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Diálogo de religiões

O diálogo de religiões é uma impossibilidade teórica e prática. Pode – e deve – haver diálogo de culturas. Aliás, as culturas contaminam-se, no sentido sociológico, e acabam por ser a síntese de várias, o produto da convivência entre comunidades diversas, o resultado da assimilação mútua e recíproca dos usos e costumes de todas e cada uma.

O diálogo das religiões é diferente – uma utopia na melhor das hipóteses e, na pior, uma operação de marketing para facilitar o proselitismo e disfarçar o ódio à concorrência. A religião, qualquer que ela seja, considera-se a única que interpreta a vontade divina e, pior do que isso, exige que os outros se submetam à vontade do seu Deus.

Os homens estão condenados a entenderem-se, os deuses não podem fugir ao confronto. O boato de que os livros sagrados são a expressão da vontade divina, ditados por anjos ou intermediados por profetas transforma as mentiras em dogmas e as crises demenciais do seu Deus em mensagens a que os homens se devem submeter.

Quando um dignitário de uma Igreja fala em diálogo das religiões tem em vista aparecer aos olhos do mundo globalizado como o primeiro entre pares, o líder da unificação de todos os credos onde promete o Paraíso para todos e se prepara para combater os ateus.

Não há diálogo entre doutrinas totalitárias. Não é possível haver cedências em nome de Deus simplesmente porque este não existe e os que dizem representá-lo não sabem disso ou, sabendo, não querem prescindir dos privilégios do múnus ou do conforto do clã. Deus é o maior detonador do ódio que os homens inventaram. Tem os piores defeitos dos seus criadores e minguam-lhe as virtudes que a humanidade, na sua caminhada, foi adquirindo.

Não é por acaso que as sociedades secularizadas e os Estados laicos protegem direitos, liberdades e garantias, pugnam pela não discriminação em função da raça, sexo ou religião, em suma, são plurais, tolerantes e regidas pelo direito. Pelo contrário, as sociedades que se regem pelos livros sagrados são intolerantes, cruéis e misóginas, perpetuam os hábitos tribais e exercem a jurisprudência divina – um simulacro de justiça administrada pelos clérigos com a crueldade que só Deus pode.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

- Sócio da Associação 25 de Abril

- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida

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- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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