Bento XVI tenta cura de abusos nos EUA
Na sua primeira viagem aos EUA como líder máximo do catolicismo, o papa Bento XVI vai tentar curar as feridas provocadas pelos escandâlos de abusos sexuais que têm abalado a imagem da Igreja, divulgou o Vaticano.
«O papa falará de uma forma específica a respeito deste assunto», disse o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano.
«O papa, em conjunto com os outros padres da Igreja, tentará trilhar o caminho rumo à cura e à reconciliação».
O escândalo dos abusos sexuais começou em Boston em 2002, quando se descobriu que dirigentes da Igreja mudaram padres acusados de abusar de crianças para novas paróquias em vez de destituí-los de sua batina ou denunciá-los à polícia.
O escândalo mais tarde ampliou-se para abarcar quase todas as dioceses católicas do país.
Em Julho passado, a Arquidiocese de Los Angeles aceitou pagar 660 milhões de dólares a 500 vítimas de abusos sexuais praticados desde os anos 40.
O papa, que deve visitar Washington e Nova York, levantará a questão dos abusos sexuais num pronunciamento a ser feito na catedral de St. Patrick, no dia 17 de abril, afirmou Bertone.
O líder católico permanecerá nos EUA entre os dias 15 e 20 deste mês e deve também discursar na Organização das Nações Unidas (ONU).
Antes de ser eleito como pontífice, em 2005, o então cardeal Joseph Ratzinger colocou-se numa posição vulnerável ao censurar publicamente a «escória» existente dentro da Igreja.
Como papa, o actual líder católico adoptou uma postura mais rígida a respeito dos abusos do que o seu antecessor, papa João Paulo II.
Em 2006, Bento XVI puniu o reverendo Marcial Maciel, fundador dos conservadores Legionários de Cristo. Maciel era acusado de ter abusado sexualmente de meninos décadas antes.
Fonte: Sol, 09 de Abril de 2008.