15 de Outubro, 2007 Carlos Esperança
Estaline – um demente assassino
Ainda hoje me interrogo se a violência do facínora se deve às ideias comunistas que dizia defender ou ao passado religioso vivido no seminário.
Ainda hoje me interrogo se a violência do facínora se deve às ideias comunistas que dizia defender ou ao passado religioso vivido no seminário.
O padre Tommaso Stenico, que causou escândalo no Vaticano ao admitir ser homossexual, afirmou ontem que é tudo mentira. Stenico assegura que apenas se faz passar por «gay» no âmbito do seu trabalho de aconselhamento espiritual.
Estes são alguns comentários de Mitchell Cohen, co-editor da revista Dissent e Professor de ciência política no Baruch College e na City University of New York, sobre qual a natureza do Novo Ateísmo.
«Conforme as religiões organizadas desenvolvem ideias negativas, desenvolvem igualmente ideias positivas. Até mesmo a nível politico e ético. Mas essas ideias devem ser traduzidas nos dias de hoje para uma linguagem secular, para que possam ser discutidas sem entraves.
Catolicismo tem uma tradição longa e muito própria de discutir «a Guerra Justa», e aí existem muitas ideias poderosas. No entanto esse estilo de persuasão, num debate democrático e contemporâneo, não pode ser baseado em «pontos de vista» de uma Trindade.
A mesma coisa com filósofos Judeus. Estes podem ter muitas opiniões válidas sobre justiça social, mas essas convicções não podem resultar de saber se Moisés recebeu ou não placas com mandamentos no Monte Sinai.
Islão tem tradições importantes em assuntos que se relacionam com pensamentos legais, mas estes valores, para uma sociedade democrática, não podem ser baseados em crenças que Maomé era um profeta.
Estas ideias têm de ser apresentadas para que o debate possa ser entre membros dessas religiões e todo os outros agentes de uma sociedade secular.»
É notório que o fundamentalismo religioso tem tentado entrar na arena da política, muitas vezes com uma atitude agressiva e intolerante. Seja com alterações de linhas de acção governativas, ou com escaladas no terror religioso, ou com estorvos no avanço do conhecimento. Estas são indescutivelmente, tentativas de regular a vida de biliões de pessoas.
E é esta a preocupação de um (novo) ateísta. Não é que os religiosos não possam ter a sua fé e as suas crenças! Não há nada de mais importante do que a liberdade individual. Mas a religião não deve, não pode, ultrapassar a esfera em que (se deve encontrar) encontra.
Mas os Tarcisio Bertone, os Pat Robertson, os Ali Khamenei não são capazes. Tudo o que seja que faça uma sociedade livre, pluralista, modernizada, aberta, é considerado como uma ameaça para estes, e deve ser «combatido», com rebeliões, com bombas em clinicas médicas, com fatwas.
E ai que reside o «choque cultural».
Para saber mais sobre Novo Ateísmo, viste o NOVA
90 anos se passaram desde que o Sol dançou o malhão, trance psicadélico, forró e merengue, desceu do poiso e aterrou em azinheiras, sucedia então o milagre de não termos sido incinerados, vida na Terra sempre em risco de extinção, sejam peixes e patos afogados no grande, gigantesco, imensurável, apoteótico dilúvio do ser superior que não forneceu guarda-chuvas a ninguém, seja incineração por o Sol não saber estar sossegado no seu canto, fenómenos interessantíssimos do ponto de vista da histeria e lunatismo de massas. Acrescenta-se uma virgem que teve relações sexuais com um pombo do qual teve um filho, virgindade imaculada mantida pois claro, mete-se num foguetão e vai para outras paragens, volta e meia lá vem ela mandar umas bocas aos pastores, vulgar aparição, azinheiras deixaram de estar na moda pelas Américas, vai aparecendo em paredes, torradas, bocados de chocolate e fôrmas de pizza.
Toda a história se relaciona, obviamente, com a Revolução Bolchevique.
A RTP, televisão dos cidadãos católicos portugueses, explicou-nos a relação, embora óbvia, requintes de maior aprofundamento da questão com historiadores católicos importantes, representantes vaticanistas importantes, alicerçados com relatos populares sublimes e clarividentes.
Horário nobre, e rola o “documentário” com uma mulher vestida de branco num dos cantos da televisão e que nunca de lá saiu, nem se conseguia ver bem os enforcamentos e os tiros na cabeça com ela sempre à frente a estorvar, não era defeito da televisão, era mesmo do “documentário”.
Começo sublime, sumptuoso mesmo, com um ex-ateu quase a lacrimejar com as memórias horrendas da sua juventude, os pais levavam-no a esquiar ao Domingo de manhã, iam para piqueniques, e nunca o levaram a uma missa Católica… Quanto infeliz foi essa juventude, regozijava-se com a ligação de 1917, coincidência muitos incautos diriam, mas estrelas vocacionadas ao bailarico e virgens que vão para a pastorícia correlacionam-se estreitamente com os regimes despóticos russos do século XX.
Entre os relatos de incontornável importância para as sociedades Humanas estava um de uma idosa, afirmava veementemente que tinha visto o Sol pousar em cima das árvores, linkagem perfeita feita por sotainas historiadoras e toca a meter mais imagens de enforcamentos, tiros na cabeça, na barriga, destruição e pilhagem de igrejas, e é ver as crianças extasiadas em ternura, nunca antes haviam tido oportunidade de ver as múltiplas formas de assassinato a sangue frio, glamorosa liberdade de informação invade a RTP após anos de censura a imagens chocantes, lapidações de mulheres e mutilações genitais nem às 5 da manhã à semana, emancipação em pleno horário nobre, nada melhor para abrir os olhinhos às crianças! Tão enganadinhas com desenhos animados andavam…
Dos testemunhos reais dos sobreviventes à brutalidade fascista ressaltavam os de vários anarquistas ateus russos (ou isto é de outro documentário?.. é mesmo…), ressaltavam os de vários cristãos que haviam sobrevivido à barbárie, ortodoxos aparecem pelo contexto como protegidos pelo Vaticano, embora inferiores claro, amores corriam que nem flatulências em dias de feijoada entre ortodoxos e as sotainas vaticanistas.
O papa de Hitler aparece em grandes saudações fascistas, condenando o fascismo vermelho e apoiando o fascismo nazi (não tenho a certeza, entraram anúncios antes da alusão ao nazismo, e continuaram, acho que o nazismo nunca existiu, é rasgar novamente os livros e praticar o desporto de tiro aos cd´s de documentários sobre as guerras mundiais).
No fim, a sensação enorme de ir até à Rússia, aqueles malvados e estranhos ateus despóticos e fascistas que tinham fé cega no comunismo e que idolatravam fotografias de um homem feio como um bode que fazia concursos com o Hitler (isto segundo a História que li recentemente, errada, tenho de ir às bibliotecas da Opus Dei pedir livros em condições), um dos quais o do bigode, qual deles conseguia ter o bigode mais fofinho, que matavam cristãos e destruíam igrejas e enforcavam e abatiam a tiro, e enforcavam (várias vezes mesmo, os espectadores podiam ter ido à casa de banho e não ter visto, ou na altura ter pestanejado, ou as crianças podiam ter passado pelas brasas temporariamente) e tiro na nádega e enforcamento e tiro na cabeça mas desta vez com a bala a entrar pela orelha.
Pelo meio andava o ícone de Kazan, beijos ao vidro em catadupa, ao fim do dia pouco se conseguia ver com tanta saliva lá colada. Tudo junto e temos o “documentário” mais esplendoroso da RTP, uma abordagem nunca antes feita à concretude das coisas nos regimes despóticos da ex-URSS, bailes do Sol numas azinheiras em Portugal associados ao fascismo comunista da URSS com ícones do Estalinismo e do Cristianismo.
Uma amálgama de crendices baseadas nas crendices de que uma crendice é mais verdadeira que outra crendice, e que a crendice de numa História alterada e mesclada com mais crendice é sinónimo de uma boa crendice. Se não compreenderam eu também não, mas é a fé que move a crendice, cristandade em orgasmo colectivo e parece que Portugal vai evangelizar a Rússia, pressupostos a ter em conta, Portugal é uma prostituta do Vaticano, e a Rússia é uma cambada de ateus maléficos cujo hobby é enforcar pessoas e tentar enfiar balázios no interstício anal dos cristãos, tudo o resto é paisagem.
Um documentário a ser visto, revisto e visto outra vez, a BBC e a National Geographic até se espumam de inveja pela qualidade dos documentários da Radiotelevisão dos cidadãos portugueses católicos.
Para finalizar, esperava ver finalmente a alusão ao ateísmo, mas o “documentário” acabou, deve ter sido por falta de tempo de antena. Entre os jogos entre fascismos ficou esquecida a Liberdade, pelo menos parece que a última grande e massiva manifestação pela Liberdade antes do fascismo soviético dos crentes comunistas fica nas páginas da História, sob autorização posterior do Vaticano e da Radiotelevisão dos portugueses católicos claro está!
O Ateísmo infelizmente sucumbiu e fracassou perante o Partido Comunista Russo em 1921, quando faleceu Piotr Kropotkine, o revolucionário que rejeitou o cargo de Ministro da Educação do governo provisório, que enfrentou Lenine e que lutou com todas as suas forças contra as forças revolucionárias que fizeram o que não deviam ter feito, que erradicaram todo o autoritarismo em prol de um novo autoritarismo, que substituiram a fé por uma nova fé, morte marcada pela última grande reunião massiva de anarquistas e a derradeira grande manifestação livre naquela que viria a ser então a União Soviética.
Os meus pêsames à RTP, a Aura Miguel, Eduardo Ricou, Camilo Azevedo e Alfred Schnittke pelo esterco televisivo que produziram, pelo sectarismo vesgo que tentaram induzir na população portuguesa, pela demagogia cega, pelo ódio à Liberdade e à sociedade inclusiva, racional e informada.
Ámen.
Dedico este artigo à memória do constantemente esquecido Kropotkine.
«Todo o Homem de coração pede à partida que o matem caso venha a converter-se alguma vez numa víbora, que lhe cravem o punhal no coração se em algum momento ele vier a tomar o lugar de um tirano destronado.»
«As concepções ingénuas vão desaparecendo. Mas, se é verdade que as velhas palavras desaparecem, a essência mantém-se sempre na mesma.»
Piotr Kropotkine: A Moral Anarquista – Edições Sílabo
Também publicado em LiVerdades
O cardeal Tarcisio Bertone aproveitou o 90.º aniversário do embuste católico contra a República para apelar à «rebelião» dos cristãos.
Apesar de o tema já ter sido tratado pelos meus companheiros, Ricardo Silvestre e Ricardo Carvalho, quero também deixar algumas considerações no Diário Ateísta.
O cardeal Tarcisio Bertone é o secretário de Estado do Vaticano, um feudo totalitário, governado por um autocrata sem pergaminhos democráticos nem o mais leve sentido de tolerância – Bento 16. No Vaticano, Bertone está para o Papa como no Irão Mahmoud Ahmadinejad está para o ayatollah Ali Khamenei. O primeiro é o presidente virtual mas este último é o líder espiritual e o verdadeiro detentor do poder.
Nas teocracias todos rastejam em torno do déspota divino como as moscas à volta do seu alimento preferido. Mas, se na ditadura das sotainas são permitidos os atropelos à liberdade e os actos ignaros dos seus dignitários, exige-se aos biltres que respeitem os países que os acolhem.
O cardeal Bertone, uma santa alimária, cheia de hóstias e de ódio, não pode incitar os peregrinos da nova casa de alterne da fé católica a rebelarem-se contra o laicismo que lhe permite grunhir insultos à democracia e exaltar os desvarios da vontade divina.
A ICAR suspende um padre por se declarar homossexual, num acto de coragem que faltou a vários Papas, e os prelados que apoiaram Franco, Hitler, Salazar e Mussolini foram abençoados e, alguns, (Escrivá, por exemplo) canonizados.
Bertone é um mero ventríloquo do déspota que usa as orelhas sob a tiara, mas não pode incitar à rebelião os cidadãos do país que quer reconduzir a protectorado do Vaticano.
O estímulo à rebelião, ao jeito da demência islâmica que os clérigos católicos apreciam, é um acto criminoso que cai sob a alçada do código penal e um acto de desrespeito pela Constituição do País que lhe permitiu ganir latim e latir ódio pio.
Seguindo o artigo do Ricardo Carvalho
O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, apelou hoje à «rebelião» dos cristãos face aos «senhores destes tempos» que exigem o silêncio dos cristãos «invocando imperativos de uma sociedade aberta»
Quem é que anda a exigir o silêncio dos cristãos? Onde acontece isso no mundo ocidental? Pelo contrário, cada vez mais os católicos têm oportunidades (e cobertura mediática a acompanhar) para emitirem os seus dislates.
Estamos perante é um apelo a uma «Jihad Católica». Claro que, tal como os Muçulmanos, não faltarão católicos que dirão que a expressão do cardeal está tirado do contexto, e que não significa literalmente «rebelião», que Bertone está a apelar a uma «luta» simbólica, que está a tentar promover diálogo e que a sua preocupação é a livre expressão dos católicos.
Mas as palavras não mentem, mesmo que sejam lapsos Freudianos: o que a Igreja Católica está preocupada (assim como a Islâmica) é nos «imperativos de sociedades abertas». Porque por eles, voltávamos ao obscurantismo da Idade Média, onde os «senhores desses tempos» eram eles, e só eles.
Verdadeiramente lamentável e preocupante.
Aparentemente a RTP foi comprada pelo Estado vaticanista, tal dedução pode ser avaliada pela programação dos seus canais de difusão televisiva, propagandística católica com tempos mortos, vulgos anúncios, dedicados às propagandas económicas. É completamente desaconselhável a sua visualização, especialmente por não-católicos, sectarismos exponenciados ao vómito, conversa da treta de seres superiores em poder e dinheiro, mas incrivelmente inferiores em raciocínio, literacia e cultura, visualização prolongada pode provocar graves reduções de consciência, insanidade extrema, quiçá visualizações do Sol a aterrar em azinheiras, irracionalidade temporária ou em exposições extremas definitiva.
Também publicado em LiVerdades
seguindo a linha de um post anterior, imaginemos que um skinhead italiano vem a portugal falar para um grupo numeroso de neo-fascistas. imaginemos ainda que, nessa sua intervenção, o skinhead italiano apela vigorosamente, ao vivo e a cores, à rebelião dos portugueses neo-fascistas em favor do racismo e da xenofobia, em clara e indiscutível violação da constituição nacional. não seria por demais evidente que a polícia deveria intervir imediatamente, instaurando um processo-crime ao skinhead italiano, e eventualmente levando-o a julgamento? e não ficaríamos todos chocados se nada acontecesse? pois então:
«Secretário de Estado do Vaticano apela à “rebelião” dos cristãos face ao laicismo
13.10.2007 – 12h29 Lusa (PÚBLICO.PT)
O cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, apelou hoje à “rebelião” dos cristãos face aos “senhores destes tempos” que exigem o silêncio dos cristãos “invocando imperativos de uma sociedade aberta” […]
[O] Cardeal Bertone afirmou que essa rebelião se justifica “face aos pretensos senhores destes tempos (acham-se no mundo da cultura e da arte, da economia e da política, da ciência e da informação) que exigem e estão prontos a comprar, se não mesmo a impor, o silêncio dos cristãos invocando imperativos de uma sociedade aberta” […]»
como pode este homem apelar à violação da constituição nacional, perante o presidente da república, o presidente da assembleia da república, e o ministro da presidência, e nada acontecer?
por favor, alguém chame a polícia!
e já agora uma pergunta aos nossos leitores cristãos e laicistas: o que pertendem fazer amanhã, domingo?, apoiar indirectamente o apelo ao terrorismo feito pelo senhor bertone, indo a uma igreja, ou fazer greve e não aparecer em igreja alguma até que seja demitido o “secretário de estado” em questão?
[Esquerda Republicana / Diário Ateísta]
Se um grupo se organizar para isolar as pessoas que «conversaram» com Júlio César, as mantiver incomunicáveis até à morte, e for revelando as «mensagens» de Júlio César, por exemplo «prevendo», em Outubro de 2001, a guerra do Afeganistão, ou apelando a que se usem togas romanas nos tribunais, o mais provável é esse grupo ser tratado como um bando de lunáticos ou charlatães.
Se esse grupo, chamemos-lhes os «cesaristas», comprar o terreno na Charneca da Caparica «visitado» por Júlio César, lá construir um templo, e recolher dinheiro das pessoas que lá vão prometendo-lhes vagamente que talvez se possam curar do cancro ou das micoses, é bem possível que sejam visitados pela ASAE e até talvez responsabilizados em tribunal pela fraude que organizaram.
Se mesmo assim alegarem que a crença na descida de Júlio César dá sentido à vida de algumas pessoas, e que por isso as vozes críticas se devem calar, serão tratados como oportunistas e hipócritas.
Se encorarajarem as pessoas que lá vão a flagelarem-se e a passarem fome, serão atacados pelos conservadores como uma seita perigosa que deve ser ostracizada, e que talvez devesse mesmo ser vigiada pela polícia.
Se afirmarem que as pessoas que vão ao terreno da Charneca da Caparica legitimam as ideias que os «cesaristas» têm sobre o casamento e a contracepção, ou ameaçarem que, se o Estado não lhes der dinheiro, incitarão as pessoas que lá vão a revoltar-se contra o Governo e os cidadãos que não acreditam na «aparição» de Júlio César, o escândalo será enorme.
Se a dimensão do movimento «cesarista» for grande, o normal será que os jornalistas investiguem, os media denunciem e os fazedores de opinião se indignem contra esta aldrabice organizada. Talvez até alguns políticos queiram dizer publicamente que enganar as pessoas para as manipular politicamente e ficar-lhes com o dinheiro é feio.
Todavia, se tudo isto se passar num contexto religioso católico, as consequências normais não se seguirão e a aldrabice ficará impune.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.