13 de Dezembro, 2007 Ricardo Silvestre
Incompreensível
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem conseguido fazer um trabalho extraordinário em África, conseguindo através do método de vacinação quase erradicar algumas das doenças mais virulentas do globo. Vacinação é talvez um dos melhores feitos da humanidade: através da ciência conseguiu-se erradicar a Varíola, uma doença que causou centenas de milhões de pessoas morrerem em agonia.
Assim, cada vez que alguém acusar a ciência de ser «fria» ou «sem alma», ou que precisa de um «sentido», principalmente por aqueles que pensam que as doenças são causadas por demónios, digam a essa pessoa para estar calada!
No entanto, não chega a estas pessoas a incrível falta de inteligência e de atenção. Ainda hoje há quem continue a combater este avanço civilizacional com dogmas religiosos.
No inicio do Sec. 21, o programa de vacinações da OMS estava muito perto de erradicar igualmente Polio. Esta doença paralisa permanentemente várias partes do corpo das pessoas que a contraem. No entanto, na Nigéria, os Mullahs islâmicos anunciaram que deus lhes tinha revelado que a vacina era «contra o Islão», e parte de um plano hediondo do Oeste para esterilizar crianças islâmicas. A população local, sem qualquer outra fonte de informação, e com décadas e décadas de submissão às «vontades de deus» deixaram de levar os filhos aos centros de vacinação. Resultado: Polio está de volta e pode ser que nunca se consiga erradicar de vez. No confronto entre razão e fanatismo, fanatismo ganhou, e como resultado, outros milhões irão ficar paralisadas e morrer.
Também na Europa sofremos destas imbecilidades. O Daily Mail na Inglaterra, pela mão da criacionista Melanie Philips, que, sem qualquer qualificação científica, resolveu montar uma «campanha jornalística» onde afirmava que a vacina para a Rubéola, Papeira e Sarampo causava autismo em crianças. Esta indicação não tinha qualquer base científica, e tinha sido baseada num estudo com 12 crianças que eram autistas e que tinham levado a injecção onde se apresentava a ideia que devia haver uma relação, enquanto num estudo na Finlândia com 1.8 milhões de crianças [!!!] mostrava que autismo é independente da vacinação.
Quando o Director do Medical Research Council Britanico, o Professor Colin Blakemore explicou que as vacinas são processos evolutivos, e que vacinas de 1918 não são iguais as de 2007, porque os vírus também evoluem e se adaptam, a Sra. Philips acusou-o de estar a «promover o Darwinismo» e que o ponto principal do Professor era de «desprezar o conceito de desenho inteligente, apresentando a ideia que a única coisa em jogo são as forças sem sentido da selecção natural».
Isto quer dizer que, pelas palavras desta atrasada mental, deus altera pessoalmente o vírus da gripe (por exemplo) para se assegurar que a humanidade tem de andar sempre a «correr atrás do estrago»?. Que tipo de deus sadista é este que estas pessoas tanto adoram?!
Texto inspirado neste artigo de opinião.