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  • 31 de Janeiro, 2008
  • Por Carlos Esperança
  • Política

O 31 de Janeiro de 1891

Em Portugal, nos finais do século XIX, na ausência de qualquer solução para a crise económica, social e política, a monarquia agonizava. Depois da conferência de Berlim, em 1885, o projecto português de ligar Angola a Moçambique colidiu com o plano inglês de ligar o Cairo ao Cabo (África do Sul).

A disputa do território africano que ficaria conhecido por mapa cor-de-rosa culminou com o Ultimatum, imposição do império inglês a Portugal, tão humilhante que inflamou o fervor republicano e o ódio ao trono e à Inglaterra.

Os ideais republicanos continuaram a seduzir os portugueses e a ganhar força à medida que a monarquia se esgotava, a pobreza aumentava e o sentimento colectivo, de vergonha e ressentimento, se acentuava.

«A Portuguesa» foi o hino que surgiu do ódio generalizado que cada vez mais se identificou com as aspirações republicanas que germinam nos quartéis, na maçonaria e nos meios académicos. O Partido Republicano, até aí pouco expressivo, ganhou adesões e consistência.

Entre os militares destacavam-se os sargentos no fervor republicano donde viria a surgir a primeira tentativa para implantar a República. Coube ao Porto a honra dessa tentativa falhada que contou com alguns oficiais em que se distinguiu o alferes Malheiro e, ainda, o capitão Leitão e o tenente Coelho.

Com a banda da Guarda-Fiscal à frente, os militares republicanos avançaram ao som de «A Portuguesa» e assaltaram o antigo edifício da Câmara do Porto de cuja varanda, perante o entusiasmo da população que se juntou ao movimento, se ouviu o discurso de um dos lideres civis da revolta, Alves da Veiga, que proclamou a República.

Falhado o objectivo de ocupar o Quartel-General e o edifício do telégrafo, donde se anunciaria a todo o País a proclamação da República e a deposição da Monarquia, o movimento soçobrou perante a Guarda Municipal.

O exemplo dos revoltosos de 31 de Janeiro de 1891 frutificaria, menos de duas décadas depois, em 5 de Outubro de 1910. Eles foram os protagonistas de uma derrota que foi a semente da vitória que tardaria quase duas décadas.

Foi há 117 anos mas a memória histórica dos protagonistas do 31 de Janeiro está viva e é dever honrá-la.

 O trono e o altar iriam cair abraçados.

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- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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