Paixão de Cristo e o Anti-semitismo
O filme “Paixão de Cristo” de Mel Gibson é o mais polémico filme de sempre segundo a “Entertainment Weekly magazine” de Junho de 2006, e as razões para a polémica são mais que muitas. O filme nascido da fé católica extrema de Mel Gibson foca cerca de 2/3 do seu tempo na brutalidade e na violência, apelidado de “The Jesus Chainsaw Massacre” por David Edelstein da Slate Magazine. Mas a inflamação possível da religiosidade e do sectarismo advém do seu conteúdo explicitamente anti-semita, novamente se alude ao deicídio cometido pelos Judeus, para além dos estereótipos clássicos, um filme que nasce do mais puro ódio cego religioso.
Tudo se torna mais nítido quando se conhece o que ocorre por trás do filme, Mel Gibson define-se como intermediário do verdadeiro realizador da Paixão de Cristo, o Espírito Santo. O fanático católico, líder da sua própria seita sediada na Holy Family Chapel, é conhecido pelas suas declarações recorrentes de ódio vesgo, das suas contradições torrenciais, do seu ódio à homossexualidade e em muito especial, aos Judeus.
Em 2004, Frank Rich escreveu no The New York Times que o filme de Gibson podia inflamar o anti-semitismo, declarações às quais Mel Gibson responde com o seguinte: “Eu quero matá-lo. Eu quero os intestinos dele num pau. Quero matar o cão dele.”. Numa entrevista de 1995 à Playboy, Gibson fala sobre um autor Britânico que escreveu uma biografia sua: “Não acredito que deus o coloque no meu caminho, ele merece a morte.”, sendo seguidamente confrontado com os vários protestos respeitantes a declarações suas homofóbicas, às quais responde dizendo que: “Pedirei desculpas quando o Inferno congelar. Eles que se fodam.”.
O fanatismo de Gibson parece não conhecer limites, e os seus ódios surgem em catadupa, desde paranóias como “Fucking Jews!” como a declaração: “Os Judeus são os responsáveis por todas as guerras no Mundo.”, acusando-os também de tentarem culpar a Igreja Católica Romana pelo Holocausto.
Perante este conjunto de convicções bárbaras, fica a questão de como é possível metamorfoseá-las em cinema, para isso detém a sua própria empresa, a Icon Productions que detém laços com a Fox Filmed Entertainment. O anti-semitismo da Paixão de Cristo apenas ficaria perfeito com a inclusão da cena onde seria proferida por Caiaphas* a seguinte frase “His blood be on us, and on our children.”, a condenação de todos os Judeus e seus descendentes por deicídio, cena retirada por Mel Gibson apenas porque “se eu incluísse essa cena eles vinham a minha casa e matavam-me.”.
Links úteis:
Wikipédia: The Passion of Christ
About.com: Does Mel Gibson Profess Antisemitism?
USA Today: Gibson’s way with words
ABC News: Mel Gibson Addresses Accusations of Anti-Semitism
AlterNet: Where Mel Gibson Got His Anti-Semitism
WorldNetDaily: A passionate Mel Gibson strikes back against critics
Telegraph: Mel Gibson Christ film is branded anti-Jewish
New York Times: Gibson To Delete A Scene In “Passion”
SPLCenter: The New Crusaders
Também publicado em LiVerdades
*Erradamente havia referido anteriormente o nome Barabbas.