9-11, 6 anos depois
Faz 6 anos que os ataques de 11 de Setembro aconteceram. Homens crentes no seu propósito divino lançaram-se contra edifícios, naquele que é o país onde a separação entre Estado e religião é parte da sua Constituição. E não se lançaram como insectos contra uma janela, lançaram-se a
No Irão, pessoas com a mesma filosofia messiânica e de martírio procuram ter armas atómicas. Para fins pacíficos, dizem. Quando o líder desse país fala no retorno de uma figura tipo conto de fadas (o 12º Íman) causando conversões maciças ao Islão, da destruição dos poderes satânicos do Oeste, do apoio a um dos partidos de deus que destabilizam sistematicamente o Médio Oriente (como nos explica Christopher Hitchens), é racional duvidar das promessas de Ahmadinejad.
Judeus fanáticos insistem em ocupar terras que acham que lhes pertence porque assim foi ditado por uma personagem fictícia (o deus do primeiro testamento), e que assim minam os já fracos propósitos de entendimento por parte de Palestinos (também eles agarrados aos seus dogmas da impureza da religião judaica – dogma esse roubado sem pudor ao Catolicismo primitivo).
E, mas não terminando aqui, os cristãos do novo mundo, que almejam controlar os bastidores políticos e militares de Washington para impor a tão desejada nova ordem mundial a que já se referia o Bush Sr.
Apesar de não se poder (ainda) provar uma correlação entre o dogma religioso e o terrorismo, quando se equacionam todas as variáveis explicativas que são apresentadas pelos que tentam perceber este fenómeno: pobreza, perseguição, rejeição social, desespero de causa, no final, aquela que é a mais explicativa é a fé. Como nos diz Sam Harris, dos terroristas do 9-11 (e agora mais recentemente os de Londres e Glasgow) estamos a falar de pessoas formadas, educadas, provenientes de famílias abastadas e influentes. É a fé, e o que defende os seus dogmas, que os fazem matar indiscriminadamente os outros.
Nova York é, e recorrendo às palavras de João Pereira Coutinho, a mais gloriosa construção humana, produto de uma civilização cosmopolita, empreendedora e livre. É também um símbolo. Um símbolo de progresso de novas ideias, de debate civilizado, de um espírito científico de grande fôlego. Que assim seja, até ao dia em que o laicismo e a razão reine sobre a intolerância e o ódio religioso.