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Ateísmo e o espantalho comunista

É aberrante a lógica argumentativa religiosa, as suas entediantes e estúpidas alusões às mesmas questões, aos mesmos ridículos argumentos, inseridos continuamente em quase toda e qualquer discussão do fenómeno religioso, os mesmos erros repetidamente que não se tornam em verdades, breves noções sobre a concretude das coisas bastam para filtrar as alarvidades proferidas por teólogos ou adeptos de áreas semelhantes, áreas em que qualquer coisa é comparável a qualquer coisa e onde as maiores parvoíces ganham contornos de excelsidades mentais, arrogância existe que chegue e que normalmente transborda, falar do que não se sabe não é um dom, é um atestado de incompetência intelectual passado a si próprio.

Uma das recorrentes temáticas usadas para interromper debates, usadas sem sentido algum, sem qualquer linha de raciocínio nem sequer as habituais ginásticas intelectuais teológicas, é o espantalho comunista, o desvio para as políticas estalinistas e outras enquadradas em semelhantes pressupostos, as alusões a personagens históricos sanguinários que se identificavam como ateus. A questão não poderia ser mais simples, o ateísmo é uma negação do sobrenatural, das religiões, da fé, uma estrutura de filtragem racional que pode ser exercida em plenitude de racionalismo e honestidade ou meramente identificada pela descrença num deus. A ausência de determinadas convicções não potencia acções, as acções são potenciadas por convicções existentes e não por convicções ausentes, portanto, as acções decorrentes do estalinismo e correntes políticas similares lidam com convicções de foro político, foi a política que definiu determinadas convicções que se tornaram em acções.

Tentar associar o Ateísmo com comunismo é complexo, e sujeito a enorme ginástica intelectual, coisa que muitas vezes inexiste nas mentes que tentam tal abordagem, a intelectualidade, não a ginástica. De uma questão de negação religiosa não se passa a uma questão de afirmação política sem tentar, no mínimo, encontrar um fio condutor, no caso específico ele não existe.

Notável ainda a arrogância teológica em querer lidar com questões complexas de uma forma estúpida e superficial, saloia e ignóbil, alicerçar a suposta inquisição ao ateísmo por uma descrença no deus que determinadas pessoas acreditam, retirar credibilidade a algo por existirem pessoas que partilham ausências de convicções, sendo para mentes torpes e reduzidas a mesma coisa que partilhar ausências e presenças, se determinada pessoa se assume como vegetariana e ateísta, então uma mente religiosa poderá considerar que todos os ateus serão vegetarianos, ou caso um ateu se declare homossexual todos os ateus serão homossexuais, questões complexas para mentes entupidas em fé, a sua forma de seguir ordens advindas de vendedores de teologias em manada, de entrega absoluta e cega aos preceitos de determinadas doutrinas religiosas faz com que a clarividência se afunde, e a percepção da diversidade inexista. Atribuição de determinadas posturas afirmativas a um grupo de pessoas que se identifica com um construtivismo de negação é incrivelmente idiota, uma estupidez épica.

Por certo terão mais razão dentro das lógicas ilógicas teológicas os hindus em afirmar que a grande maioria dos males do mundo são oriundos da ausência de crença em Brahmá, Vishnu e Shiva. Mais razões teriam os crentes do Tricórnio (que é um Unicórnio mas tem 3 cornos) de Saturno em afirmar que a ausência de crença nesse ser superior causou todos os males do mundo.

Estranho também será o facto de algumas pessoas que se identificam com o rótulo do Ateísmo se sentirem de alguma forma perdidas com as alusões aos espantalhos comunistas, como se por ventura se deixassem cair nessa estupidez e assumissem um discurso de defesa instigado pelos irracionalismos religiosos de algo que não faz parte da sua convicção afirmativa, por vezes aparentando um contágio da estupidez oriunda do meio envolvente. Tais alusões devem ser antecipadas, o leque de argumentação religiosa é incrivelmente restrito, os espantalhos devem ser racionalmente exterminados, honestamente estupidificados pela força da inteligência.

O Ateísmo, a ser exercido colectivamente em mutualismo, deve não só atacar racional e honestamente os dogmas religiosos, como também atacar os dogmas que as religiões lhe tentam atribuir, sem que as ideologias dogmáticas religiosas infectem as mentes esclarecidas e racionais.

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