que em 1990 fingiu ter regressado ao Islão para se defender da “fatwa” promulgada pelo “ayathola” Khomeini pela obra “Os Versículos Satânicos”, considerada uma blasfémia para os muçulmanos.

Numa entrevista à televisão, Rushdie explica que com essa falsa conversão pretendia reduzir o risco de algum muçulmano o atacar no cumprimento do édito emitido pelo líder supremo iraniano em 1989, que instava à sua execução.

Em 1990, em comunicado, Rushdie afirmava ter renovado a sua fé na religião muçulmana, repudiar os ataques ao Islão no seu romance e comprometer-se a contribuir para uma melhor compreensão daquele credo.

Todavia, numa conversa com uma psicoterapeuta no programa do canal britânico More4, que será emitido em Maio, o autor de “Os filhos da meia-noite” afirma que o regresso à sua religião de nascimento foi “pretenso”.

“Estava transtornado. Estava mais desequilibrado do que alguma vez estivera.Não pode imaginar debaixo da pressão que estava”, disse.

“Pensei simplesmente que estava fazendo uma declaração de fraternidade, porém, assim que o disse, senti como se tivesse arrancado a minha própria língua”, acrescentou Rushdie que apesar de ter nascido numa família muçulmana xiita nunca se considerou religioso.

Depois desse momento, sentiu que “tinha batido no fundo”, e deu-se conta de que o único mecanismo para sobreviver era a sua “integridade”, escreve o periódico britânico, citado pela agência Efe.

O romance “Os Versículos Satânicos” foi proibido na Índia e noutros países e queimado nas ruas do Reino Unido porque supostamente tratava com irreverência Maomé.

Na entrevista televisiva, Rushdie, 60 anos, assegura que as más críticas à obra o desgostaram mais do que a “fatwa”, já que tinha levado cinco anos a escrevê-lo e o considerava o seu “melhor trabalho”.

Os comentários negativos fizeram sentir-se desapreciado e inútil, e questionou; “se é isto que se tem, porquê escrever? Melhor tornar-me motorista de autocarro”.

Fonte: Agência Lusa, 06 de Abril de 2008.

6 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Profanação em França

A profanação de mais de uma centena de campas muçulmanas num cemitério militar do norte de França provocou hoje emoção e indignação, tendo o presidente Nicolas Sarkozy criticado um acto relevante do “racismo mais inadmissível que existe”.

As inscrições descobertas hoje de manhã no cemitério Notre-Dame de Lorette, perto de Arras, “visam directamente o Islão e insultam gravemente Rachida Dati”, a ministra da Justiça, de origem magrebina, indicou à agência noticiosa francesa AFP o procurador da República de Arras, Jean-Pierre Valensi.

“Uma cabeça de porco foi mesmo colocada numa das campas”, adiantou o procurador, que deu conta de 148 campas profanadas na noite de sábado para hoje.

O incidente ocorreu quase um ano depois de factos semelhantes no mesmo cemitério.

Na noite de 18 para 19 de Abril de 2007, 52 campas do lado muçulmano foram cobertas de inscrições nazis, de cruzes gamadas e célticas. As inscrições “Heil Hitler” e “Skinhead não está morto” foram também encontradas num dos ossários do cemitério.

“Este acto resulta do racismo mais inadmissível que existe e o presidente da República partilha a dor de toda a comunidade muçulmana de França”, declarou hoje a presidência num comunicado, que indica 136 campas profanadas.

Sarkozy “pretende ser informado do seguimento do inquérito judicial”, que espera seja rápido “para que os autores deste acto sejam punidos como merecem”.

O primeiro-ministro, François Fillon, e a ministra do Interior, Michèle Alliot-Marie, exprimiram igualmente a sua “indignação” e condenaram “com a maior firmeza” aqueles actos.

O partido socialista, por seu turno, deu conta da sua “fúria e indignação” e pediu uma “investigação eficaz seguida de sanções exemplares”.

“É vergonhoso ver isto. Quando falta o respeito é uma catástrofe”, declarou à imprensa o presidente regional do culto muçulmano Bahssine Saaidi, defendendo que se trabalhe em conjunto para “parar este problema de racismo”.

Na sequência da primeira profanação, dois jovens de 18 e 21 anos foram condenados a dois anos de prisão e um menor de 16 a sete meses de prisão, dos quais cinco e meio de pena suspensa.

Fonte: Agência Lusa, 06 de Abril de 2008.

6 de Abril, 2008 Mariana de Oliveira

Padre assassinado em Bagdad

Homens armados não identificados que seguiam numa viatura dispararam sobre o padre que saía da sua casa no bairro central de Karrada.  O padre teve morte imediata.

Yusef Adel era padre da igreja síria ortodoxa e dava missa na paróquia São Pedro, no bairro de Karrada.

Os cristãos do Iraque, acusados de apoiar os «cruzados invasores», são regularmente alvo de violência, raptos, assassínios e atentados à bomba contra igrejas são realizados por insurgentes, xiitas e sunitas.

Antes da invasão de Março de 2003, a comunidade cristã do Iraque totalizava cerca de 800.000 membros, cerca de três por cento da população de maioria muçulmana. Desde então numerosos representantes da comunidade deixaram o país ou migraram para o Curdistão iraquiano (norte).

Fonte: Sol, 06 de Abril de 2008.

6 de Abril, 2008 Carlos Esperança

Livro negro da República

A reeleição do bispo de Braga, Jorge Ortiga, para presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, é o prenúncio de uma guerrilha clerical, à semelhança da que Rouco Varela lançou em Espanha com o apoio explícito do núncio apostólico e a bênção do Papa.

Decididamente, em Portugal e Espanha, o clero mais conservador ganhou a luta interna para as presidências das respectivas Conferências Episcopais. Bastava a cumplicidade da Igreja católica nos silêncios, omissões e activismo nas perseguições aos adversários das ditaduras ibéricas para que o exame de consciência bem feito e um leve remorso a afastasse do caminho da vingança.

O exemplo do cardeal Taracón, de Madrid, e do Bispo Ferreira Gomes, do Porto, não são modelos que os bispos actuais queiram seguir. Incitados pelo Papa Ratzinger para combaterem o laicismo e o secularismo, convictos de que as leis dos homens se devem subordinar à vontade de Deus, segundo a interpretação do velho inquisidor, os bispos portugueses já entraram nos ataques à República e nas ameaças ao Governo.

Quando o presidente da CEP considera o Estado português «militantemente ateu» diz bem do rigor intelectual por que se pauta e dos atropelos à verdade de que é capaz para conseguir pôr de joelhos os governantes. Não é uma atitude ética, é um desafio ao poder democrático por um herdeiro do concílio de Trento.

O anunciado lançamento do «Livro Negro da República» não pretende ser o contributo sério para a história, é uma provocação à democracia e um aviso sobre o rol de calúnias, mentiras e meias verdades com que a Igreja católica pretende denegrir o passado, julgar os mais impolutos governantes de então e desafiar as forças liberais e democráticas.

Quem conhece o seu passado e não vê quantas bibliotecas encheria com os livros negros da sua história milenar, é capaz de provocar tensões na sociedade portuguesa mas não se livra de ver denunciadas na praça pública a sua conivência com o salazarismo, a história de Fátima e a cumplicidade com a guerra colonial, bem como os nomes dos padres que pertenceram á Comissão de Censura e os que foram informadores da PIDE.