Dúvidas metafísicas dos paroquianos de um falso padre
É preciso ter-se um coração empedernido e total ausência de compaixão para não viver o drama pungente dos paroquianos que, nas dioceses do Porto e de Braga, souberam que os seus casamentos foram celebrados pelo falso padre Agostinho Caridade.
Os baptizados e as missas são de somenos importância, os primeiros porque podem ser ministrados por qualquer cristão, em caso de morte iminente, e as missas porque o que conta é a fé e a homilia serve muitas vezes para dormitar.
Há neste exercício ilegal da profissão dois problemas graves: casamentos e peditórios. Quanto aos peditórios viram-se os créus aliviados do vil metal sem que Deus lhes dê a recompensa devida porque se tratou de burla feita por pessoa sem habilitações.
Grave, grave, é o casamento canónico. Para os crentes o acto sexual só é legítimo se tiver em vista a prossecução da espécie e tiver sido abençoado por um padre com o sacramento da ordem em dia. Não é como ir de táxi com um motorista sem carta, é muito mais grave e perigoso.
Se era falso o padre e a água benta era da outra, as relações dos casais não passaram do mais puro deboche ainda que os propósitos fossem fazer cristãos e não houvesse ais de prazer nem insistências voluptuosas.
Calculo a ansiedade com que se remetem agora à castidade os casais que aguardam que de Roma lhes confirmem a validade sacramental das núpcias conduzidas por um charlatão, sem carta profissional passada por um bispo.
Quem sabe se, à semelhança do que se passa com as relíquias, em que as falsas fazem milagres e as verdadeiras por mais rezas que lhe façam nada acontece, não serão estes casamentos feitos por um curioso, que a vida está difícil, mais duradouros e felizes do que os realizados por sacerdotes encartados, com centenas horas de jejuns, orações e breviário!
Com a falta de padres qualquer dia a Igreja acaba por aceitar os que entram no ramo à margem do seminário e dos rituais canónicos.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
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- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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