7 de Outubro, 2007 Carlos Esperança
E se Bin Laden consagrasse a Europa a Maomé?
Um bando de três dúzias de bispos e cardeais, a arrotar hóstias e latim, deliberaram consagrar a Europa à senhora de Fátima.
«Para quem não tem vergonha, todo o mundo é seu» – diz o adágio. E foi o que as santas cavalgaduras pensaram, lestos como cães a passar por vinha vindimada, tão convictos de que a Europa é uma coutada do Vaticano, que não se deram conta de que a Reforma subtraiu vários povos ao jugo selvagem do Papa.
Não é que a consagração da Europa à senhora de Fátima, qual mau-olhado, seja causa de desgraças, pestes e inundações, o que surpreende é a desfaçatez com que metem o báculo em terra alheia, agitam as mitras em países que desprezam a burla de Fátima e tomam por súbditos do Vaticano protestantes, ortodoxos, budistas, ateus e muçulmanos que vivem no espaço plural, tolerante e democrático da Europa.
Só há um bairro de má fama e pior frequência, infestado de sotainas, onde a democracia está excluída dos hábitos e os direitos humanos e o Estado de direito postergados. É o Vaticano, esse Estado que envergonha o Continente, o furúnculo criado por Mussolini cujas ideias habitam o coração do ditador vitalício que começou nas alfurjas do exército nazi e acabou a dirigir a sarjeta do catolicismo – Ratzinger.
A vocação totalitária destes terroristas da fé fica bem expressa no desprezo a que votam os que não acreditam na burla do seu Deus e os que acreditam em burlas diferentes.