22 de Abril, 2008 Ricardo Alves
Ninguém pode pedir que o Estado dê dinheiro a um hospital católico
Diz-nos a agência Zenit:
Está bem. Se é assim que querem, então também ninguém pode pedir que o Estado dê dinheiro a um hospital católico.
Diz-nos a agência Zenit:
Está bem. Se é assim que querem, então também ninguém pode pedir que o Estado dê dinheiro a um hospital católico.
O funeral do cónego Eduardo Melo, da Sé de Braga, deu origem a uma importante concentração fúnebre.
Uns foram para ter a certeza de que ficam livres de uma testemunha incómoda, outros para prestar homenagem a um homem que não hesitaria em defender a Igreja à bomba.
Não foi a devoção que o celebrizou, foi o poder que o tornou temido e respeitado. A estátua que lhe fizeram não foi uma homenagem às ave-marias que rezou, às missas que disse ou à frequência com que sacava do breviário. Foi a paga dos favores que fez, das cumplicidades que teceu, do poder que detinha. Não era homem para andar de hissope em punho a aspergir beatas que arfavam lubricamente à sua volta antes da Revolução de Abril, era um homem de acção. Do futebol à política. Do salazarismo ao MDLP.
O cónego Eduardo Melo pode não ter sido o responsável pelo assassínio do padre Max, cuja morte ficou impune embora se saiba a origem dos explosivos.
Na morte teve a acompanhá-lo o inevitável presidente da Câmara, Mesquita Machado, o Governador Civil e um secretário de Estado, além de gente anónima que aproveitou os autocarros gratuitos para ir a Braga.
O bem-aventurado cónego, que nunca renegou a sedução por Salazar e o aborrecimento pela democracia, foi a enterrar quatro dias antes do 25 de Abril que tanto detestava. Se Deus existisse tê-lo-ia deixado viver até ao 28 de Maio. Era uma data mais grata à sua alma de fascista, uma consolação para quem nunca se adaptou à democracia.
«[…] O padre brasileiro Adelir Carli desapareceu no domingo, no Estado do Paraná, pendurado em mil balões, escreve o site Globo. O religioso queria voar durante 20 horas, mas o mau tempo levou-o em direcção ao mar de Santa Catarina. As buscas aéreas e marítimas concentram-se a cerca de 30 quilómetros da costa, na aérea onde o padre terá feito o último contacto. […]
O padre já tinha viajado do Paraná para a Argentina no dia 13 de Janeiro deste ano. Carli levantou voo na cidade de Ampére e, depois de quatro horas, aterrou em Santo António, na Argentina, a 110 quilómetros de distância. Os balões chegaram a atingir os 5,3 mil metros de altitude. Para se aproximar do solo, o padre usou um estilete, com o qual foi furando e soltando uma parte dos balões. […]
Em entrevista ao programa Fantástico, em Março deste ano, o padre mostrou como se prepara para os voos. Para além de uma roupa térmica que lhe permite suportar baixas temperaturas, o padre usava também um capacete e um pára-quedas. […]»
(IOL Diário --- 22.Abril.2008)
To: Excelentíssimo Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa
PETIÇÃO ONLINE – NÃO À CONCORDATA
Em 18 de Maio de 2004, foi celebrada entre o Estado Português e a Santa Sé (o Estado do Vaticano) a Concordata que veio renovar as relações entre o Estado Português e a Igreja Católica e substituir a Concordata de 7 de Maio de 1940, redefinindo o Estatuto desta religião em Portugal.
Uma Concordata é uma espécie de Tratado Internacional e que estabelece uma série de direitos e obrigações entre os Estados contratantes, fixando, de igual forma, um leque de benefícios e vantagens concedidas à Igreja Católica Apostólica Romana, bem como aos seus Sacerdotes e elementos.
Se bem que seja reconhecida ao Vaticano independência em relação ao Estado Italiano e que seja reconhecido (ou se apresente) como um Estado soberano, face a critérios como os de território e os de população não parece que a Santa Sé, enquanto entidade com poder central, teocrático e de cariz católico, reúna condições ou requisitos para que possa ser considerada um Estado com o qual a República Portuguesa deva celebrar tratados internacionais.
Para além disso, a Concordata vem estabelecer uma série de regras que permitem que a Igreja Católica, seus ministros de culto e professantes desta religião, tenham no ordenamento jurídico português um estatuto específico e posições jurídicas de vantagem em relação a outras entidades religiosas, bem como aos restantes cidadãos portugueses, criando assim tratamento diferenciado e discriminação positiva. Nesta senda, trata-se de um acordo atentatório quer da liberdade religiosa, quer do Princípio da Igualdade de tratamento, plasmado ao nível da Constituição da República Portuguesa.
Relembre-se aqui, que República Portuguesa é um Estado Laico, devendo assim assumir-se neutro e equidistante das diversas opções social e culturalmente possíveis (entre as quais as religiosas) e considerar-se, assim, incompetente em todas as matérias inerentes às crenças e/ou convicções pessoais e individuais dos cidadãos pertencentes à sociedade que legitima e assegura a existência do mesmo Estado. Isso compreenderá, no entanto, por parte do Estado, que se assegure e reconheça o direito dos cidadãos se organizarem e se associarem no âmbito das afinidades religiosas que entre si entendam fazer relevar social e culturalmente.
Mais: a Concordata vem contradizer a própria Constituição da República Portuguesa, que deveria, por si só, ser capaz de regular a liberdade de credo e de culto, ainda que com recurso a regulamentação própria, nomeadamente através da Lei da Liberdade Religiosa.
A Concordata de 2004 (bem como a antiga), em clara contradição com o que supra ficou descrito, vem assim estabelecer uma série de aspectos que, ao ver dos autores desta petição, merecem alguma preocupação e destaque, a saber:
– A recomendação aos cônjuges que não se divorciem civilmente.
– A produção automática no âmbito dos efeitos jurídicos civis da declaração canónica de nulidade do casamento;
– A possibilidade de celebração do matrimónio católico “in articulo mortis”, ou seja, na iminência da morte, bem como na iminência do parto, independentemente do processo preliminar de publicações ( que existe para acautelar posições jurídicas de terceiros com interesse pessoal e legítimo);
– A possibilidade da existência do matrimónio, independentemente das publicações preliminares, cuja imediata celebração seja expressamente autorizada pelo ordinário próprio por “grave motivo de ordena moral”;
– A possibilidade de os padres que prestem serviço de assistência religiosa aos membros das Forças Armadas ou Forças de Segurança, deterem patentes militares, podendo, dessa forma ter uma forma de progressão na carreira e de auferirem um vencimento pela prestação desse serviço, bem como de estarem inseridos numa estrutura hierárquica em que detêm uma posição de vantagem.
– A garantia, pelo Estado Português de, a suas expensas e sem um número mínimo de alunos, assegurar as condições necessárias para o ensino da religião e moral católicas nos estabelecimentos de ensino não superior público, quando as escolas públicas deveriam transmitir conhecimentos e abster-se de interferir em matérias de crenças;
– O reconhecimento da “especificidade institucional” da Universidade Católica Portuguesa, em detrimento das outras universidades privadas;
– A concessão de um direito de ingerência à Igreja Católica no âmbito do planeamento territorial e em função da afectação de espaços a fins religiosos.
– A fixação de uma série de isenções tributárias a favor de diversas instituições católicas, diferente daquele instituído para as comunidades religiosas previsto na Lei de Liberdade Religiosa, instituindo posições claramente vantajosas em sede de tributação e impostos em relação a uma série de instituições religiosas de outros cultos.
Pelos motivos apontados, pela desigualdade de tratamento notória que a Concordata vem estabelecer entre católicos e não católicos (professantes de qualquer religião ou não), entre instituições católicas e não católicas, pelo facto de o Estado dever ser absolutamente laico, isto é, de se manter completamente isento de intervenção em matérias de religião, bem como da ingerência da religião nas matérias que somente ao Estado compete, no âmbito da soberania que se baseia na sociedade constituída pelos cidadão portugueses, católicos ou não, pela necessidade de assegurar o cumprimento das nossas normas constitucionais no tocante à defesa da liberdade de culto e de credo, urge tomar uma iniciativa.
Assim, o objectivo directo desta petição é o de claramente abolir da nossa Ordem Jurídica a Concordata. Assumindo a natureza de tratado internacional bilateral, a Concordata, ao contrário do que é defendido por alguns, pode deixar de produzir efeitos jurídicos entre as partes contratantes e celebrantes. Basta para isso, que o Estado Português efectue o que se chama em termos de direito internacional público, a declaração unilateral de DENÚNCIA do acordo, isto é da Concordata.
Assim, solicita-se a todos os que leram o texto desta petição que se juntem aos autores nesta iniciativa, aderindo a este movimento no sentido de garantir a continuidade de um Estado Laico e em respeito pelos princípios da JUSTIÇA, IGUALDADE e verdadeira LIBERDADE religiosa.
NÃO À CONCORDATA, PARA UM FUTURO MELHOR!
O texto foi, no seu essencial, redigido por Manuel Lopes com revisão de Filomena de Mello, Ricardo Silvestre e Helder Sanches.
O presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, inaugura terça-feira o «memorial às vítimas da intolerância» evocativo do massacre que vitimou entre 2 a 4 mil lisboetas em 1506, suspeitos de professarem o judaísmo.
(…)
O início da cerimónia está marcado para as 11h00 de terça-feira, contando com a presença do presidente da autarquia lisboeta, do cardeal-patriarca de Lisboa D. José Policarpo e do rabino de Lisboa, Eliezer Sahi Di Martino. (SOL)
B16 já regressou ao antro do Vaticano depois de exibir os vestidinhos e as toucas da profissão pelo País mais poderoso do mundo. Teve a recebê-lo um presidente que já falou com Deus para desgraça do Iraque e da paz mundial.
Deus não é melhor nem pior do que eles. Apenas tem a vantagem de não existir. Já os dois cruzados, que se aliaram, existem e fazem excessivo mal à humanidade.
Os EUA constituem um país que se afastou da matriz ideológica dos seus fundadores, que fizeram uma Constituição laica, com profunda desconfiança do clero cujas tropelias conheciam da Europa. Deu-lhe para a religião como lhes dá para as armas. Gostam do que é violento. Não admira que tenham em boa conta o Antigo Testamento.
B16 lá andou de missa em missa, chegando a juntar 50 mil genuflectidos, metade dos professores que em Portugal se reúnem para contestar uma decisão ministerial. Depois de ter pedido perdão pelos ataques pedófilos dos seus padres, o papa quis convencer os americanos do martírio do seu Deus. Falou para crentes mas não reabilitou as dioceses falidas pelas indemnizações pagas pelos crimes dos seus padres.
B16 felicitou os americanos, num ataque de suprema hipocrisia, pela tolerância que têm para com todas as religiões. Fala um talibã que, quando pode, adverte que só há uma religião verdadeira. E, de facto, passe o exagero de uma a mais, só há uma verdadeira.
As religiões são o rastilho do ódio e da intolerância. A forma de nos defendermos delas não é combatê-las, é desacreditá-las.
Ámen.
Homilia papal foi apelo à purificação da Igreja
Comentário: Espera-se que os métodos de purificação poupem nos combustíveis.
O Papa Bento XVI visitou o Ground Zero, em Nova Iorque, para uma homenagem às vítimas dos atentados de 11 de Setembro de 2001, tendo voltado a pedir o fim dos apelos ao ódio em nome da religião.
O Papa rezou em silêncio, antes de acender um círio colocado sobre o altar improvisado em pleno Ground Zero, em sinal do renascimento da esperança.
O Sumo Pontífice rezou depois, em inglês, pelas vítimas dos atentados, as suas famílias e pediu a Deus para “trazer a paz a um mundo violento” e “fazer regressar ao caminho do amor aqueles cujos corações e espírito estão consumidos pelo ódio”.
A breve cerimónia contou com a presença do “mayor” de Nova Iorque, Michael Bloomberg, por representantes dos bombeiros e da polícia da cidade e por 16 familiares das vítimas dos atentados, recebidos no final pelo Papa.
Fonte: Público, 20 de Abril de 2008.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.