Dois dias depois do Governador Sonny Perdue ter organizado um serviço religioso nos degraus do Capitólio do Estado de Geórgia (em Atlanta, cidade lindíssima há que dizer), a pedir para o deus cristão enviar chuva para combater a seca nesse Estado, deus finalmente respondeu.
O porquê de deus ter deixado passar dois dias para responder às preces não se sabe. Pode ser que tivesse ocupado com outra coisa qualquer. Não há maneira de saber.
«ops, desculpem lá a demora»
De qualquer maneira, esta última quarta-feira, dia 14, deus resolveu lançar chuva e ventos fortes para responder aos apelos dos sequiosos crentes.
Por causa do vendaval forte, o telhado de uma igreja Baptista foi danificado, magoando, com vidros, três crianças que se encontravam dentro da igreja. A Câmara Municipal foi danificada. Uma casa colapsou magoando os seus residentes. Parte do estado ficou sem electricidade, escolas tiveram de ser fechadas.
«ops, desculpem lá o entusiasmo».
Mas para infelicidade daqueles que pensaram que deus tinha se revelado uma vez mais em toda a sua magnificência e generosidade, o meteorologista Vaughn Smith do
National Weather Service in Peachtree City, veio dizer que a quantidade de água que caiu foi muito reduzida, e que «nenhum dos lagos subiram o seu caudal devido ao estado tão ressequido das terras»
«ops. Desculpem lá a insuficiência».
Ridículo? You be the judge.
“Nós temos capacidade para derrubá-lo e acho que já é hora de usar essa capacidade.“
“Ele é um perigoso inimigo para o nosso sul controlando uma imensa quantidade de petróleo.“
“Não precisamos de outra guerra de 200 bilhões de dólares para nos livrarmos de um ditador de mão forte. É muito mais fácil que alguns agentes disfarçados cuidem desse trabalho e se livrem disso.“
“Não sei sobre essa doutrina de assassinato (em referência às acusações de Chávez que Washington planeou o assassínio do venezuelano), mas se ele pensa que queremos assassiná-lo, acho que deveríamos ir em frente e fazê-lo. É muito mais barato que lançar uma guerra.“
Transmitido a 22 de agosto de 2005 no programa televisivo “The 700 Club”.
Também publicado em LiVerdades
Em Dezembro de 2005, onze encarregados de educação em Dover, PA, colocaram em tribunal o Dover Area School District (o Agrupamento de Escolas da Área de Dover) devido a uma declaração que o Conselho Directivo da Escola de Dover exigia que fosse lido aos alunos do 9º ano na disciplina de ciência sempre que a teoria da evolução das espécies fosse ensinada.
Este caso é retratado numa sucessão de episódios magnificamente produzidos pela equipa NOVA, que é parte do canal PBS nos Estados Unidos (de salientar a magnifica cooperação deste projecto do Prof. Neil deGrasse Tyson)
São duas horas divididos por 12 episódios. Muito bem feito, muito fácil de ver e de elevadíssimo valor educativo.
ver o sítio do NOVA-PBS aqui
No programa não se entra em detalhe na decisão do Juiz, mas deixo aqui algumas das conclusões que se podem encontrar no documento final.
«Um aspecto importante do movimento de Desenho Inteligente [DI] é que é um argumento religioso. Dessa forma, pode-se constatar que os proponentes de DI defendem que o «desenhador» postulado pelo seu argumento é o Deus do Cristianismo (página 26).
As evidências apresentadas em tribunal demonstram que DI não é mais que outra forma de difundir criacionismo (página 31) e que DI é uma visão religiosa, e não uma teoria científica (página 43).
Fica declarado que apesar de os argumentos de DI possam ser verdadeiros, ID não é uma ciência. DI falha a três níveis, qualquer um deles só por si suficientes para determinar DI como não sendo ciência:
1. DI viola regras básicas de como ciência é feita, ao invocar e permitir uma causalidade sobrenatural
2. O argumento de complexidade irredutível que é central para o DI usa os mesmos princípios erróneos e ilógicos do criacionismo dos anos 80
3. Os ataques dos proponentes de DI à teoria da evolução foram sobejamente refutados pela comunidade científica (página 64). E fica claro que os objectivos dos proponentes de DI não é de encorajar pensamento crítico, mas de fomentar uma revolução que crie a substituição da teoria da evolução com o DI (página 89).»
Para saber mais sobre Novo Ateísmo visite o NOVA
Domingo, no aniversário da morte de um dos mais frios e cruéis assassinos do século XX, os nostálgicos da ditadura espanhola fizeram a canónica peregrinação anual ao Vale dos Caídos.
Na lúgubre evocação não faltou um padre a adejar a sotaina para honrar «aquele que foi, pela graça de Deus, caudillo de Espanha», nem um estudante de economia, de braço ao alto, orgulhoso de ser neto de quem «matou 156 ‘vermelhos’ à metralhadora em 1936, na Galiza, e depois foi comer marisco».
Estavam lá os detritos da memória de um tempo em que o fascismo e o altar se aliaram para matar os sonhos de liberdade. O ódio que ainda os corrói vê-se nos rostos grotescos e nos braços estendidos junto de um monumento pio edificado por 15 mil condenados a trabalhos forçados.
A grotesca encenação de quem se reclama sempre «espanhol e católico» teve do poder legal, como resposta, a «lei da memória histórica» enquanto da parte eclesiástica se faz sentir um silêncio cúmplice perante as homenagens ao seu venerado Caudillo Franco.
A Espanha rural, beata e fascista fez ontem a última peregrinação legal ao Vale dos Caídos. Envergavam camisas azuis de melhor qualidade do que as da ditadura, cantaram o ‘Cara al Sol’ e fizeram a saudação nazi perante um Franco que jaz morto e apodrece no monumento que o fascismo espanhol transformou no altar de si próprio e onde jaz morto e apodrece Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco y Bahamonde Salgado Pardo de Andrade.
José Saramago, o Nobel do nosso contentamento, fez ontem 85 anos, embora, segundo o registo, lhe faltassem ainda dois dias.
Era aguardado no Convento de Mafra, localidade onde tem uma escola secundária com o seu nome, à revelia do edil que nunca autorizou o preito que o Governo de Guterres acabou por impor. Há 290 anos foi lançada a primeira pedra do Convento com que D. João V agradeceu a mercê divina de um herdeiro e delapidou o ouro do Brasil que lhe sobrou das oferendas ao Papa.
Não adivinhava o «Senhor Fidelíssimo», título e prémio papal ao desperdício com que deslumbrou o Vaticano, que o Mosteiro serviria de cenário a uma das mais interessantes obras literárias do maior ficcionista português do Século XX.
Saramago deu a Mafra a fama internacional projectada pelo «Memorial do Convento», um romance em que a funda erudição se associa à fábula, as alegorias mergulham na história e Frei Bartolomeu Lourenço acaba louco por entre dúvidas metafísicas e a perseguição do Santo Ofício, havendo ainda tempo para o amor entre Baltazar Sete-Sóis, ex-soldado maneta, e Blimunda Sete-Luas, que perscrutava vontades através dos corpos das pessoas, transparentes ao seu olhar.
A beleza literária e a linguagem inovadora criaram uma obra-prima a que o Convento de Mafra serviu de pretexto. Vinte e cinco anos depois da sua publicação e de 1 milhão de exemplares vendidos em Portugal, o Memorial do Convento aí está como obra imortal do génio de um escritor que a doença impediu de estar hoje presente.
José Saramago deslocar-se-ia hoje ao Convento de Mafra se a doença o não retivesse, quiçá entregue ao desvelo de Pilar del Rio. Terá sido a última vez que Saramago perdeu a primeira oportunidade de falar do Memorial do Convento no Palácio que lhe serviu de berço.
Parabéns, José Saramago, pelos 85 anos e, sobretudo, pela obra singular, em língua portuguesa, que rivaliza em solidez e imponência com o Convento de Mafra.
Entre 1939 e 1975, a Igreja Católica Romana e Franco, o “Caudilho de Espanha pela graça de Deus”, governaram a Espanha em regime de repreensão brutal aos adversários, devidamente apoiados pelos déspotas Hitler, Salazar e Mussolini. Cerca de meio milhão de pessoas morreram durante a guerra civil Espanhola até à ascensão de Franco ao despotismo, no qual foram executadas milhares de pessoas, sempre com a conivência da Igreja Católica Romana.
O parlamento em Madrid decide proceder à reabilitação das vítimas do franquismo, colocando em jogo a lei da memória histórica, aprovada em 31 de Outubro com o intuito de reparação moral e a reabilitação pública da memória das vítimas de perseguições políticas, ideológicas e religiosas durante a guerra civil e das décadas de fascismo que se lhe seguiram. Perante a imperiosa escolha de clarividenciar a História e proporcionar a dignidade mínima às pessoas que sucumbiram durante a guerra e o franquismo, a Igreja Católica Romana respondeu com a maior campanha propagandística dos santinhos e anjinhos da sua História ao beatificar 498 católicos caídos do lado que lhes interessava, imiscuindo no mínimo um torturador pelo meio, facto conhecido mas aparentemente normal nas lides clericais. A apoteose da beatice e de afronta à Democracia Espanhola ocorreu poucos dias antes da aprovação da lei, provocando deliberadamente a hostilização e o sectarismo. A cerimónia foi presidida pelo cardeal português José Saraiva Martins, intelectual sublime do prosélito, das cruzadas católicas às Laicidades e da condenação de todos os não-cristãos à inexistência, conforme afirmado na propaganda católica televisiva de 14 de Outubro na RTP, “A força do espírito”, “Tudo o que é verdadeiramente cristão é verdadeiramente humano e tudo o que é verdadeiramente humano é verdadeiramente cristão”.
Na aprovação da lei surge uma alteração em cima do joelho, a excepção à regra aparece e é o que se esperava, a Igreja Católica Romana fica isenta de retirar todo e qualquer material propagandístico franquista das suas Igrejas com a possibilidade de alegação de simbologia artística e religiosa, o franquismo consegue assim sobreviver dentro das Igrejas.
Infelizmente a lei também não determina a anulação dos julgamentos sumários feitos pelos tribunais do franquismo que decretaram a execução de mais de 50 mil republicanos, apenas proclama a ilegitimidade destes órgãos e das sentenças.
Segundo a Igreja Católica Romana, pela voz do Francisco Pérez, a lei é “desnecessária” e a “história não vai mudar porque uma lei se torna “memória””, a tentativa de perpetuação da propaganda franquista e católica pelas páginas da História quando a moral Humana obriga a que nas páginas da História esteja a História, milhares de pessoas encontram-se desaparecidas, enterradas em valas comuns à espera que a dignidade e a moral se afirme e lhes proporcione a dignificação mínima, para além de se poder finalmente retirar o lixo católico e fascista e substitui-lo pelos factos, pela concretude das coisas.
Enquanto a Igreja Católica Romana tenta a todo o custo abafar a Democracia Espanhola e perpetuar a mentira, a hipocrisia e a injúria, a História começa finalmente a escrever-se, Maribel Brenes procede a estudos sobre a repressão do sistema franquista e acredita ter descoberto provas de que existem cerca de 10000 mortos enterrados em 57 valas comuns em Granada.
Enquanto o catolicismo assume as mesmas posturas relativas ao Nazismo, as negações do holocausto e dos 6 milhões de Judeus mortos, os obscurantismos e os revisionismos históricos, as verdades começam a surgir do lodo franquista, mesmo com a contínua batalha católica pela limpeza através da mentira e das cerimónias franquistas efectuadas, como a missa na Basílica do Vale dos Caídos em 17 de Novembro em homenagem a Franco na data da sua morte onde compareceram 1500 pessoas, felizmente menos 40% que no ano passado.
A Igreja Católica Romana continua com a mesma postura demencial de sempre, desde a sua fundação até aos tempos recentes, resta às Democracias saberem lidar com este estranho parasita.
Também publicado em LiVerdades
imaginemos que a história em torno do senhor jesus cristo decorria na europa dos dias de hoje (com as alterações adequadas) em vez de na palestina no tempo da ocupação romana. o que acha que seria o destino mais provável do senhor cristo pouco tempo após completar 30 anos:
(a) uniria a humanidade em torno dos seus ideais e seria coroado rei vitalício da mesma, numa cerimónia nas nações unidas em nova iorque;
(b) seria internado num hospital psiquiátrico, enquanto que a seita que o seguia se barricava numa gruta à espera do fim do mundo;
(c) assim como assim, e como quem não quer a coisa, aproveitava-se para o cruxificar, só para ver se sempre ressuscitava ou não…
[Esquerda Republicana / Diário Ateísta]
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.